Capítulo 21 – As Lâminas dos Deuses

A notícia se espalhou mais rápido do que eu podia imaginar.

"O Herdeiro da Luz Branca."

"O Filho do Tirano Selado."

"Aquele que carrega o sol nos olhos."

Em tavernas, fortalezas e cidades escondidas, meu nome começava a circular. Mas não como herói. Como ameaça.

E a Ordem da Névoa... reagiu.

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A floresta estava quieta demais naquela manhã.

Ryujin desapareceu para buscar informações. Eu e Velka vigiávamos os arredores.

Foi quando o som chegou — não passos. Um sussurro. Como mil vozes falando ao mesmo tempo.

O Caçador estava perto.

— Sinta isso? — Velka sussurrou.

— Ele está jogando com nossa mente — respondi.

Mas antes que pudéssemos nos mover, ele surgiu.

Saindo da névoa como um cadáver renascido, com o corpo coberto de amuletos escuros. Na mão, uma lança com sangue seco.

— O ritual começa agora — ele disse. — A caçada contra o herdeiro está em curso. E não terminará até sua cabeça cair.

A luta foi brutal.

Velka invocou chamas sagradas. Eu ativei a aura branca. A floresta queimava ao nosso redor, e a própria realidade parecia tremer a cada golpe.

Mas ele não estava lutando para vencer — estava marcando. Invocando.

O céu se partiu por um instante. Um símbolo da Ordem brilhou entre as nuvens.

A caçada havia começado.

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Naquela noite, Ryujin voltou com algo inesperado.

Uma caixa de pedra, selada com runas gregas.

— Você foi reconhecido — ele disse, entregando-me o artefato. — Dois deuses da guerra deixaram isso para o "príncipe que virará rei".

Abri com cuidado.

Lá dentro, estavam duas katanas:

Keraunos, a Lâmina do Trovão, forjada por Zeus.

Stygia, a Espada do Abismo, banhada no Rio Estige e moldada por Hades.

Quando toquei os cabos, a aura branca pulsou ao redor de mim com um rugido divino. As espadas aceitaram meu sangue como se me esperassem há séculos.

Senti o mundo estremecer.

Velka se aproximou, os olhos fixos nas espadas.

— Você vai se tornar um rei… mesmo que não queira.

— Só se você estiver ao meu lado.

Ela sorriu. Um sorriso triste, mas real.

— Estarei. Mesmo que o mundo vire contra você.

Me aproximei. Segurei sua mão.

— Você é minha chama. Meu lar. Se o Caos vier… eu lutarei. Mas se eu me perder...

— Eu te trarei de volta — ela disse, colando sua testa na minha. — Nem que eu precise atravessar o inferno com você.

Beijei-a de novo.

Mas dessa vez, não havia dúvida.

Havia destino.