Metrópolis vivia uma ordem artificial, suas ruas silenciosas sob o olhar vigilante dos drones kryptonianos.
As luzes verdes dos dispositivos, projetadas para prevenir crimes, tornavam as noites inquietantes,
e os cidadãos caminhavam com passos cautelosos, temendo tanto os criminosos quanto o próprio Superman.
Clark Kent, o Homem de Aço, agora raramente usava seus óculos na redação, sua fachada de repórter desajeitado cedendo a uma postura rígida, quase militar.
A perda de Lois Lane o transformara em um cruzado pela paz, mas sua visão de um mundo sem dor exigia controle, e cada passo nesse caminho o afastava de quem ele já fora.
No Planeta Diário, a redação era um campo minado de opiniões.
Perry White tentava manter o jornal imparcial, mas as manchetes refletiam a divisão da cidade: “Superman Salva Reféns em Star City” ao lado de “Drones de Vigilância: Segurança ou Prisão?”
Jimmy Olsen, organizando fotos, hesitava em publicar imagens de Superman enfrentando manifestantes que protestavam contra os drones.
Ele tá fazendo isso por Lois, né?” Jimmy perguntou a Perry, a voz baixa. “Mas... tá começando a parecer errado.”
Perry olhou para Clark, que digitava em silêncio, e suspirou. “Lois acreditava na verdade, Jimmy.
Não sei se o Superman ainda acredita.” Ele se aproximou de Clark, segurando um artigo. “Kent, sua matéria sobre os drones tá muito branda. Queremos fatos, não propaganda.
Clark ergueu os olhos, a expressão endurecida. “Os drones estão mantendo Metrópolis segura, Perry.
Crimes caíram 70%. Lois morreu porque não tínhamos controle. Quer fatos? Esse é o fato.” Ele voltou a digitar, ignorando o olhar preocupado de Perry.
Naquela tarde, Superman voou para a África Central, onde uma guerra civil devastava vilarejos.
Ele desceu como um deus, destruindo tanques e desarmando milícias com uma eficiência brutal. Civis o aplaudiram, mas outros recuaram, assustados com seus olhos brilhando com visão de calor.
Ele reuniu os líderes das facções, forçando-os a assinar um cessar-fogo sob sua supervisão. “A paz não é opcional,” ele disse, a voz ecoando. “Desobedeçam, e eu volto.”
Enquanto voava de volta, ele foi interceptado por Barry Allen, o Flash, que correu ao seu lado, uma mancha vermelha no céu. “Clark, para!” Barry gritou, parando em uma colina.
“Você tá assustando o mundo! Forçar paz com ameaças não é heróico, é tirania!”
Superman pousou, a capa esvoaçante, o rosto uma máscara de raiva contida.
“Tirania, Barry? Milhares morreram nessa guerra porque heróis como nós não agimos. Lois morreu porque eu hesitei. Não vou hesitar de novo.”
Barry deu um passo à frente, a voz firme. “Lois não ia querer isso, Clark. Ela acreditava em liberdade, não em correntes. Você tá se tornando o que Luthor sempre quis.”
Superman cerrou os punhos, o ar crepitando. “Luthor tá preso, Barry. O mundo tá seguro por minha causa.
Se você não entende, talvez não seja mais meu amigo.” Ele voou, o som sônico abafando as palavras de Barry.
Na Torre de Vigilância, a Liga da Justiça se reunia em segredo, sem Superman. Diana Prince liderava a discussão, com Hal Jordan, Barry Allen e Shayera Hol
— a Mulher-Gavião
— presentes. “Kal-El está perdido na dor,” Diana disse, a voz tensa. “Ele acredita que está honrando Lois, mas tá criando um império. Precisamos detê-lo.”
Hal, o anel brilhando, concordou. “Os Guardiões me ordenaram neutralizá-lo se necessário. Ele é uma ameaça ao equilíbrio cósmico.”
Barry balançou a cabeça, ainda hesitante. “Ele é nosso amigo. Não podemos lutar contra ele sem tentar salvá-lo primeiro.”
Shayera bateu a maça na mesa.
Amigo ou não, ele tá transformando Metrópolis numa fortaleza. Se não agirmos, a Liga vai se partir.”
A reunião foi interrompida por um alerta: Superman estava em Metrópolis, anunciando um novo decreto na praça central.
A Liga partiu, sabendo que o confronto era inevitável.
Na praça, milhares se reuniam, a estátua de Superman agora cercada por drones. Ele pairava acima, o uniforme impecável, mas o rosto marcado por uma determinação fria.
“Metrópolis é o modelo para o mundo,” ele anunciou, a voz amplificada.
A partir de hoje, os drones vão monitorar toda a cidade. Criminosos serão punidos imediatamente.
Não haverá mais caos, não haverá mais perdas.”
A multidão reagiu com aplausos hesitantes, mas murmúrios de protesto cresceram.
Um jovem jogou uma pedra, gritando: “Você não é nosso rei!” Superman desceu, pegando a pedra no ar, os olhos brilhando.
“Eu não quero ser rei,” ele disse, a voz baixa, mas perigosa. “Quero ser seu protetor. Mas proteção exige ordem.”
Antes que a situação escalasse, Diana pousou, seguida por Barry e Hal. “Kal-El, isso precisa parar,” ela disse, o laço da verdade brilhando. “Você tá traindo tudo o que Lois representava.”
Superman olhou para ela, a menção de Lois como uma facada.
Lois morreu porque o mundo é fraco, Diana. Estou tornando-o forte.” Ele virou-se para a multidão. “Quem está comigo?”
Metade da multidão aplaudiu, movida por medo ou admiração. A outra metade recuou, e a Liga ficou dividida.
Hal ergueu o anel, mas Barry o conteve. “Não aqui, não agora,” Barry sussurrou.
Superman voou, deixando a praça em silêncio. Diana olhou para os drones, sabendo que Metrópolis estava mudando para sempre.
Na prisão, Lex Luthor assistia à transmissão por um dispositivo escondido, seu sorriso alargando-se.
Uma nova mensagem codificada chegou: “Drones em todas as capitais. Fase três pronta.”
Ele murmurou: “Você tá construindo minha utopia, Kal-El. Só não sabe disso.”
Em Gotham, Batman finalizava sua armadura de kryptonita,
enquanto Oliver Queen e Dinah Lance recrutavam mais aliados.
Bruce olhou para uma foto antiga da Liga, com Clark sorrindo ao lado de Lois.
“Me perdoe, Clark,” ele sussurrou, “mas vou te deter.”
Na Fortaleza da Solidão, Superman ativou uma rede de drones globais, seus olhos fixos em uma projeção de Metrópolis.
“Por você, Lois,” ele disse, mas a voz dela, outrora sua bússola, estava cada vez mais distante.
O mundo estava sob seu punho, e ele não via o abismo à sua frente.