A figura de Superman
O templo tremia como se o próprio Xorath estivesse rugindo de raiva. Jon e Zynara corriam pelos corredores, o cristal negro rachando sob seus pés. A esfera, agora brilhando com uma luz azul estável, estava segura na bolsa de Jon, mas cada pulso de energia parecia ecoar a voz de Voryx, que ainda ressoava em sua mente: “Sua força é sua fraqueza.” Ele tentou afastar o medo, mas a ideia de que Voryx o conhecia — sabia quem ele era — o fazia sentir um vazio no estômago.
Zynara liderava, sua lança iluminando o caminho com faíscas de energia. "O portal de saída está próximo," ela gritou, desviando de uma estalactite que caiu do teto. "Mas o templo está colapsando. Temos que ser rápidos!"
Jon voava logo atrás, usando sua visão de raio-X para antecipar rachaduras no caminho. "Por que esse lugar tá desmoronando agora? Não era pra ser uma prisão super-resistente?"
"Voryx," Zynara respondeu, ofegante. "Ele está reagindo à esfera. Quanto mais forte ela fica, mais ele luta para se libertar. Esse colapso é a prova de que ele está acordado."
Jon engoliu em seco. Ele queria perguntar o que isso significava, mas o corredor terminou em uma câmara circular, onde um arco de pedra flutuava no centro, coberto de runas kryptonianas. Era o portal. Mas havia um problema: uma barreira de energia vermelha, pulsando com o mesmo símbolo espinhoso que assombrava os pesadelos de Jon, bloqueava a passagem.
"Ótimo," Jon murmurou, parando ao lado de Zynara. "Outra armadilha?"
"Não uma armadilha," Zynara disse, examinando a barreira. "Uma trava. Só alguém com sangue kryptoniano pode desativá-la. Você precisa tocar as runas na sequência certa."
Jon olhou para o arco, as runas brilhando em um padrão que parecia familiar, mas confuso. "Meu pai me ensinou um pouco de kryptoniano, mas isso parece... mais velho. Como se fosse um dialeto."
Zynara assentiu, sua expressão tensa. "É. As runas são de uma era anterior ao Conselho de Krypton. Você vai ter que confiar nos seus instintos."
Jon hesitou. Ele pensou em Clark, em como seu pai sempre parecia saber exatamente o que fazer, mesmo nas piores situações. Superman era uma lenda, um símbolo de esperança que nunca vacilava. Mas Jon? Ele era só um garoto de Smallville, com poderes que às vezes pareciam grandes demais para ele. E se ele escolhesse a runa errada? E se isso libertasse Voryx?
"Jon," Zynara disse, sua voz cortando seus pensamentos. Ela colocou a mão no ombro dele, um gesto inesperado que o fez olhar para ela. "Você não está sozinho nisso. Eu sei o que é carregar um peso que parece grande demais. Mas você chegou até aqui. Você pode fazer isso."
Ele olhou nos olhos dela, vendo uma determinação que o fez respirar fundo. "Tá bom," ele disse, com um leve sorriso. "Mas, se eu explodir tudo, a culpa é sua por confiar em mim."
Ela revirou os olhos, mas havia um brilho de humor em seu rosto. "Eu assumo o risco."
Jon se aproximou do arco, as runas pulsando como se respondessem à sua presença. Ele fechou os olhos, tentando lembrar das lições de Clark sobre a língua kryptoniana. Palavras antigas ecoaram em sua mente — esperança, força, unidade. Ele estendeu a mão, tocando a primeira runa. Ela brilhou, e a barreira tremeu. Ele tocou a segunda, depois a terceira, guiado por um instinto que parecia vir de algo mais profundo que memória.
Quando a última runa acendeu, a barreira vermelha se dissolveu com um som como vidro quebrando. O portal se ativou, revelando um vortex de luz azul. Mas antes que Jon pudesse comemorar, o templo deu um solavanco violento, e uma rachadura se abriu no chão, liberando uma onda de energia que os jogou para trás.
"Agora!" Zynara gritou, puxando Jon pelo braço.
Eles mergulharam no portal, o mundo girando em um borrão de cores. Jon sentiu como se seu corpo estivesse sendo esticado e comprimido ao mesmo tempo, até que, com um impacto, ele caiu em um chão frio e metálico. Ele piscou, ajustando os olhos à luz fraca. Eles estavam em uma caverna, mas não a mesma onde ele encontrara a esfera. Esta era maior, com paredes cobertas de tecnologia antiga — painéis kryptonianos, mas também algo mais, algo que parecia pulsar com vida.
Zynara se levantou, verificando a esfera. "Funcionou," ela disse, aliviada. "Estamos fora de Xorath. Mas não estamos na sua Terra. Este é um ponto de transição, uma estação entre dimensões."
Jon se levantou, esfregando a cabeça. "Então, ainda não tá na hora de pedir uma pizza?"
Ela o ignorou, mas um canto de sua boca se curvou. Ele pegou o comunicador, esperando uma nova mensagem de Damian. A tela piscava com uma atualização: “Nó Dimensional confirmado. Tecnologia kryptoniana, nível de contenção omega. Encontrei uma base da Liga com tech compatível. Coordenadas enviadas. E, sério, PARA de tocar em coisas brilhantes.”
Jon riu, mostrando a mensagem para Zynara. "Ele tá bravo, mas já tem um plano. Tem uma base da Liga da Justiça que pode nos ajudar a consertar a esfera de vez."
Zynara franziu o cenho. "Liga da Justiça? Seus heróis são confiáveis?"
"Mais ou menos," Jon disse, com um tom brincalhão. "Mas meu pai é um deles, então acho que temos uma chance."
Ela pareceu surpresa. "Seu pai é um herói?"
"É," Jon disse, o tom mais suave. "Ele é o Superman. O maior de todos. E eu... eu só tô tentando não decepcionar ele."
Zynara o encarou, como se visse algo novo nele. "Você carrega o peso de um nome grande," ela disse. "Eu sei como é. Minha família era... importante, antes de tudo desmoronar. Mas você não precisa ser seu pai, Jon. Você já é suficiente."
Jon sentiu um calor no peito, mas antes que pudesse responder, o comunicador vibrou novamente. Outra mensagem de Damian: “Se você tá lendo isso, ainda tá vivo. Parabéns. Mas se apresse. Algo tá interferindo nos satélites da Liga. Parece que seu amiguinho Voryx tá mexendo os pauzinhos.”
Jon olhou para Zynara, a determinação voltando. "Então Voryx já tá agindo na minha Terra. Temos que ir pra essa base agora."
Ela assentiu, segurando a esfera com firmeza. "O portal desta estação pode nos levar até lá. Mas, Jon, se Voryx está ativo, ele vai tentar te alcançar. Você é a chave, lembra?"
"Eu sei," Jon disse, os punhos cerrando. "Mas, se ele quer brincar, vai descobrir que o Superboy não foge de uma luta."
Enquanto eles se dirigiam ao portal da estação, Jon pensou em Clark, em Lois, em Smallville. Ele não era o Superman, e talvez nunca seria. Mas, pela primeira vez, ele começou a acreditar que poderia ser algo mais — algo seu.