Capítulo 5 – O Jogo do Poder

Elena não sabia mais o que estava acontecendo com ela. Toda a racionalidade que a havia protegido no passado agora parecia ser um pano de fundo distante, perdido no turbilhão de emoções que Dante havia trazido de volta. Ele estava de volta à sua vida, mas de uma forma muito mais perigosa do que antes.

A cada movimento seu, ele parecia desafiar tudo o que ela acreditava. A cada palavra, ele lembrava quem ela era, e mais, quem ele era. O chefe da máfia.

Ela nunca soubera a verdadeira extensão de seu poder, mas agora, depois de tantas evidências, não havia mais dúvidas: Dante Moreau era um homem que operava nas sombras, controlando tudo e todos ao seu redor. Sua influência no submundo era inquestionável. Drogas, tráfico de armas, extorsão, assassinatos — tudo se entrelaçava em uma rede invisível que ele comandava com uma habilidade quase sobrenatural.

E tudo isso o tornava mais perigoso.

Naquela noite, a mansão estava sombria. O cheiro do charuto que ele fumava pairava no ar, misturado com o odor de couro e madeira envelhecida. Ela estava sentada na sala de estar, esperando o que viria a seguir. Dante sempre gostava de manter tudo no seu ritmo, e ele gostava de deixá-la esperando.

A porta se abriu com um estalo, e, como sempre, ele entrou sem fazer alarde. A silhueta dele, alta e imponente, era suficiente para que qualquer um se sentisse pequeno, impotente. Mas, ali, no cômodo vazio, ele olhou para ela com uma intensidade que fez seu coração bater mais rápido.

— Ainda não se acostumou com a ideia de estar novamente em minha presença, Elena? — Ele perguntou, sua voz profunda, como sempre, mas com um toque de desafio.

Ela não se levantou. Não queria ceder a ele, não queria mostrar fraqueza. Mas, por dentro, algo estava mudando. Algo que ela não podia controlar.

— Eu estou apenas… tentando entender por que você está fazendo isso. — A voz dela soou mais fraca do que gostaria, mas ela forçou a postura, tentando se mostrar firme.

Dante caminhou em direção a ela com calma, como uma fera que sabia que poderia esmagar sua presa a qualquer momento, mas preferia brincar com ela primeiro.

— Eu não preciso que você me entenda, Elena. Eu preciso que você aceite que não há mais escapatória. Você voltou porque eu quis, e não porque você tivesse escolha.

Ele parou diante dela, observando-a com seus olhos negros, profundos como a noite, e com um sorriso que indicava que sabia algo que ela ainda não compreendia.

— Você sabia que eu sempre poderia encontrar você, não é? — Ele disse, a voz suave, mas com uma ameaça implícita. — Você achava que estava longe de mim, mas, no fundo, sabia que você nunca seria capaz de escapar. Eu sou o ar que você respira. O poder que você sente correndo em suas veias. Tudo o que você faz, eu vejo. E tudo o que você deseja, eu tenho o controle.

Elena tentou se levantar, mas ele a impediu, sua mão forte agarrando seu pulso. O toque dele era como uma corrente, impossível de romper.

— Você está me prendendo, Dante. — Ela sussurrou, sua respiração mais rápida do que o normal, tentando se afastar do poder dele.

Ele riu, um som baixo e escuro.

— Eu não estou te prendendo, Elena. Você está se entregando a mim, de novo. E essa é a parte que você não consegue negar.

Ele a puxou para mais perto, forçando seus corpos a se tocarem, e Elena sentiu seu coração bater mais rápido, a tensão crescendo a cada segundo. Ela queria gritar, queria afastá-lo, mas a necessidade de estar perto dele, a necessidade de sentir esse poder, era ainda mais forte.

Ele a olhou por um momento, os olhos penetrantes, quase como se estivesse lendo sua alma.

— Eu não sou um homem que perdoa facilmente, Elena. — Ele disse, a voz baixa e controlada. — E você sabe o que acontece com quem tenta sair do meu jogo. Eles pagam o preço. O tempo todo. E você, minha querida, já pagou o seu.

Aquelas palavras, ditas com tanta frieza, a atingiram com mais força do que ela imaginava. Não eram apenas ameaças vazias — ele estava dizendo que, de alguma forma, ela já estava envolvida novamente. Ela já estava pagando o preço.

E no fundo, ela sabia que ele estava certo.