Capítulo 16 – O Bar e a Nova Oportunidade

Capítulo 16 – O Bar e a Nova Oportunidade

Após vender os recursos dos goblins à associação, Gabriel caminhou pelas ruas de Nova City, o vento fresco da noite passando por entre seus cabelos. Ele estava em um momento de pausa. A rotina de caçador e suas missões estavam se tornando cada vez mais monótonas, e ele sentia que precisava de algo diferente. Uma mudança de ambiente, algo para distraí-lo e, quem sabe, até abrir novas portas.

Então, sem pensar muito, ele decidiu ir até um bar. Um lugar simples, mas repleto de vidas e histórias para ouvir. Ele nunca foi de sair muito, mas após tanto tempo dedicado às missões e ao seu treinamento, sentia que merecia um momento de descanso. O bar era conhecido por atrair tanto caçadores como pessoas comuns, e sempre havia uma boa conversa ou uma oportunidade de fazer contatos.

O lugar era acolhedor, com uma iluminação suave e o som de risos e conversas preenchendo o ar. O cheiro de carne assada e bebidas misturadas com o aroma de madeira e poeira da rua dava ao ambiente um toque rústico. Gabriel entrou e foi diretamente até o balcão, onde o bartender, um homem corpulento com um sorriso amigável, o cumprimentou com um aceno.

“Uma bebida para o caçador?” o bartender perguntou, notando a capa reforçada de couro de Gabriel.

“Sim, algo forte,” respondeu Gabriel, sentando-se em um banco próximo. Ele não estava ali apenas para beber, mas para relaxar um pouco e, quem sabe, ouvir algo interessante.

Enquanto esperava, Gabriel olhou ao redor. O bar estava moderadamente cheio. Alguns caçadores estavam reunidos em uma mesa, discutindo suas últimas missões. Outros pareciam ser apenas pessoas comuns tentando esquecer as dificuldades do dia a dia.

No canto da sala, perto de uma janela empoeirada, um homem encapuzado parecia observar a movimentação de longe. Seus olhos, parcialmente visíveis sob o capô, estavam fixos em Gabriel. Não era algo que normalmente chamaria atenção, mas Gabriel tinha aprendido a ser cauteloso com os olhares de estranhos. Ele sentiu que havia algo de peculiar na postura daquele homem, mas decidiu não dar muita importância por enquanto.

O bartender trouxe a bebida, um copo grande de licor escuro que fazia uma leve fumaça subir de seu topo. Gabriel deu um gole e, em seguida, deixou o copo de lado. Ele se sentia mais relaxado, mas algo ainda o incomodava. Seu instinto o avisava de que estava prestes a acontecer algo, algo que poderia ser interessante ou perigoso.

“Você é caçador, certo?” uma voz ao lado dele interrompeu seus pensamentos. Gabriel virou-se para ver um homem de aparência comum, mas com um olhar curioso. Ele parecia estar na casa dos trinta, com roupas simples e uma expressão cautelosa.

“Sim, sou caçador. Por quê?” Gabriel respondeu com um tom neutro, curioso sobre o motivo do homem se aproximar.

“O que você acha de caçar algo mais... valioso do que lobos e goblins?” O homem perguntou, inclinando-se para mais perto.

Gabriel levantou uma sobrancelha. Caçar algo mais valioso? Ele não gostava de se meter em negócios arriscados, mas a proposta de caçar algo mais desafiador soava atraente. Ele estava começando a ficar entediado de caçar criaturas simples apenas por dinheiro.

“Estou ouvindo...” Gabriel disse, sua voz calma, mas com um leve interesse.

O homem olhou ao redor, como se estivesse verificando se alguém estava prestando atenção neles. “Eu conheço uma pessoa que está recrutando caçadores para uma missão. Algo grande. Algo que pode render muito mais do que qualquer missão de bandido ou monstro de nível 4.”

“E qual é o risco?” Gabriel perguntou, já suspeitando que a missão não seria algo simples.

“Não é uma missão qualquer,” o homem respondeu, com um sorriso enigmático. “É uma missão para capturar um fugitivo. Mas esse fugitivo... é alguém muito importante. Alguém que muita gente quer ver preso ou morto, e que vai oferecer uma recompensa considerável. Claro, há aqueles que preferem ele morto, mas se você conseguir capturá-lo vivo, a recompensa será ainda maior.”

Gabriel sentiu uma faísca de curiosidade acender em seu peito. A ideia de caçar um fugitivo importante, com uma recompensa substancial, era atraente. Mas também sabia que esse tipo de missão trazia complicações.

“E onde está esse fugitivo?” Gabriel perguntou, seu tom agora mais sério.

O homem sorriu levemente, satisfeito com o interesse. “Ele está escondido em algum lugar ao norte da cidade. Eu não sei os detalhes exatos, mas posso te ajudar a conseguir mais informações. Só posso dizer que é uma missão que pode mudar a vida de qualquer caçador.”

Gabriel pensou por um momento. Ele tinha que pesar os riscos. Mas, se o homem falasse a verdade, essa missão poderia ser o que ele precisava para sair da rotina e também obter uma grande recompensa.

“Me passe os detalhes então. Vou precisar saber mais antes de decidir.” Gabriel respondeu, decidido.

O homem fez um sinal com a cabeça e se levantou, deixando Gabriel com mais perguntas do que respostas. Ele tinha acabado de ser envolvido em uma trama muito maior do que imaginava. Agora, tudo o que ele precisava fazer era seguir o fio dessa teia e descobrir até onde ela o levaria.

Gabriel terminou sua bebida, se preparando para o que estava por vir. Uma nova missão o aguardava, e ele estava pronto para enfrentá-la.

Na manhã seguinte, Gabriel saiu cedo. As informações que recebera na noite anterior o conduziam até uma região ao norte de Nova City, uma área pouco movimentada, afastada das zonas comerciais e patrulhas frequentes da guarda. Ali, entre construções abandonadas e pequenos galpões de pedra e madeira, muitos criminosos de menor escala se escondiam — e, segundo o informante, era lá que o fugitivo de alto valor estava.

Gabriel caminhava em passos silenciosos, atento a cada som ao redor. Não havia multidões naquela parte da cidade, apenas o som do vento batendo nas telhas soltas e, ao longe, o ganido de um cão faminto. O local indicado era um galpão com as janelas tapadas por tábuas e uma única porta frontal. A madeira estava velha e carcomida, mas havia marcas recentes no chão de terra batida — alguém tinha entrado ali, talvez recentemente.

Ele se aproximou com cautela e colocou a mão sobre o cabo de sua espada curta, apenas por precaução. Com a outra mão, ele conjurou discretamente uma fina lâmina de metal ao redor do braço esquerdo, um reforço criado com sua magia de metal nível 4 — não chamativa, mas eficiente para bloqueios rápidos.

Gabriel não esperava muita dificuldade, afinal, o alvo era apenas um criminoso de nível 3. O verdadeiro desafio seria capturá-lo vivo sem chamar atenção excessiva. Ao chegar à porta, ele respirou fundo e, sem fazer alarde, empurrou-a lentamente, até abrir espaço suficiente para entrar.

O interior do galpão estava escuro e empoeirado. Pilhas de caixas e móveis quebrados formavam pequenos labirintos. Gabriel avançou com cuidado, os passos leves não ecoavam no chão coberto de areia fina.

Então ele ouviu.

Um sussurro. Passos. Um leve arrastar vindo da parte de trás do galpão.

Gabriel se escondeu atrás de uma pilha de caixas e espiou. O fugitivo estava ali — um homem robusto, de barba malfeita, vestindo roupas largas e uma capa surrada. Ele olhava pela fresta de uma janela coberta, aparentemente atento a qualquer movimentação. Estava armado com uma faca longa presa à cintura e um arco encostado ao lado, mas não parecia em alerta total.

Gabriel não hesitou. Com um movimento rápido, usou magia de metal para criar uma corrente improvisada que saiu disparada de sua mão e envolveu os tornozelos do homem. O fugitivo caiu no chão com um grito abafado de surpresa, tentando se levantar.

— Quem é você?! — gritou o homem, já tentando alcançar a faca.

Gabriel estendeu a outra mão e conjurou uma esfera de água que se espalhou pelo chão, escorregadia como sabão, dificultando ainda mais a movimentação do fugitivo. Ele avançou sem pressa, desarmando o homem com um chute e pressionando a lâmina da espada curta contra o pescoço do alvo.

— Ordem de captura da associação. Vem comigo, vivo. — disse, com frieza.

O bandido hesitou por um segundo e, ao ver os olhos de Gabriel, percebeu que não teria chance. Largou a luta. Gabriel então conjurou amarras de metal para os pulsos e tornozelos e o ergueu com esforço. Não era leve, mas Gabriel estava acostumado.

Mais de uma hora depois, Gabriel chegou novamente à associação. O sol já estava alto no céu, e o calor fazia gotas de suor escorrerem por sua nuca. Mas ele entrou firme, ignorando os olhares curiosos. Carregar um bandido vivo pela rua chamava atenção, afinal.

Na recepção, os atendentes se apressaram. A recompensa foi entregue sem demora — maior do que o habitual, como prometido. Capturar vivo rendia sempre um bônus generoso. Gabriel assinou o relatório da missão e deixou o local em silêncio.

No caminho de volta, sentia-se satisfeito. A nova linha de missões como caçador de recompensas talvez fosse exatamente o que precisava. Caçar humanos era diferente, mais imprevisível… mas também mais lucrativo e, de certa forma, mais emocionante.

E isso, sim, era algo que ele começava a gostar.