Almas Sofredoras - Parte I

Slady foi jogado violentamente em uma parede, dentro de uma sala. A mulher ruiva estáva ali também, mas algemada e presa.

"Desculpa por te colocar nessa situação."

Slady se sentou, colocando a mão na cabeça, se sentindo mais fraco do que nunca se sentiu. O cientista que tinha jogado-o na parede, deu um sorriso malicioso e furioso.

"O que você se sente ao perder seu amigo e agora voltar ao seu local de criação, Slady!?"

Ele começa a golpea-lo com brutalidade, a mulher ruiva tenta se levantar para defende-lo, mas acaba também tomando um soco do cientista.

"Fica parada, sua vadia."

Ele bufa, dando um último chute no estômago de Slady, saindo da sala.

"..."

Ele apenas permaneceu calado, seus braços envolvendo seu estômago de forma protetiva.

"Coff-coff!"

Ele tosse sangue, a mulher ruiva observa Slady com arrependimento.

"Eles me forçaram á te trazer devolta, eu não sabia o porque, eles são terriveis."

Ela abaixa a cabeça, Slady rasteja até a mulher ruiva, tentando se manter de pé, mas ele acaba caindo sobre o colo da mulher.

Ela se sentiu extremamente desconfortavel com o rosto de Slady em sua coxa, separando as pernas.

"Porfavor, não me toque."

Diz ela, sem rudeza.

"Desculpa..."

Ele se senta ao lado dela, começando a passar a mão sobre o seu protótipo ocular.

"O que vai acontecer?"

"Eu não sei... eu apenas..."

Ela solta um suspiro misturado com um soluço de lágrimas, não conseguindo se soltar das correntes.

"Eles me prendem aqui, me forçam a matar humanos e demônios e depois de tudo isso, eles me colocam em uma simulação de um Inférius e não me tiram dele."

Da aparência fria, as lagrimas começam a surgir. Ela não é capaz de controlar, apenas soltando baixinho.

"Eu não sei quantos *anos* eu fiquei nessa simulação, mas eu não aguento mais isso."

"Nem eu..."

A mulher olha para Slady, querendo entender suas palavras.

"Eu não aguento mais ser preso á mim mesmo, ter minhas emoções absorvidas á cada tempo que se passa, perder as conexões que tanto me importo com conta da minha falta de emoções."

A mulher arregala um pouco os olhos, se sentindo estranhamente parecida com Slady: ambos tinham uma aparência fria, mas uma grande vulnerabilidade escondida. Talvez... só talvez... ela tinha encontrado alguém que poderia confiar.

"Por favor, me ajuda a sair daqui."

Slady olha para ela, ainda completamente machucado.

"Ajudar..."

Ele fecha os olhos, perdendo a consciencia

***

De repente, ele sente um choque doloroso seu peito. Ao abrir os olhos, vê outro cientista que estava arrastando ele pelo cabelo, era um dos que tinha matado Raizer.

'Maldito...'

Apesar da dor, o unico pensamento de Slady era esse, o puro ódio.

Ele foi colocado em uma cama de forma abrupta, o cientista pega uma seringa com Energia Renkai dentro do objeto.

"Vamos para o primeiro teste."

Ele injeta no braço normal de Slady, ele começa a sentir a energia corrosiva fluindo de seu corpo, começando a causar uma dor absurda e cansaço.

"Hmph!!"

Ele cai da cama, começando a tossir sangue e sentir seu corpo desejando por mais daquilo, sentindo uma dor indescritível em seu corpo e um cansaço enorme

'não... eu não posso morrer desse jeito.'

Ele saliva com a dor, sua mente fica embaçada. Mas em pouco tempo, seu corpo começa a eliminar a Energia Renkai. O cientista deu uma risada.

"Olha... pelo visto alguém conseguiu desenvolver um meio de obter mais resistência á Energia Renkai."

Ele pisa no rosto de Slady, cuspindo nele.

"É ridículo que um fracasso como você, conseguiu ser tão esperto quanto alguns dos nossos melhores cientistas."

Slady não conseguiu ter tempo de resistir á Energia Renkai que o cientista já injetou outra seringa em seu pescoço. Mas essa era uma que deixava seu corpo fraco, a causa de seu cansaço constante.

O cientista começa a puxa-lo pelo cabelo devolta a sala de contenção onde estava a mulher ruiva, abrindo a porta e jogando Slady em direção á ela de forma bruta.

"Fica com esse inútil, arma!"

O cientista bate a porta com força, deixando-os sozinhos na sala, a mulher se sentia desconfortavel denovo ao sentir o corpo de Slady tocando no dela. Mas agora com suas mãos livres, ela não usa para atacar, ela usa para envolver Slady em seus braços.

"Por favor... não se sinta só."

Ao sentir seu rosto aconchegado nos peitos macios e firmes da mulher, Slady apenas fecha os olhos.

"..."

Alguns dias depois...

Era a madrugada, Slady e a mulher ruiva estavam no chão com poucas roupas em seus corpos devido aos inúmeros experimentos cruéis feitos em Slady e na mulher.

"Isso parece até ser rotineiro pra você..."

Diz Slady em tom baixo, a mulher solta um suspiro trêmulos.

"Mas mesmo assim, é terrível."

Diz a mulher, então Slady apenas olhou para ela com um olhar sem emoção

"eu não lhe questionei sobre seu nome..."

"É Ferinish, Ferinish Lawhell."

"Nome estranho, mas bonito."

"Eles que me deram esse nome. O seu nome parece um tanto feminino, Slady."

Diz a mulher, agora nomeada, Ferinish Lawhell.

"Tinham-me perguntado o meu nome uma vez... eu nem sabia oque era isso. "Slady" foi a única coisa que acabei pensando no momento."

"E como esse nome surgiu em sua mente, Slady?"

Slady coloca a mão sobre a têmpora, suspirando.

"Uma vez me chamaram de lady, tinham me confundindo com uma mulher."

Ferinish deu uma risada baixa, ela parecia muito mais calma com aquele homem, mas ainda não tinha perdido sua natureza fria.

"Entendo."

Ferinish se deita no chão frio, encarando o olho biônico de Slady através da escuridão.

"Você é a primeira pessoa que converso de verdade, você não é um homem ruim, Slady."

Naquela sala tão fria, mesmo com seu poder de manipular o fogo, Ferinish ainda se sentia com frio. Tomando coragem, ela se aproxima de Slady e envolve os braços envolta dele, meio hesitante com o toque.

Slady tinha ficado surpreso, nunca tinha sido abraçado de forma não íntima, mas também sentia a necessidade de se esquentar, então ele se aconchega nela e aceita o abraço.

Naquele momento, Slady tinha percebido que, aquela mulher, Ferinish. Mesmo que em termos de força, ela era exatamente seu oposto. Forte, poderosa, uma verdadeira máquina de matar. Mas também, ele notou suas semelhanças com ela e suas vulnerabilidades por baixo de uma máscara de frieza.

Ele se sentiu bem com ela, mesmo a conhecendo por poucos dias, ele se sentiu... verdadeiramente conectado

No meio da noite, Slady acorda e sente seu corpo... em chamas? Mas não queimava nem a si ou suas roupas, apenas esquentava seu corpo.

'Ela que fez essas chamas?'

Ele olha para Ferinish, notando que ela realmente estava envolvendo-o em chamas, mas em chamas inofensivas. Ele se separou do abraço um pouco, sentindo a chama começando a se apagar e o frio começando a retornar.

Por instinto seu corpo se moveu para Ferinish, que era a fonte do calor, ela também tinha se movido um pouco durante o sono, envolvendo Slady com um abraço mais forte ainda.

Normalmente, ele se sentia desconfortavel com abraços também, mesmo que viessem de Elisa ou Shaphira. Mas com aquela mulher, ele sentiu algo estranho... algo que nunca tinha sentido... um desejo de retribuir, não por respeito ou empatia, mas por realmente querer.

Mesmo com ambos usando poucas roupas devido aos experimentos, Slady a abraçou de verdade, aumentando mais a intensidade daquela chama.

Dessa vez, o corpo de Ferinish não ficou tenso ou extremamente desconfortavel com seu toque, mas sim... como se tivesse em paz naquele momento.

Duas almas sofredoras e solitárias, finalmente encontrando um conforto verdadeiro e a paz em seus corações tão frios e aos mesmo tempo, tão feridos.

***

Bem cedo da manhã, uma mulher cientista entra na sala, segurando duas seringas tranquilizantes. Ao entrar, ela só vê Ferinish deitava sobre o chão.

"Onde ele-"

Bang.

Slady aparece por trás dela, dando um tiro na cabeça com a pistola que tinha conseguido recuperar e tinha colocado um silenciador.

"É hora da vingança."

Slady se abaixa, pegando as roupas de cientista e o crachá da mulher. Ele começa a andar pelos corredores, entrando em uma sala onde tinha suas roupas, as roupas de Ferinish e a espada dela.

'Eles são mais meticulosos com ela.'

Slady pegou suas roupas e as vestiu com rapidez e em silêncio, pegando o kinomo de Ferinish e sua espada, voltando para a sala de contenção.

"Mulher, acorde."

Ele diz em tom baixo, dando tapinhas suaves no rosto de Ferinish. Mas ele sentiu as pernas dela envolvendo seu pescoço e simplesmente neutralizando ele na hora.

'Me esqueci que ela odeia o toque.'

Ferinish acorda, separando as pernas do pescoço de Slady.

"Desculpa."

Ela se senta no chão e vê que Slady tinha recuperado as coisas dela.

"Oh céus... como você fez isso?"

"Isso não importa."

Ele joga a espada e o kinomo pra Ferinish que rapidamente se veste e segura a espada em mãos... com sua expressão ficando muito mais sombria e fria.

"É a nossa hora de fugir daqui."

Sem perder tempo, os dois começam a invadir diversas salas e matar todos os cientistas que estavam dormindo ou acordados naquele horário.

Mas ao entrar em uma sala específica, Slady olha para uma cena com... nojo.

Era uma sala incubada, onde tinha pequenas incubadoras que guardavam pequenas criaturas deformadas e molengas, algumas possuindo diversos olhos, outros nem tinham nada, basicamente sendo forçados á não morrerem de algum modo bizarro.

Slady, alguém que tinha presenciado as piores coisas que um homem já poderia presenciar, ficou enojado com o fedor e a visão grotesca daqueles humanos feitos em laboratório.

"..."

ele anda pela sala, encontrando um computador em seu centro e começa a procurar informações sobre aqueles humanos e até mesmo sobre Ferinish.

Mas um deles o surpreendeu:

***

*a data do documento não era especificado, mas tinha-se "000". Na linguagem cientista local, seria séculos.

"O Primeiro Sucesso"

*A imagem era de um corpo nu e 'inconsciente', fraco. Mas o fato do seu cabelo ser naturalmente grande e de outros detalhes em seu corpo, fez Slady reconhecer que não era qualquer criação...*

*Era ele mesmo.*

"De acordo com o experimento, o corpo não foi despertado nem com as choques elétricos mais potentes. Deverá ser descartado para ser consumido pelas Criaturas Renkais em uma floresta afastada de Libretãnhya, ou melhor, de toda a sociedade."

"Um sucesso ou falha? Ambos, seu corpo e potencial não poderá ser usado devido a falta de consciência. Mas a fórmula e método utilizado para criar o corpo, seja feminino ou masculino será igual ou próxima ao semelhante."

***

Então era isso que Slady era... uma arma que seria usado e abusado até chegar um substituto ou perder sua utilidade, sendo descartado.

Ele nem conseguiu buscar por mais informações sobre Ferinish, pois acabou esmagando a tela do computador com a mão biônica.

"Não... isso não importa... nunca importou."

"Óbvio que se importa, Slady."

Truth aparece ao lado de Slady, soltando um suspiro.

"Isso mostra como você, junto comigo, acabamos nascendo. Ou melhor, você nascendo e eu dentro de sua mente."

"Por favor, cale-se."

"Espera aí...!"

Trurh nem deu tempo para se explicar, Slady ja tinha a expulsado de sua mente.

Ao retornar aos corredores, ele se depara com Ferinish em sua frente, segurando sua espada e com apenas seus olhos frios o encarando na escuridão.

"Você já fez isso?"

"Sim."

Ela anda em direção á Slady, ficando parada na frente dele.

"Vamos embora, juntos."

Ela estende a mão para Slady, que segurou a mão dela com firmeza. Ferinish sentiu um arrepio com o toque, mas se esforçou em manter as mãos dadas.

Ao começar andar pelos corredores, Ferinish quebra a porta de uma sala com um chute.

"Aqui era a rota de saída que..."

Ferinish olha para o local vazio da sala, onde deveria ter um Inférius para poder escapar.

"Eles provavelmente sabiam que algo poderia acontecer, então decidiram enfrentar e fechar o Inférius para a gente não escapar."

Diz Slady.

"Droga."

Ainda mantendo as mãos dadas com a de Slady, quase naturalmente, ela continua a leva-lo para diversas salas.

"Onde fica essa saída?"

Murmura Ferinish pra si mesma, olhando para uma porta.

"Deve ser essa."

Ao tentar puxa-la, não conseguiu, a parte digital da porta pediu senha. Slady suspira e se vira de costas, indo separar as mãos...

"Eu vou procurar a senha-"

Bum!!

Ferinish puxou Slady devolta para sua mão enquanto ela acabou destruindo a porta com um único chute.

"Você acha que sou uma mulher fraca, Slady? Estás enganado."

"Eu nunca disse nada."

Após a frase de Slady, uma voz ecoou no local.

"Porta de saída foi destruida, preparando para eliminar o intruso!"

Antes de poder pensar, diversas armas de fogo surgiram de dentro das paredes do local, começando a disparar contra os dois. Slady rapidamente se jogou no chão junto com Ferinish, com suas garras mecânicas surgindo das costas e começando a cortar todas as munições em alta velocidade

"..."

"..."

Os dois só ficam se encarando por alguns bons segundos com Ferinish por baixo de Slady e ele por cima.

Após as munições das armas de fogo acabarem, uma voz ecoou novamente.

"Intruso não foi eliminado, sistema de auto destruição dá área de saída ativada."

Slady e Ferinish saem de cima do outro com rapidez e começam a correr em direção á saida, que era diversos corredores em um estilo de labirinto.

10...

9...

8...

7...

6...

5...

4..

3...

2...

1...

No último segundo, os dois conseguem chegar á saída na hora da explosão, seus corpos são lançados pelo ar com velocidade, Ferinish rapidamente envolveu o corpo de Slady com o seu em um instinto de proteção, então os dois caem em uma superfície gelada e com neve.