O mini-jato de Damian cortava o céu noturno, o ronco abafado dos motores misturando-se ao zumbido da esfera que Jon segurava com firmeza. Eles seguiam as coordenadas enviadas por Clark, que detectara um sinal dimensional instável na costa oeste, perto de uma antiga instalação da Liga da Justiça. Jon olhava pela janela, a mente dividida entre a promessa que fizera a Zynara de não enfrentar Voryx sozinho e a crescente sensação de que o tempo estava se esgotando.
"Você tá quieto demais, Kent," Damian disse, sem tirar os olhos dos controles. "Se tá planejando um discurso heroico, economize. Preciso da sua cabeça no jogo, não nas nuvens."
Jon deu um meio-sorriso. "Só pensando. Voryx sabe que sou a chave, e agora ele tá mexendo com a Terra. E se eu não for rápido o suficiente? E se—"
"Para," Damian cortou, o tom afiado. "Você não é o único herói aqui. Eu, seu pai, até a alienígena — todos nós estamos nisso. Então, menos autocomiseração e mais foco. Temos um sinal pra rastrear."
Jon assentiu, grato pela franqueza de Damian, mesmo que doesse. Ele ajustou a esfera na bolsa improvisada, sentindo seu calor pulsar contra a capa. "Tá bom. O que os sensores tão dizendo?"
Damian verificou o painel do jato. "O sinal tá mais forte, mas não é como os portais de Voryx. É... cronológico. Como se viesse de outra linha temporal. Pode ser uma armadilha, ou algo que a Liga não catalogou."
Antes que Jon pudesse perguntar mais, o jato foi atingido por uma onda de energia, fazendo-o sacudir violentamente. Alarmes dispararam, e Damian lutou para estabilizar os controles. "Segura firme!" ele gritou, enquanto uma luz branca engolia o jato.
Quando a luz se dissipou, Jon e Damian estavam em um lugar completamente diferente. O jato havia desaparecido, e eles estavam em uma plataforma flutuante, cercada por um céu estrelado que parecia infinito. Torres de cristal e metal erguiam-se ao longe, conectadas por pontes de energia. Era uma cidade futurista, vibrante e alienígena, mas com algo familiar — como se Metrópolis tivesse sido reimaginada por um sonho.
"Onde diabos estamos?" Damian murmurou, puxando um batarangue por instinto.
Jon usou sua super-audição, captando vozes distantes, risadas, o som de tecnologia avançada. "Não sei, mas não parece hostil. Pelo menos, ainda não."
Uma figura se aproximou, flutuando a poucos metros do chão. Era uma jovem com cabelo loiro curto, vestindo um uniforme roxo e branco, com um símbolo de anel planetário no peito. "Jon Kent, Damian Wayne," ela disse, com um sorriso caloroso. "Bem-vindos ao século 31. Eu sou Imra Ardeen, também conhecida como Saturn Girl. A Legião dos Super-Heróis estava esperando vocês."
Jon piscou, confuso. "Legião dos Super-Heróis? Século 31? Como você sabe quem somos?"
Saturn Girl pousou suavemente, seus olhos brilhando com uma energia sutil. "Somos uma equipe inspirada nos heróis do seu tempo, especialmente o Superman. Monitoramos o multiverso, e o sinal da sua esfera nos trouxe até vocês. Voryx é uma ameaça que já enfrentamos em outras linhas temporais, e vocês estão no centro disso."
Damian cruzou os braços, desconfiado. "Conveniente. E por que exatamente devemos confiar em você?"
Antes que Saturn Girl pudesse responder, duas outras figuras apareceram. Um jovem com cabelo azul e óculos tecnológicos — Brainiac 5 — e uma garota com pele dourada e asas translúcidas — Dawnstar. "Porque, Robin, já salvamos o multiverso antes," Brainiac 5 disse, ajustando os óculos. "E, francamente, vocês precisam de ajuda. Essa esfera é um Nó Dimensional, e está atraindo Voryx como um farol."
Jon segurou a esfera com mais força. "Então vocês sabem como parar Voryx? Porque ele tá atrás de mim, e minha Terra tá em perigo."
Dawnstar assentiu, suas asas brilhando sob a luz estelar. "Voryx é um parasita dimensional. Ele usa chaves — como você, Jon — para romper selos entre realidades. A Legião pode ajudar a reforçar o selo, mas precisamos treinar você para controlar sua energia kryptoniana-humana. É a única forma de ativar a esfera sem se destruir."
Jon trocou um olhar com Damian, que parecia menos convencido. "Treinar?" Damian perguntou, sarcástico. "E quanto tempo isso vai levar? Porque, enquanto estamos brincando de escola de super-heróis, Voryx tá destruindo nosso presente."
Saturn Girl ergueu a mão, calma. "O tempo é flexível aqui. Podemos acelerar seu treinamento com tecnologia do século 31. Mas, Jon, você precisa decidir se está pronto. Ativar o selo pode exigir tudo de você."
Jon sentiu um peso no peito. Ele pensou em Zynara, exausta em Smallville, em seus pais, na promessa de proteger a Terra. "Eu não tenho escolha," ele disse, a voz firme. "Se sou a chave, vou fazer o que for preciso. Mas Damian vem comigo. Somos um time."
Damian bufou, mas havia um brilho de aprovação em seus olhos. "Alguém tem que garantir que você não faça algo estúpido, Kent."
Brainiac 5 sorriu, digitando em um dispositivo flutuante. "Excelente. Vamos começar. Mas estejam avisados: Voryx já sabe que vocês estão aqui. Ele vai tentar interferir."
Como se respondesse às palavras, um alarme soou na plataforma, e o céu estrelado escureceu, tingido de vermelho. Um portal familiar, pulsando com o símbolo espinhoso, abriu-se ao longe. Drones começaram a emergir, seus olhos mecânicos fixos em Jon.
"Já?" Jon exclamou, preparando-se para lutar. "Não dá pra ter cinco minutos de paz?"
Saturn Girl ergueu as mãos, uma onda de energia psíquica afastando os primeiros drones. "Vocês dois, sigam Brainiac 5 para o centro de treinamento! Dawnstar e eu seguramos eles!"
Damian puxou dois batarangues, mas Jon o segurou pelo braço. "Ela tá certa. Vamos treinar, Damian. Quanto mais rápido eu aprender, mais rápido paramos Voryx."
Damian resmungou, mas correu com Jon, seguindo Brainiac 5 por uma ponte de energia. Os sons da batalha ecoavam atrás deles, enquanto o portal vermelho crescia, a presença de Voryx se aproximando como uma tempestade. Jon segurava a esfera, sentindo seu calor, e sabia que o treinamento seria mais do que um teste de força — seria um teste de quem ele realmente era.