As aventuras do Superboy 8/30

O céu noturno de Smallville era um manto de estrelas, quebrado apenas pelo rastro de luz que Jon deixava enquanto voava, carregando Zynara em seus braços. Ela estava inconsciente, o rosto pálido como a lua, a respiração tão fraca que Jon verificava a cada poucos segundos se ela ainda estava viva. Damian seguia logo atrás, segurando a esfera recalibrada e pilotando um mini-jato da Batcaverna que ele “pegara emprestado” sem avisar Batman. O zumbido do motor era o único som além do vento, mas Jon mal o notava. Sua mente estava em Zynara — e no peso do que ela sacrificara para consertar a esfera.

"Você tá voando torto, Kent," Damian gritou pelo comunicador embutido em seu capuz. "Se derrubar a alienígena, não vou limpar a bagunça."

"Não ajuda, Damian," Jon retrucou, a voz tensa. "Só... me diz que a esfera tá segura."

Damian ergueu o artefato, que brilhava com uma luz azul constante. "Segura e brilhando como um farol de esperança kryptoniano. Agora foca em não colidir com uma árvore."

Jon ignorou o sarcasmo, ajustando o curso para a fazenda dos Kent. As luzes da casa já eram visíveis, um farol de normalidade em meio ao caos. Ele aterrissou suavemente no quintal, tomando cuidado para não sacudir Zynara. Damian pousou o jato em um campo próximo, camuflando-o com um toque no painel. "Se seu pai perguntar, isso nunca esteve aqui," ele murmurou, juntando-se a Jon.

A porta da casa se abriu antes que Jon pudesse bater, e Lois Lane apareceu, ainda vestindo um avental manchado de farinha, os olhos arregalados ao ver o estado deles. "Jon! O que aconteceu? E quem é..." Ela parou, notando Zynara nos braços do filho. "Meu Deus, ela tá machucada. Tragam-na pra dentro, agora."

Jon entrou, seguido por Damian, que parecia desconfortável no ambiente acolhedor da casa. Lois guiou-os até o sofá da sala, onde Jon deitou Zynara com cuidado. Ela pegou um kit de primeiros socorros no armário, movendo-se com a eficiência de alguém que já lidara com crises demais. "Fale," Lois disse, enquanto verificava o pulso de Zynara. "O que tá acontecendo, Jon? E por que você parece que enfrentou um exército?"

Jon respirou fundo, tentando organizar os pensamentos. Ele contou tudo: o sinal, a esfera, Xorath, Voryx, e o sacrifício de Zynara para recalibrar o artefato. Damian completava com detalhes técnicos, segurando a esfera como se fosse uma bomba-relógio. Lois ouviu em silêncio, aplicando uma compressa fria na testa de Zynara, mas seus olhos estavam afiados, captando cada palavra.

Quando Jon terminou, Lois se levantou, cruzando os braços. "Então, você encontrou um artefato kryptoniano, foi sugado pra outra dimensão, fez amizade com uma guerreira misteriosa, e agora tá sendo caçado por um monstro que devora mundos. Isso resume?"

Jon esfregou a nuca, envergonhado. "Mais ou menos."

Lois suspirou, mas havia um brilho de orgulho em seus olhos. "Você é igualzinho ao seu pai. Sempre correndo atrás de problemas maiores que você." Ela olhou para Zynara, que começava a mexer os dedos, um sinal de que estava voltando a si. "Ela precisa de descanso e cuidados. Mas, Jon, você precisa me prometer uma coisa: nada de decisões impulsivas sem me contar. Entendido?"

"Prometo, mãe," Jon disse, embora soubesse que era uma promessa difícil de cumprir.

Damian pigarreou, claramente desconfortável com a cena familiar. "Sem querer interromper o momento de união, mas temos um problema maior. Voryx já tem agentes na Terra. Eles sabotaram a base da Liga, e meus sensores detectaram anomalias em Metrópolis. Ele tá se movendo."

Lois franziu o cenho. "Metrópolis? Clark tá lá agora, lidando com uma crise de energia na cidade. Se Voryx tá envolvido, ele precisa saber."

Como se respondesse a um chamado, a porta dos fundos se abriu, e Clark Kent entrou, ainda com o uniforme de Superman, a capa esvoaçante. Seus olhos passaram de Jon para Zynara, depois para Damian e a esfera, absorvendo a situação em segundos. "Jon, o que tá acontecendo?" ele perguntou, a voz calma, mas com um tom que exigia respostas.

Jon repetiu a história, com Damian interrompendo para corrigir detalhes técnicos. Clark ouviu, segurando a esfera com cuidado, seus olhos analisando as runas com uma familiaridade que Jon invejava. Quando terminaram, Clark olhou para Zynara, agora semi-acordada, murmurando algo incoerente.

"Esse símbolo," Clark disse, apontando para a cruz espinhosa na armadura dela, "é um aviso kryptoniano antigo. Não é só sobre contenção — é sobre sacrifício. Quem criou o selo de Voryx sabia que ele só poderia ser mantido com um custo alto. E, pelo que você disse, Zynara já pagou parte disso."

Jon sentiu um aperto no peito. "Pai, ela não pode fazer isso de novo. Tem que haver outro jeito."

Clark colocou a mão no ombro do filho, um gesto que sempre o acalmava. "Vamos encontrar um jeito, Jon. Mas, primeiro, precisamos entender o que Voryx está planejando. Se ele já tem agentes na Terra, Metrópolis pode ser o próximo alvo."

Zynara abriu os olhos, fraca, mas consciente. "Ele quer Jon," ela murmurou, a voz rouca. "O sangue dele... kryptoniano e humano... é a chave pra quebrar o selo. Vocês precisam protegê-lo."

Lois se ajoelhou ao lado dela, segurando sua mão. "Ninguém vai machucar meu filho enquanto eu estiver aqui," ela disse, com uma firmeza que fez até Damian erguer uma sobrancelha. "E você, Zynara, precisa descansar. Você fez o suficiente por agora."

Clark olhou para a esfera, depois para Jon. "Vou analisar isso na Fortaleza da Solidão. Jon, Damian, fiquem aqui com sua mãe e Zynara. Se Voryx está em Metrópolis, eu cuido disso."

"Não," Jon disse, surpreendendo a todos, inclusive a si mesmo. "Pai, eu causei isso. Eu toquei a esfera, eu trouxe Voryx pra cá. Não vou ficar aqui enquanto você enfrenta ele sozinho."

Clark o encarou, e por um momento, Jon viu não o Superman, mas seu pai — orgulhoso, mas preocupado. "Você não causou isso, Jon. Você está tentando consertar. Mas, se quer liderar essa luta, precisa estar pronto para o que vem. Voryx não é como os vilões que você já enfrentou."

"Eu sei," Jon disse, os punhos cerrados. "Mas eu sou o Superboy. E vou fazer o que for preciso."

Lois trocou um olhar com Clark, um entendimento silencioso passando entre eles. "Tá bom," ela disse, por fim. "Mas você não vai sozinho. Damian, Zynara, vocês ficam com ele. E, Clark, traga reforços da Liga se precisar."

Zynara tentou se levantar, mas Lois a segurou. "Você fica aqui até estar forte o suficiente," Lois ordenou, com um tom que não aceitava discussão.

Damian bufou. "Eu não assinei pra ser babá, mas tá bom. Vamos, Kent. Vamos salvar o mundo antes do café da manhã."

Jon olhou para sua família, para Zynara, para Damian. Ele não era Superman, mas tinha algo que Voryx nunca entenderia: pessoas que acreditavam nele. E isso, ele decidiu, seria sua maior força.