Superman Prateado 8/20

A noite caíra sobre Metrópolis, mas a cidade não dormia.

Luzes de neon piscavam, drones da LexCorp patrulhavam os céus, e o eco das palavras de Luthor

— “Kal-El, uma ameaça”

— ainda ressoava nas ruas. No Planeta Diário, Clark Kent ficou até tarde, sozinho na redação, o cristal kryptoniano brilhando suavemente em suas mãos.

Ele o girava entre os dedos, sentindo seu calor, como se fosse um pedaço vivo de seu planeta perdido.

A mensagem de Jor-El, fragmentada e enigmática, o puxava para o Ártico, mas a imagem de Lois, desafiando Luthor na coletiva, o ancorava à Terra.

Ele precisava de respostas

— sobre Krypton, sobre Luthor, e sobre como proteger a mulher que estava começando a significar mais do que ele queria admitir.

Clark guardou o cristal e saiu, trocando o terno por seu uniforme azul e vermelho em um beco escuro.

Como Superman, ele voou para o norte, o vento gelado do Ártico recebendo-o como um velho amigo.

A caverna de gelo, agora sua Fortaleza da Solidão, brilhava com reflexos azuis, um santuário que o lembrava de Krypton. Ele inseriu o cristal em uma fenda, e a caverna ganhou vida, projeções holográficas dançando ao seu redor.

A voz de Jor-El ecoou, mais clara dessa vez. “Kal-El, meu filho. A colônia em Zorath é nossa última esperança. O Farol pode guiá-lo até lá, mas seu poder atrai o Devorador, uma arma criada para apagar Krypton.

” A projeção mostrou a colônia: torres cristalinas reluzindo sob um céu vermelho, kryptonianos vivendo em harmonia. Então, a imagem mudou para a máquina viva

— o Devorador

—, suas garras mecânicas engolindo as torres como um monstro faminto. “Você deve escolher, Kal-El: a Terra ou seu povo.”

Kal-El recuou, o peso da escolha o esmagando.

Ele viu flashes de sua infância em Krypton, a mão gentil de sua mãe, Lara, o orgulho nos olhos de Jor-El. Mas também viu Metrópolis — Jimmy rindo, Perry gritando, Lois desafiando o mundo com um caderno na mão.

Ele pegou o cristal, sua luz refletindo em seus olhos. “Eu não sei o que fazer,” murmurou, a voz ecoando na caverna vazia.

Enquanto isso, em Metrópolis, Lois Lane não descansava.

Ela estava em seu apartamento, a mesa coberta de anotações e fotos. O cubo alienígena da LexCorp, os drones, o nome “Kal-El”

— tudo apontava para uma conspiração maior. Mas o que a mantinha acordada era Clark Kent.

Ela pegou uma foto dele, tirada por Jimmy em uma festa da redação, e a comparou com uma imagem de Superman, capturada durante o ataque no banco. A curva do queixo, a postura dos ombros... era sutil, mas inegável. “

Você não é tão esperto quanto pensa, Kent,” ela sussurrou, o coração disparando com a possibilidade.

Lois abriu seu laptop e começou a cruzar dados: avistamentos de Superman, relatórios de Clark, até os horários em que ele “sumia”. Então, uma pista a atingiu.

O Ártico. Superman fora visto lá após o primeiro ataque do Titan, e o estivador mencionara carregamentos da LexCorp vindos do norte. “Se Luthor encontrou algo lá, Superman sabe o que é,” ela concluiu.

Sem hesitar, ela pegou o telefone e ligou para um contato na aviação, reservando um voo fretado para o Ártico. “Se quer respostas, Lane, vá buscá-las,” disse a si mesma, jogando roupas em uma mochila.

No Ártico, Kal-El ainda estava na caverna quando seus sentidos captaram um som distante

— o ronco de um avião se aproximando. Ele voou para fora, pairando acima da geleira, e viu um pequeno monomotor pousando em uma pista improvisada.

Seu coração parou quando Lois Lane desceu, embrulhada em um casaco pesado, a determinação brilhando em seus olhos mesmo no frio cortante.

“Lois?” Superman desceu, a capa ondulando. “O que você está fazendo aqui?”

Ela cruzou os braços, o vento bagunçando seu cabelo. “Eu poderia perguntar o mesmo, Homem de Aço. Você e Luthor estão obcecados por este lugar.

Por quê? E não me venha com essa de ‘é complicado’.”

Kal-El hesitou, o cristal quente em sua mão. Ele podia mentir, mandá-la embora, mas o olhar dela

— feroz, mas com um traço de preocupação

— o desarmou. “É... sobre meu passado,” ele disse, a voz baixa. “Sobre de onde vim.”

Lois deu um passo mais perto, sem recuar apesar do frio. “Kal-El, certo? Luthor jogou esse nome como se fosse uma arma. Quem é você, realmente?”

Ele olhou para o horizonte, o peso do símbolo em seu peito nunca tão real. “Eu sou o último de Krypton. Ou... achava que era. Encontrei algo aqui, algo que sugere que há outros como eu. Mas também há um perigo, algo que pode destruir tudo.”

Ele abriu a mão, mostrando o cristal, sua luz refletindo no gelo.

Lois encarou o cristal, então voltou os olhos para ele, mais suave agora. “Então por que tá lutando tão duro por nós? Por Metrópolis? Você poderia simplesmente... ir embora.”

Kal-El sorriu, triste. “Porque a Terra me deu um lar. Pessoas como você, Lois, que não desistem, que acreditam na verdade. Eu não posso abandonar isso.”

Ela bufou, mas havia calor em sua voz. “Você é um idiota teimoso, sabia? Mas um idiota que vale a pena.” Ela tocou o braço dele, um gesto simples que o fez sentir mais humano do que nunca.

Então, o que fazemos? Luthor está usando sua tecnologia contra você. Se ele encontrou algo aqui, precisamos detê-lo.”

Superman assentiu, a presença dela clareando sua mente.

“Volte pra Metrópolis, Lois. Vou investigar mais aqui, mas prometo te contar tudo. Só... confie em mim.”

Lois ergueu uma sobrancelha. “Confiar em você? Tá pedindo muito, Homem de Aço. Mas vou te dar uma chance. Não estrague.” Ela virou-se para o avião, mas olhou para trás.

“E, só pra constar, você me lembra alguém. Alguém que também é péssimo em mentir.”

Ele riu, o som ecoando no gelo, e a viu partir, o avião sumindo no horizonte.

Sozinho, ele segurou o cristal, sua decisão mais clara. Luthor estava usando pedaços de Krypton contra ele, mas Lois o lembrara por que valia a pena lutar.

Ele voltaria a Metrópolis, enfrentaria o magnata

— e, talvez, encontrasse coragem para contar a verdade a ela.