Capítulo 24 – Guardião da Ruína

O céu estava negro, mas não era noite.

Era como se o próprio mundo segurasse a respiração.

Ryujin entrou na tenda com passos pesados, suas duas katanas cravadas no chão ao lado da entrada.

— Eles começaram a mover-se, Akira. A Seita do Fim Branco está indo atrás do próximo Guardião.

— Se o destruírem… o terceiro selo cairá.

Me levantei num salto.

Meus olhos dourados brilharam no reflexo da lâmina diante de mim.

— Onde ele está?

— Nas ruínas de El'Shar, território neutro. Mas não por muito tempo. Outras facções estão a caminho. Alguns querem impedir a queda… outros, acelerar.

Velka surgiu logo atrás de mim, com suas lâminas curtas nas costas e expressão séria.

— Isso é uma armadilha. Eles querem te atrair, Akira. E não só eles.

Ryujin assentiu.

— A Ordem da Névoa também se move. E há rumores de uma nova figura entre eles…

— Um caçador chamado Tyrn, o Espelho da Névoa.

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O caminho até El'Shar foi marcado por visões.

A aura branca dentro de mim pulsava cada vez mais forte.

E às vezes, mesmo acordado… eu ouvia a voz de Caos.

— Três… de dez. Você sente, não sente? Cada selo é uma corrente que também prende você, meu herdeiro.

A cada passo, meu coração batia mais rápido.

Não de medo. Mas de algo pior: desejo de poder.

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Chegamos às ruínas quando o céu explodiu em luz vermelha.

No altar, entre colunas quebradas, o Guardião estava ajoelhado, ferido.

Cercado por membros da Seita — encapuzados, sussurrando orações para Caos.

— A luz cairá — diziam. — O mundo será branco e puro novamente.

Corri para o campo de batalha sem pensar.

As espadas divinas em minhas mãos brilharam como sóis gêmeos.

— NINGUÉM VAI TOCAR NESSE SELO!

Velka cobriu meu flanco com precisão mortal, abrindo caminho entre os seguidores da Seita.

Mas então, ele apareceu.

Um homem alto, de túnica branca. Pele pálida como neve.

Olhos dourados — como os meus.

— Herdeiro de Caos… — disse. — Chegou cedo demais.

— Quem é você?

— Eu sou Kronas, sumo-sacerdote da Seita do Fim Branco.

— E você é o início do fim.

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A luta foi brutal. Eu sentia a aura branca crescendo, mas a raiva… a raiva era maior.

Velka caiu ao meu lado, ferida por um golpe traiçoeiro.

Segurei sua mão.

— Você vai ficar bem.

— Só… aguente. Por mim.

Ela sorriu, fraca.

— Estou com você, até o fim… rei branco.

As palavras dela acenderam algo dentro de mim.

E então, pela primeira vez, deixei a aura branca explodir por completo.

A terra rachou.

O céu gritou.

E todos os membros da Seita presentes caíram de joelhos, sufocados pelo peso da minha presença.

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Salvamos o Guardião.

Mas sabíamos… aquilo foi só o começo.

No alto de uma torre em ruínas, uma figura encapuzada nos observava.

Tyrn.

O caçador havia chegado.

E no fim da noite, deitado ao lado de Velka enquanto tratava seus ferimentos, a abracei com força.

— Não sei quanto tempo temos…

— Mas cada momento com você… vale a eternidade.

Ela me beijou, com os olhos cheios de lágrimas e fogo.

— Então vamos lutar. Até o fim.