Capítulo 2 - Sobrevivendo ao caos

Fomos levadas ao porão do hospital, onde havia alguns equipamentos médicos improvisados. Olhei para a paciente e vi que o efeito dos anestésicos estava passando, então pedi a um dos homens que me ajudasse enquanto eu continuava a cirurgia. O local era escuro e úmido, e os barulhos dos tiros ecoavam cada vez mais próximos, mas eu me mantive calma. A adrenalina, porém, estava fazendo com que eu me sentisse eufórica, como se estivesse flutuando em uma onda de energia incontrolável.

Enquanto eu trabalhava, a paciente começou a se mexer, gemendo de dor. Eu sabia que precisava agir rápido para evitar que ela piorasse. O homem que me ajudava estava sendo eficiente, mas eu podia sentir sua tensão. Ele estava nervoso, mas não questionou minhas ordens.

De repente, os tiros pararam. O silêncio foi abrupto e desconcertante. Eu olhei para o homem, que estava ao meu lado, e vi que ele estava ouvindo atentamente. Ele fez um sinal para que eu continuasse trabalhando, e eu assenti.

A paciente estava começando a acordar, e eu sabia que precisava fazer algo para mantê-la calma. Eu comecei a falar com ela, tentando distraí-la da dor. 'Você vai ficar bem', eu disse. 'Eu estou aqui para ajudá-la.'

A paciente olhou para mim, e por um momento, eu senti uma conexão profunda com ela. Era como se eu entendesse exatamente o que ela estava pensando, sentindo. E então, ela sussurrou.

"Eu sinto muito", ela disse, com uma voz fraca. _Eu não queria que isso acontecesse.

Eu olhei para ela, surpresa, e tentei tranquilizá-la. _ Não se preocupe,- eu disse. _ Você vai ficar bem. Eu estou aqui para ajudá-la.

Mas antes que eu pudesse continuar, o homem que me ajudava foi interrompido por um barulho vindo da porta. Eu me virei e vi um homem alto, tatuado, com cabelo escuro e muito bonito, entrar no porão. Ele parecia furioso e gritou comigo, perguntando como a paciente estava.

_Como ela está?, ele gritou, sua voz ecoando pelo porão.

Eu não tive tempo de responder antes que ele apontasse uma arma para minha cabeça e perguntasse novamente.

_ Eu perguntei como ela está?, - ele repetiu, sua voz mais alta e mais ameaçadora.

Eu não demonstrei medo, mantendo um olhar frio e calmo. Eu me virei para ele e disse. _ Ela está estável, mas se você não deixar eu terminar o meu trabalho, ela irá morrer.

O homem tatuado olhou para mim com uma expressão intensa, como se estivesse avaliando minha resposta. Por um momento, pareceu que ele ia apertar o gatilho, mas então ele abaixou a arma e olhou para a paciente.

_ Terme o trabalho,- ele disse, com uma voz rouca. _ Mas faça rápido. E se ela morrer, eu te mato.

Eu assenti, sabendo que precisava agir rápido para salvar a paciente. Eu comecei a trabalhar novamente, tentando ignorar a tensão no ar e a presença intimidadora do homem tatuado.

Mas enquanto eu trabalhava, eu não podia deixar de notar a forma como ele olha para a paciente, com uma expressão de preocupação e cuidado. É como se ele se importasse profundamente com ela, e eu comecei a me perguntar qual é a relação entre eles.

Eu estava concentrada em terminar o meu trabalho quando um homem mascarado irrompeu no porão, atirando por todos os lados. O caos explodiu ao meu redor e um dos homens grandes que trouxe a paciente pegou ela no colo e saiu correndo para protegê-la.

O homem tatuado me segurou firme pelo braço e me puxou para trás da maca, protegendo-me com seu corpo. Ele começou a atirar contra o atirador, e eu senti meu coração disparar com a adrenalina.

Mas quando olhei para baixo, percebi que havia levado um tiro na coxa e que estava sangrando muito. Eu não senti dor, mas sabia que precisava agir rápido para estancar o sangramento.

Eu tirei o meu jaleco e comecei a fazer pressão sobre a ferida, tentando controlar a hemorragia. O homem tatuado continuou a atirar, e eu podia ouvir os tiros ecoando pelo porão.

Eu não senti medo, apesar da situação crítica. Em vez disso, eu me senti estranhamente calma, como se estivesse observando tudo de fora do meu corpo.

O homem tatuado parou de atirar e olhou para mim, e perguntou. _ Você está bem?

- falou ele com sua voz ameaçadora.

Eu assenti, fazendo pressão sobre a ferida. _ Estou bem, - eu disse. _ Mas preciso sair daqui.

O homem tatuado me olhou por um momento, e então me pegou no colo, carregando-me para fora do porão. Eu não sabia para onde estávamos indo, mas sabia que precisávamos sair daquele lugar o mais rápido possível.

Ele me carregou em direção à porta que dava para a saída dos fundos do hospital. Eu continuava a fazer pressão sobre a ferida, tentando controlar o sangramento.

Nós chegamos à porta e ele a abriu com um empurrão, revelando um beco escuro e deserto. Um carro preto estava esperando por nós, com o motor ligado e as luzes apagadas.

Ele me colocou no banco de trás do carro e entrou ao lado de mim. Ele fechou a porta e o carro começou a se mover, afastando-se do hospital.

Eu olhei para fora da janela, vendo a cidade passar por nós. Ele continuou sem falar nada, apenas olhou para frente, sua expressão dura e determinada. Eu continuei a fazer pressão sobre a ferida, tentando manter a calma.

De repente, o carro parou em um semáforo e eu pude ver a cidade ao redor. Eu não reconhecia o lugar, mas sabia que estávamos longe do hospital.

Ele olhou para mim e logo em seguida disse. _ Segure-se. Vamos ter que nos mover rápido daqui para frente.

Eu não tive tempo de responder antes que o carro arrancasse novamente, acelerando pela rua. Eu me segurei no banco, tentando manter o equilíbrio enquanto o carro fazia curvas fechadas e acelerava.

Fechei o vídro do carro, e quando ele começou a desacelerar eu fui examinar a ferida, vi o buraco de entrada da bala, mas não havia nenhum buraco de saída. Isso significava que a bala ainda estava dentro da minha coxa. Eu sabia que precisava agir rápido para evitar infecção e complicações. Eu olhei ao redor e vi um litro de vodka no chão do carro. Eu o peguei e joguei o líquido na ferida, tentando limpar a área. A falta de sensibilidade devido à minha doença me permitia realizar procedimentos dolorosos sem hesitar.

Com os dedos, eu comecei a procurar a bala dentro da minha coxa. Eu sabia que era um procedimento arriscado, mas eu não tinha escolha. Eu precisava encontrar a bala e removê-la antes que causasse mais danos. O homem tatuado me olhou com uma expressão surpresa, mas não disse nada. Ele parecia entender que eu sabia o que estava fazendo.

Eu continuei a procurar a bala, meus dedos sondando a ferida. Eu podia sentir a textura da bala, mas ela estava mais profunda do que eu esperava. Eu precisava ir mais fundo... De repente, eu senti a bala com a ponta dos dedos. Eu a peguei e comecei a puxá-la para fora. Ele me olhou com uma expressão intensa, mas não interferiu.

Eu continuei a puxar a bala, sentindo-a sair lentamente da minha coxa. Finalmente, eu a tirei para fora e a joguei fora. Eu me senti aliviada, sabendo que a bala não estava mais dentro de mim. Mas agora, eu precisava lidar com a ferida. Eu sabia que precisava continuar a cuidar da ferida para evitar complicações.

_Você é uma mulher de muitas surpresas. Eu não respondi, apenas continuei a examinar a ferida, sabendo que precisava fazer tudo o que fosse necessário para me recuperar.

_Você tem um kit de costura ou um grampeador? Preciso fechar essa ferida o mais rápido possível para evitar infecção.

Ele me olhou por um momento, e então começou a procurar no carro. Depois de alguns segundos, ele encontrou um pequeno kit de primeiros socorros e me entregou.

_Tem um grampeador aqui, - ele disse. _Mas você tem certeza de que é capaz de fazer isso?

Eu assenti, sabendo que não tinha escolha. Eu precisava fechar a ferida e evitar que ela se infectasse. Eu peguei o grampeador e comecei a trabalhar na ferida, tentando fechá-la da melhor maneira possível.

Ele me observou em silêncio, sua expressão intensa e surpresa.