Amaldiçoada (3)

"Não invejo mais que você esteja sendo cortejada por Tyrion. As mulheres que terão você como alvo serão uma dor de cabeça. Infelizmente, ninguém jamais será convencido de que você não quer acreditar que não quer o príncipe," disse Lily, pois ela também não acreditava nisso.

"Elas acreditariam se eu pegasse uma das casas do meu pai e nunca me casasse? Posso levar um ou dois gatos e viver uma vida tranquila e agradável. Isso não soa adorável?" perguntou Penelope.

"Talvez para uma velha solteirona, mas você é jovem. Dê um tempo, e você começará a aproveitar a temporada. Por enquanto, não se preocupe, mãe," disse Lily, sorrindo quando se aproximaram de Alessandra.

Alessandra beliscou a bochecha de Lily. "Sei que você está tentando esconder algo. Devo sentar com as mães das outras jovens enquanto você se senta com suas colegas. Prefere que eu me sente com você?"

"Não," Lily balançou a cabeça. "Precisamos aprender a lidar com esses eventos sozinhas. Pode não demorar muito até que estejamos casadas e tenhamos que comparecer por conta própria. Ficaremos onde você possa nos ver, e temos Reed."

Alessandra planejava ficar de olho em suas filhas. Era assustador depois dos eventos do baile, mas ela não poderia sempre permanecer ao lado delas quando estavam aprendendo a ficar por conta própria.

"Reed, ao primeiro sinal de perigo, vá para a carruagem e parta. Eu encontrarei meu caminho com meu guarda," ordenou Alessandra a Reed.

"Sim, Duquesa," respondeu Reed.

Penelope observou enquanto sua mãe se juntava novamente à anfitriã. "Ela precisa dessa distração mais do que qualquer um. Eu só quero encontrar um lugar para sentar até que seja hora de partir."

Penelope olhou ao redor procurando um lugar onde pudesse estar à vista de sua mãe, mas também longe da multidão.

Lily agarrou a mão de Penelope antes que ela pudesse ir se sentar. "Sei que começou terrível, mas não estou pronta para sentar. Podemos evitar Amelia e falar com as outras damas de quem gostamos. Por mim," implorou Lily.

Penelope suspirou. "Estou me juntando a você já que há apenas um guarda para compartilhar."

Lily começou a puxar Penelope em direção a um grupo de suas amigas, mas antes que pudessem chegar lá, Penelope sentiu algo molhado jogado sobre ela.

Penelope parou e olhou para o lado de seu vestido azul claro, que estava manchado com o que parecia ser vinho. Ela ouviu risadas e, ao olhar para cima, avistou uma criada aterrorizada que olhou na direção de Amelia.

Penelope tinha certeza de que era uma armação para arruinar seu vestido, mas ela não queria ir atrás da criada que foi usada para isso, nem queria confrontar Amelia, que negaria.

No final, a criada levaria a culpa e perderia seu trabalho.

"Ela-"

"Não," Penelope impediu Lily de ir até Amelia. "Não vale a pena. A maior parte não me atingiu. Só preciso de água e um pano."

"Sei onde ir," disse Lily, ficando perto de Penelope para esconder as manchas.

Lily estava disposta a apostar que Amelia pensava que isso tinha acabado, mas não tinha.

Penelope e Lily foram em busca do toalete. Elas foram seguidas de perto pelo guarda Reed.

Como a anfitriã era amiga da mãe delas e elas haviam visitado muitas vezes no passado, sabiam onde ir no segundo andar. Era tranquilo lá com apenas as criadas passando.

Lily ajudou Penelope o melhor que pôde para se livrar das manchas.

"Você não conseguirá esconder algumas manchas. Deveria ter usado o vestido vermelho que escolheu primeiro," disse Lily, arrependida por ter convencido Penelope a não usá-lo.

"Está tudo bem. A maior parte está desbotada, e o resto está em um lugar onde você teria que olhar com muita atenção para ver que algo está errado. Chega de água," disse Penelope, não querendo ficar ainda mais encharcada.

"Foi obra da Amelia. Tenho certeza disso," disse Lily.

"Sei que foi ela. Ela sempre foi infantil e usa seu status para coisas erradas. Devemos voltar antes que preocupemos a mãe," disse Penelope, percebendo que estavam ausentes por muito tempo.

"Você está estranhamente calma. Eu teria encharcado ela com mais do que vinho," disse Lily, seguindo Penelope para fora da porta. "Por que você parou?" Lily perguntou depois de esbarrar na irmã.

A atenção de Penelope estava em uma varanda não muito longe de onde ela estava, pois a jovem que estivera lançando olhares furtivos para ela estava sentada na borda do muro da varanda. "Isso é perigoso. Reed," Penelope ordenou que seu guarda fosse.

"Ela está chorando?" Lily perguntou, intrigada pela aparência da jovem. "Quem é ela?"

"Não sei," respondeu Penelope, aproximando-se para ouvir. "Será que ela foi provocada?" Ela se perguntou. Elas teriam perdido de vista a jovem quando entraram no toalete?

Não era incomum que algumas das damas que frequentavam esses eventos provocassem umas às outras, e muitas vezes essas provocações não eram brincadeiras. Elas poderiam ser muito mais perigosas do que jogar uma bebida no vestido de alguém.

"Afaste-se!"

"Reed!" Penelope chamou, correndo atrás de Reed para detê-lo.

Com o quanto a jovem ficou abalada, Penelope adivinhou que ela estava aterrorizada com Reed. Sua estatura alta e olhar sério assustariam qualquer um.

Penelope entrou em pânico quando viu a jovem olhando para onde ela poderia cair. Ouviam-se conversas e suspiros, o que significava que os convidados perceberam o que estava acontecendo ali.

"Lily, vá encontrar Lady Thea. Ela saberia quem ela é e poderia ajudar," disse Penelope suavemente.

Penelope então deu pequenos passos em direção à varanda. Ela tocou os braços de Reed para colocá-lo atrás dela. "Ela está com medo de você. Ela está tremendo."

Penelope presumiu que a jovem pudesse ter medo de homens.

Reed estava desconfiado do comportamento da jovem. Ele havia notado alguém os seguindo lá dentro, e ela foi ousada o suficiente para passar por ele enquanto ele guardava a porta anteriormente. A mesma jovem que queria cair do muro não estava angustiada quando ele a viu pela última vez.

"Não faça isso," Reed advertiu Penelope. "Precisamos ir."

"Se formos embora, ela pode pular. Nunca conseguirei viver com isso. Fique por perto para me ajudar se ela escorregar," sussurrou Penelope.

Penelope continuou a se aproximar lentamente de onde a jovem estava sentada na borda da varanda. "Meu nome é Penelope Collins."

"Eu sei quem você é," disse Sarah, a jovem sentada na borda. Lágrimas cobriam seu rosto enquanto ela continuava a olhar para onde precisava cair.

Sarah agarrou o muro, pois não queria cair, mas tinha que fazê-lo. Ela não teria outra chance como esta, e se voltasse sem cumprir o plano, estaria morta de qualquer maneira.

"Não quero um homem por perto," disse Sarah, abalada pela visão de Reed. Isso trouxe lembranças terríveis.

"Ele é meu guarda, e ele não vai se aproximar," prometeu Penelope.

Penelope se aproximou de Sarah pouco a pouco. "Por favor, reconsidere. Posso ajudá-la," disse ela, estendendo a mão para Sarah.

Os choros de Sarah se transformaram em soluços incontroláveis enquanto ela agarrava a mão de Penelope. Cada lágrima que caía estava cheia de arrependimento pelo que ela estava prestes a fazer. Ela esperava que Penelope, sendo fria como os rumores diziam, a ajudasse a se sentir melhor sobre isso, mas Penelope foi gentil o suficiente para tentar salvá-la.

Essa gentileza apunhalou Sarah no coração.

"Ele me colocou nisso," Sarah sussurrou, dizendo um pouco para ajudar Penelope. "Ele tem algo a acertar com sua família."

Penelope ficou confusa com o que Sarah falava. "O que-"

"Não me machuque. Solte-me, Penelope! Não faça isso comigo!" Sarah gritou o mais alto que pôde para criar uma cena na mente dos convidados abaixo.

Penelope soltou a mão de Sarah e recuou, perplexa com a reação repentina. Ela não havia machucado Sarah.

Reed interveio, aproximando-se de Penelope para afastá-la da mulher que gritava.

Antes que Penelope pudesse questionar Sarah, ela testemunhou Sarah se inclinar para trás até não estar mais sentada no muro.

Penelope escapou do aperto de Reed e correu para a borda, esperando que por algum milagre pudesse pegar Sarah, mas era tarde demais.

Sarah já havia atingido o chão abaixo, assustando os convidados que tiveram o infortúnio de vê-la cair.

"Ela a empurrou. Penelope Collins a empurrou."