A notícia se espalhou como praga.
A aura branca.
Os olhos dourados.
As espadas divinas.
O mundo já havia ouvido histórias sobre o "Príncipe do Fim".
Agora, essas histórias caminhavam sobre a terra.
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No Norte, o Reino de Drakmyr declarou estado de guerra. Os reis dragônicos, ancestrais em pactos com entidades elementais, viram em mim a profecia esquecida do "Sol Brilhando na Névoa".
Eles ordenaram a formação de um exército — não para me enfrentar, mas para impedir minha aproximação.
No Leste, as Catedrais Cinzentas de Al'zar chamaram-me de abominação.
Eles diziam que minha aura profanava a linha entre mortal e divino.
Seus clérigos começaram a enviar caçadores santos com relíquias antigas.
Eles não sabiam quem eu era.
Mas sabiam o que eu podia me tornar.
No Sul, os Reinos Mortos despertaram.
Criaturas esquecidas começaram a rastejar pelas fronteiras, como se atraídas pelo brilho da luz branca.
Mas nenhum deles sabia a verdade.
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Enquanto o mundo entrava em pânico, do outro lado da realidade... Caos sorria.
A dimensão onde ele estava selado não seguia lógica.
O céu era um mar de carne pulsante.
O chão se movia.
A própria gravidade se dobrava ao seu capricho.
Caos, sentado em seu trono de ossos congelados, assistia através de espelhos de luz quebrada.
Seus olhos dourados queimavam com fome.
Ao seu redor, ajoelhados em posição de oração, estavam os Apóstolos do Fim Branco — líderes da seita que o adorava como um deus.
— O segundo selo está prestes a ceder — sussurrou um deles, um homem com metade do rosto desfeito por pura devoção.
— Então devemos impedir — disse outro. — O herdeiro ainda não está pronto. Se os selos caírem cedo demais... o senhor será destruído junto com tudo.
Caos gargalhou.
— Vocês tremem pela minha ruína... mas esquecem que sou o fim. E o fim não teme ninguém.
Mesmo assim, ele não estava disposto a ser libertado ainda.
A Seita do Fim Branco começou a agir em silêncio. Assassinar guardiões de portais. Corromper templos sagrados.
Tudo para impedir que o segundo selo se rompesse.
Porque cada selo rompido trazia não só mais poder para mim...
...como mais liberdade para ele.
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De volta ao nosso mundo, Ryujin nos contou tudo.
— São dez selos — ele explicou, sentado junto à fogueira. — Dez trancas que seguram o maior mal já conhecido. Você, Akira… está ligado a cada uma delas.
— Como?
— Porque sua alma carrega a herança dele. A cada selo rompido, o elo entre vocês dois se fortalece.
— E se os dez selos forem destruídos?
— Então Caos caminhará novamente nesta terra.
E você, Akira... será o único capaz de detê-lo. Ou de tomar seu lugar.
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Naquela noite, Velka não disse nada. Apenas deitou ao meu lado, olhando o céu escuro.
— Você tem medo? — perguntei.
— Sim. De você.
— Por quê?
— Porque eu te amo... e tenho medo do que o amor pode perder para o destino.
Segurei sua mão.
— Então fique comigo. Até o fim.
Ela se aproximou e sussurrou:
— Só se o fim for ao seu lado.