Eu preciso fugir!

***O Dia do Casamento***

Três dias passaram rapidamente, e todos no palácio começaram a se preparar para o casamento entre o Rei e a Rainha. O palácio estava silencioso, mas a excitação no ar era intensa. Embora todos tivessem cuidado para não fazer barulhos que pudessem irritar o rei, isso não impedia a felicidade que sentiam por dentro.

A grande cozinha estava agitada enquanto o chef e os Omegas realizavam suas tarefas. Os guardas estavam em alerta, prontos para qualquer coisa que pudesse acontecer naquele dia.

O Rei frio e cruel finalmente iria se casar, é claro que era motivo de alegria... não porque realmente acreditavam que ele havia encontrado o amor, mas porque esperavam que a Rainha pudesse ser aquela que mudaria seu coração gelado e traria luz de volta aos corredores sombrios do palácio.

"Minha Rainha, por favor, relaxe, seu corpo está muito tenso." Uma das estilistas disse suavemente enquanto ajustava os tecidos do vestido de Elena. "Você precisa lembrar que tudo ficará bem." Ela acrescentou.

Das vinte jovens que estavam ajudando Elena a se vestir para seu grande dia, apenas a estilista mais velha, Rebekah, podia falar. As outras jovens estavam com muito medo de falar diante da Rainha. Já era uma honra ajudá-la a se vestir, elas não queriam abusar da sorte.

"Sim, minha Rainha, tudo ficará bem. Hoje será mágico!" Irene guinchou de excitação, apoiando o queixo em ambas as mãos, suspirando como uma criança. Irene não estava ajudando Elena a se vestir, mas como criada pessoal da Rainha, era normal que estivesse onde quer que a Rainha fosse.

Elena soltou um suspiro profundo. Ela nem conseguia explicar como se sentia naquele momento. Sentia tantas coisas, tantas emoções que tentavam esmagá-la por dentro. Estava com medo, nervosa e insegura ao mesmo tempo. Definitivamente não estava pronta para nada disso, mas que escolha ela tinha?

Se alguém tivesse dito a Elena anos atrás que ela se casaria com o mais poderoso Rei de toda a terra dos lobisomens e até seria chamada de 'Rainha', ela teria dado um tapa na cara da pessoa por soltar tais palavras absurdas.

Tudo parecia um sonho. Um sonho bom e ruim ao mesmo tempo. Era um bom sonho porque ela havia deixado aquela masmorra e teve uma mudança de status... mesmo que não merecesse. E um sonho ruim porque ela estava literalmente se casando com o Deus da Morte! Um homem que poderia acordar um dia e decidir que ela não serviria mais para nada e então matá-la.

Oh, deusa da lua, ajude Elena!

"Pronto!" Rebekah anunciou, afastando-se para admirar a obra-prima no corpo de Elena. A outra estilista recuou, completamente maravilhada. Não só o vestido era lindo, mas Elena o usava perfeitamente. Ela realçava a beleza do vestido.

O queixo de Irene caiu, seus olhos se arregalando com puro espanto enquanto ela juntava as mãos no peito. "Você parece uma deusa... Não, como uma Rainha que nasceu das chamas do poder e envolta no sangue da realeza," ela suspirou, quase em lágrimas. "O Rei Killian não conseguirá tirar os olhos de você." Ela acrescentou, claramente ainda presa em sua fantasia e acreditando que algo mágico poderia acontecer entre o Rei e a Rainha.

O olhar de Elena se voltou para o espelho alto à sua frente e, por um momento, ela não reconheceu a mulher que a encarava de volta. Ela estava deslumbrante, como uma verdadeira Rainha. Sua maquiagem estava perfeitamente feita, e o vestido... era perfeito, feito de veludo vermelho profundo e rico — uma cor que complementava tão bem sua pele de porcelana. O decote ombro a ombro levava a um corpete que moldava a cintura de Elena, acentuando sua figura com um toque ousado, mas elegante. Bordados dourados decoravam o corpete e fluíam pela saia, dando-lhe um aspecto mágico e gracioso. Cada ponto parecia sussurrar poder e submissão, beleza e destino — cada centímetro do vestido gritando: Esta é a noiva de um Deus.

Se Elena estivesse se casando com o amor de sua vida, teria derramado lágrimas ao ver o vestido, mas tudo o que sentia naquele momento... enquanto se estudava no vestido, era medo e ansiedade.

Tudo estava acontecendo rápido demais.

Um sino tocou alto, indicando que a cerimônia estava para começar e que o Rei já estava esperando por ela em um dos salões reais.

Elena engoliu em seco, arrepios se formando em sua pele. Ela não havia dito uma palavra o tempo todo, pois ainda estava muito nervosa. Com certeza não estava pronta para nada disso.

Embora o plano inicial fosse desfilar pela cidade e depois ter um pequeno casamento nos fundos, o Rei Killian decidiu mudar os planos depois de descobrir que Elena estava muito nervosa para conhecer seu povo. Ele decidiu fazer um pequeno casamento no Salão Real e, quando Elena se sentisse pronta, eles desfilariam juntos pela cidade.

Elena soltou um suspiro profundo quando as portas do seu quarto se abriram com um rangido e o aroma de rosas raras invadiu o ambiente. Elena endireitou os ombros. Suas mãos tremiam levemente ao lado do corpo, suadas e quentes.

Logo, Elena saiu do quarto, dirigindo-se ao salão. As enormes portas duplas se abriram com sua chegada, e seu queixo caiu com a visão diante dela. Este casamento não era improvisado? Por que o salão parecia ter sido cuidadosamente decorado por meses?

Os grandes lustres pendiam do teto alto, lançando um suave brilho dourado sobre o longo salão, enquanto fileiras de cadeiras brancas e douradas estavam perfeitamente organizadas, e o chão estava coberto de delicadas pétalas de rosa.

Claro, vermelho e preto eram o tema do dia, mas era lindo. Único.

Quando Elena avançou mais para dentro do salão, seu olhar se voltou para a frente, onde Killian estava esperando, sua presença dominando o ambiente. Ele estava vestido com trajes antigos elaborados — mantos escuros e fluidos adornados com finos bordados dourados que brilhavam sob o suave brilho dos lustres. Uma capa vermelho-escura cobria seus ombros, e uma coroa de preto e ouro repousava sobre sua cabeça, aumentando sua aparência régia, quase sobrenatural. Seus olhos, frios mas intensos, fixaram-se nos dela e, por um momento, o mundo inteiro pareceu desaparecer.

Então, ela viu. A escuridão em seus olhos. Uma promessa silenciosa do caos que ele estava prestes a trazer.

"Não. Isso não está acontecendo. Eu preciso fugir!" Elena pensou consigo mesma, recuando lentamente com medo.