O céu nublado começava a ganhar tons escarlates, como se o próprio mundo compreendesse o que estava prestes a acontecer. Seraphina, agora com o anel de contenção retirado, avançava lentamente sobre o homem conhecido apenas como um assasino frio e sadico, que apenas ria enquanto torturava todas as suas vítimas.
Ele ainda tentava parecer no controle, com sua boca suja torcida num sorriso demente, como se achasse graça da mulher diante dele. "Eu vou adorar cortar você... bem... devagar, assim poderei aproveitar bem de seus gritos" ele disse, girando uma faca enferrujada entre os dedos. "Vou ver até onde você aguenta antes de implorar pela vida."
Seraphina não respondeu. Seus olhos, antes ofuscados pela culpa e confusão, agora ardiam com algo novo: clareza. Não era raiva descontrolada. Era um julgamento frio, calculado e merecido.
Kaine, observando de longe, percebeu a mudança e sentiu um calafrio. "Ela está bem séria agora em? Muito mais do que antes."
O solo ao redor dela rachava suavemente a cada passo. A pressão de sua EVP liberada tornava o ar denso, quase sufocante. O homem, que antes estava sorrindo, agora dava passos para trás, mesmo que seu ego se recusasse a aceitar o medo.
"Que porra de pressão e essa vindo dessa garotinha mediocre...?" murmurou ele, tentando esconder a tremedeira nas mãos. Seraphina então parou a poucos metros dele e falou calmamente: "Você... gosta de fazer os outros sofrerem, não é mesmo seu desgraçado?!"
O homem apenas responde com uma grande risada de lunático. "Hah... hahahaha! E você vai ser a próxima, queridinha!"
Seraphina levantou levemente uma das mãos. De seu corpo, fios de EVP negras e púrpuras se contorciam como serpentes em fúria. Quando ela estalou os dedos, o chão explodiu sob os pés do homem, jogando-o no ar com violência.
Ele tentou reagir, girando no ar para lançar uma onda de estilhaços com suas facas, mas Seraphina simplesmente desapareceu da visão e apareceu atrás dele, com um chute que o jogou como uma bala contra uma parede de concreto, esmagando ele completamente, seguindo de um grande grito de dor: "Aaaaaargh!!"
"Não. Você não entendeu." Ela avançou de novo, surgindo na frente dele antes mesmo que ele se erguesse. "Você não vai morrer agora. Eu vou te mostrar o que é fazer o seu inimigo implorar para permanecer vivo até o fim."
Ela começou a quebrar seus membros um a um, com precisão cirúrgica. O homem gritava, esperneava, implorava e chorava de dor. A cada vez que ele cuspia sangue ou tentava protestar, Seraphina aumentava levemente a intensidade.
Ela lembrava dos corpos das vítimas... da expressão da mulher que tentou fugir... e do riso do homem antes de capturá-la e torturar elas até não poder mais. Agora, era ele quem chorava. "Você se divertia com isso, não era?" disse ela, pressionando o joelho dele contra o chão até que o estalo seco ecoasse. "Gostava de ver o desespero nas suas vitimas, o terror...?!"
O homem então começava a gritar, implorando por sua vida, assim como suas vítimas que fez desde que começou essa vida de assasinatos "AAAH, P-POR FAVOR... PARA!!
"Eu estou sendo gentil. Porque diferente de você, eu não sou um monstro que faz esse tipo de coisas só por puro prazer!" Ela se ajoelhou, puxando seu rosto sujo e ensanguentado pra perto do dela. "E ainda assim... sou eu quem vai te matar." Seraphina então antes de o matar olhou para o céu, sentindo o vento roçar sua pele manchada de sangue. Em silêncio, ela pensou: “Ah! Então era isso...”
A pergunta de Elysian ecoou em sua mente: "Por quanto tempo você deixará suas emoções te dominarem?" E agora, ela tinha a resposta.
"Não se trata de suprimir as emoções... mas de guiá-las com propósito. Emoções são fraquezas apenas quando nos controlam. Mas quando nós as controlamos... elas se tornam nossa arma mais poderosa." Lentamente, ela olhou para o corpo quebrado do homem, ainda consciente. "E agora... acabou."
Ela pressionou a mão contra o peito dele, e com uma pulsação de EVP, desintegrou seu coração por dentro, sem sangue, sem glória, apenas um fim silencioso, brutal e impiedoso. O Assasino morreu bem ali, com os olhos arregalados e lágrimas secas.
Seraphina ficou ali em silêncio por alguns instantes. Depois, ela respirou bem fundo, recolocou o anel em seu dedo e sussurrou para si mesma: "Oblivion Sage... quando essa missão acabar... eu darei minha resposta."
E mesmo que o sangue ainda escorresse por seu braço, Seraphina sorriu, pela primeira vez em muito tempo um sorriso sereno... porém visivelmente era também muito doloroso.
Enquanto Seraphina se afastava do cadáver distorcido e inerte do homem que tinha acabado de matar sem mais nem menos, o chão sob seus pés tremeu levemente como se o campo inteiro sentisse que a 3ª fase havia sido concluída. Ela voltou a andar em direção ao ponto central, limpando o sangue das mãos com um pano rasgado da própria roupa, com o rosto frio e firme, ainda iluminado pelas palavras de Elysian e pela resposta que finalmente havia encontrado dentro de si.
Do outro lado, Kaine estava ajoelhado, segurando entre os dedos o Núcleo Azul-Celeste, ainda pulsando com uma energia mística fraca, sinalizando que a prova havia terminado. Ele olhou para Seraphina quando a viu se aproximar lentamente, exalando uma aura que o fazia franzir a testa.
"Você terminou com aquele pedaço de lixo?" perguntou ele, com um misto de respeito e inquietação.
"Fiz melhor, garanti que aquele merda sofresse até o final, e que morresse assim como suas vítimas." respondeu ela, sem hesitar, a frieza ainda presente em sua voz.
Kaine então com um sorriso no rosto assentiu. "Entendi, você é bem gentil em Eun-kyung? Não esperava que você perderia a cabeça daquele jeito antes."
Seraphina com um olhar sério sentindo que havia algo por trás das palavras de Kaine se manteve calada somente responde com frieza: "Eu ser uma pessoa gentil não importa, principalmente em situações como essa que ocorreu agora."
Mas antes que qualquer um dos dois pudesse dizer mais alguma coisa, o chão tremeu novamente, e um ruído mecânico ecoou pelo campo. Um dos paredões do terreno se abriu lentamente, como a engrenagem de um cofre ancestral. E dentro, o vazio. Um corredor negro se revelou, com apenas uma única luz prateada iluminando seu interior.
Todos os dez sobreviventes, apenas dez de mais de quarenta mil, se voltaram em direção à abertura com olhos arregalados. E então... ele surgiu.
Uma silhueta negra caminhava do interior da escuridão. Passos lentos, firmes, quase silenciosos. Quando finalmente emergiu da penumbra, revelou-se como um homem de aparência simples, vestindo um longo sobretudo escuro, com cabelos curtos negros e bagunçados, pele pálida e olhos prateados, profundos como um abismo espelhado. Não havia nenhum som ao seu redor. Até o vento pareceu parar de soprar.
Seraphina congelou. Ela o reconhecia. "Não pode ser... de todas as pessoas logo ele?" Ela pensou, sentindo um frio no estômago.
O mesmo homem que Elysian descreveu no relatório da missão que apareceu logo após a morte de Dante Vasquez, o agente oculto da Ordem de Érebo. Aquele ser que apareceu em forma espectral, observou... e simplesmente partiu. Só que agora... ele estava ali com seu corpo físico.
O homem se posicionou à frente dos sobreviventes e abriu um leve sorriso. "Parabéns. Vocês são os dez restantes... os sobreviventes do Julgamento das Sombras."
Sua voz era calma, grave, mas tinha algo de incorreto nela. Como se ele estivesse falando de dentro da cabeça dos presentes, e não com a boca. "Permitam que eu me apresente, meu nome é Specter. Sou atualmente o Sexto mais forte da Ordem de Érebo."
Os demais candidatos murmuraram em choque. Mesmo Kaine franziu os olhos com seriedade. Mas Seraphina... ela permaneceu completamente em silêncio. Seus sentidos estavam gritando. Algo naquele homem a perturbava em um nível que ela não compreendia. Não era apenas poder era como se ele pudesse vê-la, atravessar sua pele, e tocar sua alma. Como se já soubesse... quem ela era.
"Daqui três dias" continuou Specter "haverá uma celebração, um banquete como uma cerimônia oficial de entrada. A Ordem deseja receber vocês com as honras apropriadas. Afinal, todos vocês passaram por algo que pouquíssimos sobreviveram. Aproveitem. Descansem. Recuperem-se."
Ele então se virou de costas, pronto para partir, mas sua voz ecoou uma última vez, sem virar o rosto: "Ah... e lembrem-se de uma coisinha. A Ordem sempre observa. Mesmo quando vocês acham que estão sozinhos."
Seraphina sentiu a espinha gelar. Aquela frase não foi dita à toa. Não foi para todos. Foi para ela.
Ela o observou se afastar até que ele desaparecesse na escuridão da porta. E ali, sozinha, apertou o punho com força. O ar ao seu redor se distorceu por um segundo antes dela conter seu EVP novamente.
Kaine se aproximou de Seraphina percebendo sua cautela e perguntou baixo: "Você conhecia aquele cara Eun-kyung?"
"Não pessoalmente." Seraphina respondeu com um pouco de suor no rosto. "Mas ele me deu calafrios."
Kaine então assentiu. "Eu não confio nesse cara nem um pouco. Nem a Ordem, pra falar a verdade. Mas... se é isso que preciso enfrentar, que seja."
Seraphina ficou em silêncio. Ela sabia. Aquela sombra... Specter... não era só um membro forte da Ordem. Era uma variável. Uma ameaça real. Um observador silencioso. E talvez, só talvez... Já soubesse de tudo.