Bem cedo de manha, a mulher soldado estava na frente da cabana onde Slady e Ferinish estavam. Segurando sua lança com firmeza, ela bate na porta com uma certa força.
"Em nome Fraizen, abra essa porta!"
...
Ninguém respondeu, então ela bate com mais força.
"Se não abrir, eu irei quebrar essa porta!"
...
Ninguém respondeu, então, a mulher soldado da um chute forte na porta, fazendo seu material frágil e pouco resistente se chocar contra a parede e quebrar em diversos pedaços.
Ao andar pela cabana, a mulher soldado anda até o quarto, onde não tinha nenhuma porta. Mas ao entrar no cômodo...
Não havia ninguém.
Então ao escutar um som de passo por trás dela, a mulher gira com velocidade, preparando um golpe com sua lança de gelo.
Mas o golpe foi segurado pela espada de Ferinish, que a mesma estava segurando e impedindo o golpe.
"..."
Ela apenas encarava a mulher soldado com um olhar frio. A mulher soldado se preparou para chuta-la, dando um chute bem em seu estômago... mas Ferinish permaneceu completamente indiferente ao chute.
Ela rapidamente coloca a mão no pescoço da mulher soldado e a choca contra parede.
"Quem é você...?"
"Ahhh..."
Ela fica sufocada, tentando respirar, mas ela se sentia completamente fraca comparada com Ferinish, que apenas afrouxou um pouco o aperto para não bloquear a entrada de ar dela.
"Eu vou repetir apenas mais uma vez, quem é você?"
Os olhos de Ferinish ficam mais intensos e penetrantes, quase agoniantes de os encarar diretamente. A mulher soldado tenta manter seu orgulho, olhando para ela bem nos olhos.
"Eu sou... A guardiã... De vossa majestade..."
Ferinish a solta no chão, fazendo a mulher soldado tentar recuperar o oxigênio. Ela pega a lança da mulher e aponta em direção ao pescoço dela.
"Não se mexa um centímetro daqui."
Ela coloca a lança no chão, se afastando e saindo da cabana. Ao andar pela floresta, ela observa as árvores com fragmentos de gelo em sua volta, soltando um profundo suspiro, saindo a fumaça gelada de seus lábios.
Ao se aproximar de um lugar específico, ela se encontra com Slady, que estava sentado em um pedaço de madeira e comendo peixes que tinha pego.
"Posso comer com você?"
"Sim."
Slady deu um espaço á ela, que aproveitou e se sentou ao lado dele, pegando um pouco do peixe dele e colocando em sua língua, mastigando e engolindo.
"Faz muito tempo que não me alimento de algo desse tipo... é delicioso."
Ela fecha os olhos, se inclinando inconscientemente para a direita, percebendo que acabou se deitando no colo de Slady, que apenas permitiu e continua a se alimentar
"Desculpa."
Ela tenta se levantar, mas Slady pressiona a cabeça dela contra as pernas, não deixando ela sair.
"Seu corpo menos tenso assim, se entrega um pouco."
Diz Slady, pegando um pedaço de peixe e colocando nos lábios de Ferinish. Ela abre a boca e come o alimento, tentando se soltar mais e relaxar no colo dele
"Ainda é difícil pra mim."
Mas então ela acaba se lembrando.
"Slady, tem uma mulher em nossa cabana."
Slady permaneceu inexpressivo, apenas comendo seu peixe.
"Hmmmm..."
***
Na cabana, Slady coloca os braços da mulher soldado para cima, prendendo em uma corda, deixando-a em uma posição vulnerável.
"Não vamos te machucar, apenas quero seu nome e entender o porque de você estar aqui."
Slady se senta na cama e Ferinish ao lado dele, que permaneceu em silêncio.
"Meu nome é Carolina Silver. E eu fui enviada por Fraizen, vossa majestade para traze-los para o nosso reino."
Disse a soldado mulher, que se sentia imponente, sentindo o frio atingindo a sua barriga, que estáva exposta devido aos braços para cima, fazendo sua roupa ficar levantada.
"Reino? Qual?" -- Pergunta Slady.
"Estamos no reino de Ice Storm, que é comandado por nossa rainha, Fraizen."
"Entendo."
Slady solta um suspiro, olhando para Ferinish, em busca de mais perguntas. Então a mulher toma a frente.
"A gente pode até ir lá, mas nós queremos que você nos dê uma moradia garantida. Mesmo que seja em aluguel." -- Disse Ferinish.
'Ela é boa nisso.' -- Pensou Slady.
"Sim, iremos te garantir alguns dias de moradia gratuita em uma taverna local. Mas após isso, vocês irão paga-lo."
Slady e Ferinish se olham por alguns segundos e acenam positivamente com a cabeça.
***
Ao andar pelo reino, Slady e Ferinish olham ao redor, memorizando o local que estavam.
O reino era belo, suas casas eram feitas de madeira para absorver um pouco do frio e serem mais quentes, igualmente como seus lugares comerciais. Mas apesar de muito bem contruido, havia muitas pessoas magras, não por genética ou treino, mas pela própria fome.
Apesar de fria, Carolina é bem recebida pela comunidade do reino, muitos com respeito, outros com medo, mas apenas pela curiosidade.
Slady e Ferinish eram vistos com olhares curiosos e até preconceituosos, mas sem hesitar nada na frente da soldado.
Ao entrarem em uma taverna local, havia muitos moradores por lá, tomando bebidas quentes em sua maioria. O gerente do local, um homem adulto de por volta de 45 anos, olhos castanhos, cabelo preto, um corpo musculoso e roupas que lhe dão um ar de simplicidade, olhava para Carolina com respeito e para a dupla, com curiosidade.
"Bem vinda, nossa guardiã. Quem você trás aqui?" -- Pergunta o gerente.
"São duas pessoas que encontrei perdidos nos arredores. São pessoas boas, mas ainda não tens moradia ou algo que possa pagar por um aluguel. Você pode me oferecer um dos quartos de sua taverna, por favor?" -- Responde Carolina com um tom mais calmo, considerando a última interação que tiveram com os dois. E perguntando educadamente.
O gerente olha para ambos com um olhar analítico, querendo ver se possuem armas ou má intenções. Mas com a aprovação de Carolina, ele apenas concorda com a cabeça.
"Claro. Mas depois, eles tem que pagar pelo aluguel." -- Respondeu o gerente.
"Eles concordaram com isso." -- Disse Carolina
"Ótimo... vocês vão para o quarto número quinze." -- Disse o gerente, anotando em um papel com uma caneta.
Carolina deu um sinal com a cabeça para Slady e Ferinish irem para um quarto, mas sem antes de um olhar de: "Não façam besteira" dela.
Em silêncio, Slady e Ferinish andam até algumas portas da tavernas. As pessoas olharam para ambos com uma estranheza, mas ignoraram.
Ao entrar no quarto, Slady e Ferinish se deparam com um local limpo, uma cama de casal, um armário com algumas roupas femininas e masculinas bem simples e um banheiro para necessidades e banho com uma placa na porta escrito: "economize a água".
Os dois suspiram ao mesmo tempo, sem ter dito uma sequer palavra até agora, então eles se deitam na cama juntos, sem ligar muito de só ter uma cama pra dormirem.
"Precisamos de um banho." -- Comentou Ferinish.
"Sim." -- Disse Slady.
"Quer ir primeiro?" -- Pergunta Ferinish.
"Não, pode ir você."
"Slady, a gente não vai começar essa discussão denovo." -- Disse Ferinish
Então... Os dois ficam discutindo entre si sobre quem vai tomar banho primeiro. Normalmente, as pessoas ficariam discutindo aos gritos, tentando mostrar aquele que domina no relacionamento, seja na amizade ou algo a mais. Mas no caso de Ferinish e Slady, foi apenas uma discussão bastante calma que terminou com Ferinish indo tomar o banho.
Ela pegava as roupas femininas e anda até o banheiro, dando um olhar frio para Slady, mas sem raiva ou maldade.
"Não me olhe dentro do banheiro, Slady."
"Não vou olhar."
Ferinish então entra no banheiro, Slady se deita na cama, agora perdido em pensamentos em relação á tudo, sobre suas filhas adotivas, seus amigos, seu trabalho...
'Eu estou com saudade delas...Shaphira... Elisa... será que elas estão bem?'
Nem deu muito tempo para seus pensamentos se aprofundarem, pois Ferinish já saiu do banho, vestindo roupas mais simples e humildes da taverna.
"É sua vez." -- Disse Ferinish, cruzando os braços á frente do peito.
"Claro, descanse por enquanto."
"Vou tentar."
A expressão de Ferinish se suaviza e se deita na cama e Slady se levanta da cama e vai ao banheiro, começando a retirar as roupas.
Ao ver seu peitoral nu, Slady se observa no espelho, notando sua palidez devido ao frio, a barba em seu rosto começando a surgir em seu rosto, algo que não lhe encomoda tanto e, claro, seu corpo todo marcado de cicatrizes.
"..."
Ao entrar no box, Slady se depara com o kinomo de Ferinish no chão. Ao pegar o tecido do chão, ele nota que não havia uma sequer roupa íntima acompanhada. Ou seja, Ferinish não vestia nada por baixo daquele kinomo.
"Será que preciso ajuda-la a comprar roupas íntimas para mulheres? Deve ser difícil ficar em sociedade quando a maioria de sua vida inteira foi ficar em uma simulação por anos."
Ao abrir o chuveiro, Slady começa a limpar as próprias roupas e o kinomo de sua amiga. E após terminar todo o processo e de limpar a si mesmo, Slady veste as roupas humildes da taverna e saiu do banheiro, vendo que Ferinish estava encolhida na cama, tremendo de frio.
"O que foi?"
Slady rapidamente guarda as roupas limpas e secas no armário e cobre o corpo de Ferinish com a coberta que tinha.
"Eu não estou com o meu kinomo, eu sempre uso ele."
"Entendo."
Para tentar esquenta-la, Slady envolveu os seus braços envolta do corpo de Ferinish, que se sentiu bastante desconfortavel com o toque inicial. Mas ao perceber que não havia maldade e que era especificamente Slady a quem envolvia seu corpo em seu braço, ela se acalmou mais e se encolheu, vendo aquele gesto mais como um casulo de calor do que um abraço realmente.
"Obrigada."
Ela escondeu o rosto aonde estava crescendo a barba de Slady, achando um local quente e confortável, apesar de muito próximo dele. Eventualmente, Slady começa a pegar no solo e acabar dormindo, pelo resto da tarde.
No início da madrugada, Slady acordou e se levantou, notando as estrelas através do vidro, as ruas com bastante neve em suas calçadas e, claro, o lindo castelo de gelo que ficava em destaque no reino de Ice Storm.
Ele se separou de Ferinish e se levanta, se lembrando de algo que tinha que terminar...
***
No laboratório, onde tinha bastante destroços, ainda havia uma área específica que Ferinish não tinha matado ninguém junto com ele. Um local que não tinha sido afetado pela destruição.
Em uma parte subterrânea, Slady usava um crachá roubado de um dos cientistas para abrir uma sala de contenção. Onde tinha os quatro cientistas que tinham matado Raizer.
"Eu quase me esqueci de vocês."
Ele ajusta o sobretudo e começa a preparar os equipamentos de tortura.
Um dos cientistas, aquele que tinha feito experimentos com Slady acabou falando.
"Pare com isso! A gente só quer fazer avanços pela ciência, não é nada pessoal!"
Uma das mulheres...
"Por favor, a gente se arrepende de tudo que fizemos e, principalmente, de ter te abandonado quando te criamos."
Slady olhou para o quarteto.
"Criar, hm? Eu infelizmente acabei me lembrando dessa maldita verdade..."
Ele se senta em uma cadeira, á frente deles.
"Mais de duzentos anos atrás, cinco anos antes de vocês criarem a Ferinish, vocês tinham o objetivo de criar uma arma que poderia lutar contra o Inférius e poder dar muito dinheiro á vocês."
Com o olho bionico, ele começa a ler um documento.
"Vocês tentaram muitas vezes, mas acabaram criando aqueles humanos gosmentos e condenados a sofrer para sempre por causa de seus experimentos. Quando conseguiram criar a mim, projeto... vocês nem me nomearam."
Slady franziu a sobrancelha, olhando para os cientistas com um olhar frio e continuou a ler.
"Viram que minha consciência não tinha despertado e me despejaram em uma floresta para morrer. Usaram as técnicas que utilizaram em mim para criar a Ferinish, um projeto de sucesso. Fazendo-a ficar por mais de um século em uma simulação por causa de seu medo sobre tudo ao seu redor, fazendo ela ter medo de se relacionar com qualquer tipo de pessoa, vocês a destruiram." -- Disse Slady.
"Isso foi tudo pelo bem da humanida-"
"CALADOS!"
Slady deu um golpe na mesa com a sua mão bionica, quebrando o seu material.
"Vocês a usaram como se fosse um robô! Onde quando perder sua utilidade ou criar algo melhor ainda, vocês a descartariam como objeto!"
Os cientistas ficaram chocados com Slady, nunca viram alguém tão inexpressivo agora tão furioso.
Ele joga o documento para longe da sala e pega seringas e alguns objetos de tortura e experimentos.
"Eu era um fracasso pra vocês, onde descartaram. Ferinish era um sucesso para vocês, onde abusaram. E minha filha, Shaphira, seria um futuro experimentos pra vocês."
Ele encheu a seringa com Energia Renkai e algumas substâncias.
"Eu quero ver como vocês se sentiram se essa sensação foi atribuída á vocês. Eu quero ver se seus métodos de reverter a idade de vocês irá ser tão poderoso quanto os meus métodos para tornar a noite de vocês, um inferno."
Os cientistas estavam em lágrimas, chocados, aterrorizados, mas sabiam de uma coisa.
Eles não poderiam escapar de seus destinos.
Depois de 200 anos, o mais inesperado para aqueles cientistas aconteceu. Todos os seus atos tão cruéis feitos pela "humanidade" serão pagos nesta noite.
Horas depois...
Slady estáva espalhando gasolina pelo laboratório, onde o líquido estava misturado com algumas substâncias que, ao entrar em contato com o fogo, causariam uma explosão em grande escala.
"Hmmm~hmmm..."
Após terminar de espalhar a gasolina, Slady segura um cigarro acesso em suas mãos e um papel em formato de documento com os experimentos que tinha feito aos cientistas.
"Talvez eu seja pior que eles, tão cruel quanto eles, mas esse passado será apagado..."
Ele joga o cigarro na gasolina, que começou a espalhar o fogo envolta do laboratório. Slady se afastou e ficou próximo ás árvores, observando o sol nascer pelo horizonte.
"Uma explosão de bom dia para o pessoal desse reino? Será interessante..."
Então ocorre a explosão, destruido todas as evidências do que Slady tinha feito, as vidas que foram criadas e abusadas por aqueles cientistas e seus documentos que provariam suas existências.
"Adeus, meus criadores... e suas obras que descansem em paz."