As aventuras do Superboy 10/30

O amanhecer em Smallville trazia uma calma que contrastava com o caos da noite anterior em Metrópolis. Jon estava sentado na varanda da fazenda dos Kent, a esfera recalibrada descansando em seu colo, sua luz azul pulsando suavemente. Ele ainda podia ouvir a voz de Voryx ecoando em sua mente — “Você é meu, e a Terra será minha.” A ameaça pairava como uma sombra, mas o que mais pesava era Zynara, agora descansando no quarto de hóspedes, exausta após quase se sacrificar novamente. Jon sentia uma mistura de alívio por ela estar viva e culpa por não ter encontrado uma forma de protegê-la.

A porta da varanda rangeu, e Damian saiu, segurando uma caneca de café que claramente roubara da cozinha de Lois. Ele se encostou no corrimão, o capuz de Robin abaixado, revelando o cabelo bagunçado e uma expressão de quem não dormira. "Você tá com cara de quem vai salvar o mundo ou chorar tentando, Kent," ele disse, tomando um gole. "Qual é?"

Jon suspirou, olhando para a esfera. "Eu causei isso, Damian. Toquei a esfera, trouxe Voryx pra cá. E agora Zyn tá quase morrendo toda vez que tentamos consertar as coisas. Como eu lido com isso?"

Damian bufou, mas seu tom era menos cortante que o usual. "Você não causou nada. Voryx já tava planejando isso, e a esfera só acelerou as coisas. Quanto à alienígena, ela escolheu lutar. Pare de carregar o peso do universo nos ombros. Você não é seu pai."

Jon olhou para ele, surpreso com a quase-empatia. "Você tá sendo... legal?"

"Não se acostume," Damian retrucou, apontando a caneca para ele. "Mas, sério, temos um problema maior. Meus sensores captaram resíduos dimensionais em Metrópolis mesmo depois que o portal fechou. Voryx tá testando defesas, e ele sabe que você é a chave. Precisamos decidir nosso próximo passo antes que ele ataque de novo."

Antes que Jon pudesse responder, Lois apareceu na porta, com Clark ao seu lado. Superman estava sem a capa, vestindo uma camisa xadrez que o fazia parecer mais um fazendeiro do que o maior herói do mundo. Mas seus olhos carregavam a gravidade de quem já enfrentara ameaças cósmicas. "Jon, Damian," Clark disse, com um aceno. "Zynara está acordada. Ela quer falar com vocês."

Jon se levantou, a esfera em mãos, e seguiu os pais até o quarto de hóspedes. Zynara estava sentada na cama, ainda pálida, mas com uma determinação feroz nos olhos. Lois havia improvisado um curativo para o corte em seu braço, e uma xícara de chá fumegava na mesinha ao lado. "Você parece melhor," Jon disse, tentando soar otimista.

"Já estive pior," Zynara respondeu, com um sorriso fraco. "Mas não temos tempo pra descansar. Voryx não vai parar. Ele vai tentar abrir outro portal, e agora que a esfera está recalibrada, ele vai querer destruí-la — ou usá-la."

Clark cruzou os braços, analisando a esfera que Jon segurava. "Eu confirmei na Fortaleza da Solidão: o Nó Dimensional é a única coisa que pode reforçar o selo de Voryx. Mas ele só pode ser ativado por alguém com sangue kryptoniano e humano. Jon, isso significa você."

Jon engoliu em seco. Ele sabia que era a chave, mas ouvir isso de seu pai tornava tudo mais real. "Então, o que eu faço? Só... coloco a esfera em algum lugar e espero que funcione?"

Zynara balançou a cabeça. "Não é tão simples. O selo está em Xorath, onde Voryx está preso. Precisamos voltar lá, encontrar o Núcleo Primário, e você precisa canalizar sua energia vital pra ativar o selo. Mas, Jon..." Ela hesitou, os olhos baixando. "Fazer isso pode te matar."

O quarto ficou em silêncio. Lois deu um passo à frente, a expressão endurecendo. "Ninguém vai morrer aqui," ela disse, com uma convicção que fez até Clark olhar para ela. "Vamos encontrar outra forma. Clark, você já enfrentou coisas assim. Tem que haver um jeito."

Clark assentiu, mas sua expressão era sombria. "Talvez. A Fortaleza tem registros de tecnologias kryptonianas que podem amplificar a esfera sem exigir um sacrifício. Mas vai levar tempo pra analisar, e Voryx não vai esperar."

Damian, que até então estava quieto, falou: "Então dividimos forças. Eu e Kent vamos atrás do próximo movimento de Voryx enquanto você, Superman, fuça seus arquivos kryptonianos. A alienígena pode coordenar com Lois, já que ela tá meio morta pra lutar agora."

"Eu não estou morta," Zynara retrucou, tentando se levantar, mas Lois a segurou gentilmente.

"Você fica aqui," Lois disse, com um tom que não admitia discussão. "E, Damian, para de chamar ela de alienígena. Ela tem um nome."

Damian revirou os olhos, mas não discutiu. Jon olhou para Zynara, sentindo um aperto no coração. "Zyn, você já fez demais. Fica com a minha mãe. Ela é mais durona do que parece."

Lois deu um tapinha leve no ombro dele. "Mais durona do que você pensa, garoto."

Zynara hesitou, mas assentiu. "Tá bom. Mas, Jon, prometa que não vai enfrentar Voryx sozinho. Ele é mais perigoso do que você imagina."

"Prometo," Jon disse, embora soubesse que promessas assim eram difíceis de cumprir.

Clark colocou a mão no ombro de Jon. "Vou pra Fortaleza agora. Se Voryx atacar, a Liga está pronta pra ajudar. Mas, Jon, confie nos seus instintos. Você é mais forte do que pensa."

Jon olhou para sua família, para Damian, para Zynara. Ele sentia o peso da escolha diante dele — voltar a Xorath, arriscar sua vida, ou esperar por uma solução que talvez nunca viesse. Mas então ele pensou no que seu pai sempre dizia: “O símbolo no seu peito não é sobre poder. É sobre inspirar.”

"Damian, você tá comigo?" Jon perguntou, a voz firme.

Damian bufou, mas um sorriso torto apareceu em seu rosto. "Sempre, Kent. Mas, se morrermos, vou te culpar eternamente."

Zynara estendeu a mão, segurando a de Jon por um momento. "Volte vivo," ela disse, simplesmente.

Jon assentiu, apertando a mão dela antes de soltar. Ele pegou a esfera, sentindo sua energia pulsar contra sua pele. "Vamos caçar Voryx," ele disse, olhando para Damian. "E vamos mostrar pra ele que ele escolheu o planeta errado pra invadir."

Enquanto Jon e Damian saíam para o jato, Lois abraçou Clark, sussurrando algo que Jon não ouviu. Mas ele não precisava ouvir. Ele sabia que sua família acreditava nele, e isso era o suficiente para enfrentar o que vinha pela frente.