As aventuras do Superboy 6/30

O portal da estação dimensional zumbia com energia, um círculo de luz azul que parecia ondular como água. Jon segurava a esfera, agora brilhando com uma intensidade constante, enquanto Zynara ajustava as runas em um painel ao lado do arco. A caverna ao redor deles vibrava, os painéis kryptonianos nas paredes piscando em sincronia com o portal. Jon sentia o peso da responsabilidade crescendo — cada passo parecia levá-lo mais perto de Voryx, e a mensagem de Damian sobre a interferência nos satélites da Liga da Justiça não saía de sua cabeça.

"Coordenadas definidas," Zynara anunciou, limpando o suor da testa. "Isso deve nos levar à base que seu amigo mencionou. Mas portais dimensionais são instáveis. Se a esfera falhar, podemos acabar em qualquer lugar."

"Ótimo," Jon disse, com um sorriso forçado. "Porque eu sempre quis tirar férias no meio do nada cósmico."

Zynara lançou um olhar que misturava exasperação e diversão. "Você sempre faz piada em momentos assim?"

"É uma tradição de família," Jon respondeu, pensando em como Lois sempre usava humor para desarmar situações tensas. "Pronto?"

Ela assentiu, e eles atravessaram o portal juntos. A sensação foi como mergulhar em um rio gelado, o corpo de Jon sendo puxado e torcido por forças que ele não entendia. Ele segurou a esfera com firmeza, os dedos apertando o tecido da capa improvisada. Quando a luz clareou, ele caiu de joelhos em um chão metálico, o ar frio e estéril de uma instalação tecnológica substituindo o zumbido alienígena da estação.

Jon olhou ao redor. Eles estavam em uma câmara ampla, iluminada por luzes brancas embutidas nas paredes. Monitores exibiam mapas estelares e dados criptografados, e ao fundo, uma cápsula de contenção kryptoniana brilhava suavemente. Era uma base da Liga da Justiça, provavelmente uma das estações secretas que Batman mantinha para emergências. Mas algo estava errado — o lugar estava silencioso demais, e o ar cheirava a metal queimado.

Zynara se levantou, a lança em mãos, os olhos varrendo a câmara. "Isso não parece abandonado," ela disse, a voz baixa. "Mas também não parece... seguro."

Jon usou sua super-audição, tentando captar qualquer som. Nada. Nem o zumbido de máquinas, nem passos, nem mesmo o leve pulsar de energia que ele esperava de uma base ativa. "Damian disse que estaria aqui," ele murmurou, pegando o comunicador. A tela mostrava apenas estática, o que não era um bom sinal. "Talvez ele ainda não tenha chegado."

Antes que Zynara pudesse responder, um alarme estridente cortou o silêncio, e luzes vermelhas começaram a piscar. Uma voz robótica ecoou pelos alto-falantes: "Intrusos detectados. Protocolo de contenção ativado."

"Intrusos?" Jon exclamou, girando para Zynara. "Nós somos os mocinhos!"

"Não pro sistema de segurança," Zynara retrucou, apontando para o teto, onde painéis se abriram, revelando torres de defesa que começaram a carregar rajadas de energia.

Jon agiu por instinto, voando na frente de Zynara e bloqueando uma rajada com o corpo. A energia queimou sua pele, mas ele rangeu os dentes e disparou visão de calor, destruindo uma das torres. "Fica atrás de mim!" ele gritou, enquanto mais torres surgiam.

Zynara, porém, não era do tipo que ficava atrás. Ela girou a lança, desviando outra rajada, e saltou para um painel de controle na parede. "Se eu desativar o sistema, isso para!" ela gritou, começando a hackear as runas com uma velocidade impressionante.

Jon continuou desviando e destruindo torres, mas o sistema parecia se adaptar, disparando rajadas mais rápidas e precisas. Ele estava prestes a usar sua super-força para arrancar o teto quando uma figura surgiu na entrada da câmara, movendo-se como uma sombra. Um batarangue voou pelo ar, acertando o painel principal das torres, que explodiu em faíscas. O alarme silenciou, e as luzes vermelhas apagaram.

Jon pousou, ofegante, e sorriu ao ver quem estava ali. "Damian! Sabia que você ia aparecer com estilo."

Damian Wayne, vestido como Robin, cruzou os braços, a capa verde esvoaçante. "Você tem sorte que eu estava por perto, Kent. Mais cinco segundos, e você seria um kebab kryptoniano." Ele olhou para Zynara, que ainda segurava a lança, e ergueu uma sobrancelha. "E quem é a cosplayer alienígena?"

"Zynara," ela respondeu, com um tom que deixava claro que não gostava do sarcasmo. "E você deve ser o 'complicado' que Jon mencionou."

Damian bufou. "Encantador. Agora, me digam por que estou arriscando minha reputação pra salvar vocês de uma base que deveria estar desativada."

Jon entregou a esfera a Damian, explicando rapidamente o que acontecera: o artefato, Xorath, Voryx, e a necessidade de consertar a esfera para reforçar o selo. Damian ouviu em silêncio, examinando a esfera com um dispositivo portátil que parecia saído direto da Batcaverna.

"Você realmente sabe escolher suas encrencas, Kent," Damian disse, por fim. "Essa coisa é um Nó Dimensional, como eu suspeitava. Tecnologia kryptoniana de nível omega, usada pra criar barreiras entre realidades. Mas tá danificada, e alguém — ou algo — sabotou esta base antes de vocês chegarem."

"Sabotou?" Zynara perguntou, franzindo o cenho. "Como?"

Damian apontou para os monitores, que agora mostravam imagens de câmeras de segurança. Nelas, figuras sombrias — drones como os que Jon enfrentara em Xorath — destruíam equipamentos e desapareciam em portais vermelhos. "Voryx já tem agentes na Terra," Damian disse, sério. "Eles sabiam que vocês viriam pra cá."

Jon sentiu um aperto no peito. "Então ele tá um passo à frente. Como consertamos a esfera agora?"

Damian digitou algo em seu dispositivo, projetando um holograma de um esquema técnico. "Esta base tem um estabilizador kryptoniano, mas precisa de uma fonte de energia externa. A esfera tem energia suficiente, mas alguém precisa canalizá-la manualmente. E, antes que você pergunte, sim, é perigoso."

"Eu faço," Zynara disse, sem hesitar. "Eu sei como manipular energia dimensional. Minha família era treinada pra isso."

Jon a encarou, preocupado. "Você disse que usar sua energia em Xorath quase te matou. Não vou deixar você se arriscar de novo."

Zynara cruzou os braços, seus olhos desafiadores. "Não é sua escolha, Jon. Eu vim pra parar Voryx, mesmo que custe tudo. Você não entende isso?"

"Eu entendo," Jon retrucou, a voz mais firme. "Mas também sei que não vou deixar você morrer por isso. Vamos encontrar outro jeito."

Damian revirou os olhos. "Enquanto vocês discutem sentimentos, Voryx tá provavelmente rindo da nossa cara. Temos um estabilizador, uma esfera, e três pessoas que podem fazer isso funcionar. Então, ou decidimos agora, ou eu mesmo vou explodir essa base pra garantir que Voryx não ponha as mãos nela."

Jon olhou entre Zynara e Damian, sentindo o peso da decisão. Ele pensou em seu pai, em como Clark sempre encontrava uma forma de salvar todos. Mas ele não era Superman. Ele era Jon Kent, e precisava confiar em seus amigos — e em si mesmo.

"Tá bom," ele disse, por fim. "Zyn, você guia o processo. Damian, você monitora a tecnologia. E eu... eu mantenho a gente vivo se mais drones aparecerem. Combinado?"

Zynara assentiu, relutante, mas com um brilho de respeito nos olhos. Damian apenas grunhiu, já se dirigindo ao estabilizador. "Não morra, Kent. Minha reputação não aguenta perder outro parceiro."

Enquanto eles se preparavam, Jon olhou para a esfera, sentindo seu calor através da bolsa. Voryx estava lá fora, e ele sabia que isso era só o começo. Mas, com Damian e Zynara ao seu lado, ele sentia algo que não sentia desde que tocara o artefato: esperança.