Superman Prateado 6/20

O crepúsculo pintava Metrópolis com tons de laranja e roxo, mas a cidade parecia mais sombria, como se a desconfiança contra Superman tivesse apagado parte de seu brilho.

No Planeta Diário, Lois Lane trabalhava até tarde, a redação quase vazia exceto pelo zumbido da máquina de escrever e pelo eco ocasional de um fax.

Sua mesa estava coberta de anotações, recortes e uma foto granulada do cubo alienígena que vira na gala da LexCorp. Ela sabia que Luthor estava escondendo algo grande

— e que Superman, de alguma forma, era a chave.

Clark Kent, por sua vez, estava a quilômetros dali, pairando acima das nuvens como Superman. O cristal kryptoniano, seguro em sua mão, pulsava com uma luz fraca, como se tentasse falar com ele.

A mensagem de Jor-El — colônia... perigo — girava em sua mente, mas a imagem da máquina viva engolindo as torres de Zorath o assombrava.

Ele precisava de respostas, mas a Terra exigia sua atenção. Luthor estava vencendo a guerra da opinião pública, e Lois... Lois estava se aproximando demais da verdade.

Ele desceu em direção à redação, sua visão de raio-X captando Lois sozinha, inclinada sobre seus papéis. Por um instante, ele hesitou. Revelar quem era poderia protegê-la — ou colocá-la em maior perigo.

Mas quando um estrondo distante ecoou, vindo do centro da cidade, Kal-El guardou o cristal e voou, sabendo que o dever vinha primeiro.

Na redação, Lois ergueu a cabeça ao ouvir o estrondo. Ela correu para a janela, vendo fumaça subindo do distrito financeiro. Sem pensar duas vezes, pegou sua bolsa e câmera, ignorando o bom senso que gritava para ela ficar.

“Se é Luthor, eu vou pegá-lo,” murmurou, correndo para o elevador.

As ruas de Metrópolis eram um caos. Um novo robô da LexCorp — menor que o Guardião, mas equipado com tentáculos metálicos e lâminas brilhando com kryptonita — destruía um banco, suas garras rasgando caixas-fortes como papel.

A multidão fugia, mas alguns paravam para filmar, gritando insultos contra Superman. Lois se escondeu atrás de um carro destruído, tirando fotos enquanto anotava: Tecnologia alienígena. Luthor sabia exatamente onde atacar.

De repente, um vulto azul cruzou o céu. Superman pousou entre o robô e um grupo de pedestres, bloqueando um tentáculo com os braços. A kryptonita o enfraquecia, e ele sentiu uma pontada de dor, mas seu foco estava em Lois, que, como sempre, estava perto demais do perigo.

“Fiquem atrás de mim!” ele gritou para os civis, antes de socar o robô, amassando seu peito metálico.

A voz de Luthor ecoou através de alto-falantes embutidos na máquina. “Kal-El, você acha que é um herói? Veja como eles te odeiam!” Um holograma projetou imagens da multidão vaiando Superman, com manchetes acusatórias piscando como facas.

O robô aproveitou a distração, envolvendo Superman com um tentáculo e disparando um raio de kryptonita em seu peito.

Lois, vendo Superman cair de joelhos, sentiu um aperto no peito que não explicava. “Levante, seu teimoso,” ela sussurrou, procurando algo — qualquer coisa — para ajudar. Perto do robô, ela avistou uma caixa de controle, provavelmente um ponto de transmissão.

Ignorando o risco, ela correu, desviando de destroços, e abriu a caixa, puxando fios com força bruta.

O robô parou, seus tentáculos afrouxando. Superman, ofegante, aproveitou a chance, arrancando o núcleo da máquina com um golpe final. Ele caiu de joelhos, a kryptonita deixando-o tonto, mas seus olhos encontraram Lois, que o encarava com uma mistura de alívio e fúria.

“Você está bem?” ele perguntou, a voz rouca, esquecendo por um momento sua fachada heroica.

Lois cruzou os braços, ainda segurando a câmera. “Eu que deveria perguntar isso, Homem de Aço. O que foi aquilo? Você hesitou de novo.”

Ela deu um passo mais perto, os olhos estreitos. “O que Luthor sabe sobre você que eu não sei?”

Superman se levantou, ignorando a dor. “Lois, é complicado.

Eu... só quero proteger a cidade.” Ele olhou para a multidão, que agora murmurava em tons mistos — alguns agradecendo, outros acusando. “Mas talvez eles não queiram minha proteção.”

Lois bufou, mas sua expressão suavizou. “Você arriscou tudo por eles, mesmo com essa... coisa verde te derrubando. Isso é mais humano do que a maioria dos homens que conheço.” Ela hesitou, então acrescentou: “Mas se quer minha confiança, comece a falar. Quem é Kal-El?”

O nome o atingiu como um soco. Ele abriu a boca, mas outro estrondo, menor, veio dos destroços do robô. Um dispositivo explodiu, lançando estilhaços.

Superman puxou Lois para seus braços, protegendo-a com seu corpo enquanto voava para longe da explosão. Ele a colocou em um telhado próximo, os dois ofegantes, seus rostos a centímetros de distância.

“Você não desiste, né?” ele disse, um meio-sorriso escapando.

“Nem você,” Lois retrucou, mas havia um calor em seus olhos que não estava lá antes. “Obrigada... mas não pense que isso me faz esquecer as perguntas.”

Superman assentiu, a dor da kryptonita ainda latejando. “Fique em segurança, Lois.” Ele voou, deixando-a com o vento bagunçando seu cabelo e uma certeza crescendo: Superman estava escondendo algo, e ela estava mais perto de descobrir do que nunca.

Horas depois, no Planeta Diário, Lois escrevia sua matéria, as palavras fluindo com uma urgência nova. Superman sangra. Superman luta.

Superman é mais do que um símbolo. Ela olhou para a mesa de Clark, vazia como sempre após um ataque. “Onde você se mete, Kent?” murmurou, a suspeita se solidificando.

Ela pegou uma foto antiga de Clark, tirada por Jimmy, e a comparou com uma imagem granulada de Superman.

A postura, os ombros... era sutil, mas estava lá.

Na Fortaleza da Solidão, Kal-El segurava o cristal, sua luz refletindo em seus olhos cansados.

Ele precisava contar a Lois — não só para protegê-la, mas porque, pela primeira vez, queria que alguém o conhecesse, não como um herói, mas como ele mesmo.

Mas com Luthor apertando o cerco e a sombra de um inimigo kryptoniano no horizonte, a verdade parecia mais perigosa do que nunca.