Elara não dormiu um piscar de olhos naquela noite. O estranho aviso ecoava em sua mente enquanto ela se revirava no luxuoso quarto de hóspedes que lhe haviam dado. Nem todos nesta casa querem que você sobreviva à noite.
A luz do sol matinal que fluía através das cortinas trouxe pouco conforto. Seus novos olhos prateados piscaram de volta para ela no espelho, ainda estranhos e desconhecidos.
A marca em seu pulso brilhava suavemente, um lembrete constante de que sua vida havia mudado para sempre. Uma batida forte em sua porta a fez pular.
"Senhorita Lua." Era um dos funcionários da casa. "Alfa Marcus pede sua presença em seu escritório. Imediatamente."
O estômago de Elara se contorceu em nós. O que o Alfa queria agora? Ela ajeitou as roupas emprestadas—Luna Evelyn havia exigido que ela usasse algo "adequado" para ficar na mansão do Alfa—e seguiu o funcionário pelo longo corredor.
A casa era ainda mais impressionante à luz do dia. Pinturas de antigos líderes da alcateia alinhavam as paredes, seus rostos severos observando-a passar. Elara se sentia como uma impostora andando por esses grandes cômodos.
O servo parou em frente a uma pesada porta de madeira. "Eles estão esperando lá dentro."
Eles? Elara respirou fundo e bateu.
"Entre," veio a voz autoritária do Alfa Marcus.
Elara entrou em um grande escritório forrado de estantes. O Alfa Marcus estava sentado atrás de uma mesa enorme, seu físico poderoso irradiando dominância.
À sua direita estava Luna Evelyn, com o rosto inexpressivo. Ruth, a médica da alcateia, também estava lá. E também estavam os trigêmeos. Kael estava perto da janela, braços cruzados, rosto tempestuoso. Ronan estava recostado em uma estante, embora a tensão em seus ombros revelasse sua pose casual. Darian estava sentado silenciosamente em uma poltrona, seus olhos observadores acompanhando cada movimento dela.
"Feche a porta," ordenou o Alfa Marcus.
Elara fez como ordenado, seu coração acelerado. "O senhor queria me ver, senhor?"
"Mostre a eles seu pulso," ele ordenou. Com dedos trêmulos, Elara estendeu seu braço. A lua crescente e três estrelas brilhavam prateadas contra sua pele.
"Agora," disse o Alfa Marcus, virando-se para seus filhos, "mostrem a ela." Por um momento, ninguém se moveu. Então Ronan deu um passo à frente primeiro. Ele enrolou a manga para mostrar seu pulso interno. Elara ofegou. Ali, em sua pele, estava exatamente a mesma marca—uma meia-lua com três estrelas.
"Isso é impossível," ela sussurrou.
"Aparentemente não," disse Darian suavemente, mostrando seu próprio pulso. A mesma marca brilhava em sua pele.
Todos os olhares se voltaram para Kael. Com aparente relutância, ele empurrou sua manga para cima. A marca em seu pulso correspondia exatamente às outras.
"O que isso significa?" Elara perguntou, olhando de um irmão para o outro.
"Significa," disse Ruth, dando um passo à frente, "que o vínculo é mútuo. Os três irmãos estão ligados a você, e você a eles. Isso é sem precedentes na história da nossa alcateia."
"Mas por quê?" Kael perguntou. "Por que ela? Por que nós três?"
"A Deusa da Lua trabalha de maneiras misteriosas," respondeu Ruth. "Mas acredito que tenha algo a ver com a verdadeira natureza dela."
O Alfa Marcus se inclinou para frente. "E qual é exatamente a 'verdadeira natureza' dela?" Ruth parou.
"Ainda não tenho certeza. Mas os olhos prateados, o sangue prateado... esses são sinais de algo especial. Algo poderoso."
"Ou perigoso," murmurou Kael.
"Seja lá o que ela for," interrompeu Luna Evelyn, "ela está destinada a ficar com nossos meninos. Todos os três. Não podemos ignorar a vontade da Deusa."
O Alfa Marcus acariciou o queixo pensativamente. "Não, não podemos."
Ele fixou seus olhos em Elara. "É por isso que você ficará aqui para sempre. Se você vai ser a próxima Luna—ou o que quer que esse vínculo incomum faça de você—precisa de um bom treinamento."
"Eu não entendo," disse Elara, com a voz tremendo. "Como posso ser companheira dos três? Não é assim que funciona."
"Normalmente, não," concordou Ruth. "Mas não há nada de normal nesta situação."
"Isso é ridículo," Kael disparou. "Uma ômega não pode liderar esta alcateia. Eu não vou aceitar isso."
"Ela não é uma ômega," Ronan rosnou. "Quantas vezes precisamos dizer isso? Olhe para os olhos dela, irmão. Olhe para a marca. Essa não é uma escolha que você possa fazer."
"Na verdade," disse o Alfa Marcus, "é sim. Como futuro Alfa, Kael tem o direito de rejeitar a ligação de companheiro." Um silêncio pesado caiu sobre a sala. Elara sentiu uma estranha dor no peito ao pensar na rejeição, o que não fazia sentido. Ela mal conhecia esses homens. Por que deveria se importar se Kael a queria ou não?
"E quanto a nós?" Darian perguntou baixinho. "Se Kael a rejeitar, o que acontece com Ronan e eu? Nossos vínculos são tão reais quanto."
Ninguém tinha uma resposta. Um barulho fora do escritório quebrou o silêncio tenso. A porta se abriu de repente, e Celeste entrou correndo, seguida por um homem mais velho—Beta Rivers, seu pai.
"Alfa, exijo ser ouvido!" declarou Beta Rivers. "Esta situação é inaceitável!"
"Você se esquece de seu lugar, Rivers," disse o Alfa Marcus friamente. "Ninguém exige nada em minha presença."
Beta Rivers inclinou a cabeça levemente. "Perdoe-me, Alfa. Mas minha filha foi preparada a vida inteira para ser Luna. Para se unir ao seu filho. E agora essa... essa garota aparece do nada com alegações impossíveis?"
"Não são alegações," corrigiu Ruth. "São fatos. As marcas não mentem."
Celeste deu um passo à frente, seu belo rosto contorcido de ódio. "Deixe-me ver," ela ordenou. Antes que alguém pudesse impedi-la, ela agarrou o pulso de Elara com força.
No momento em que suas peles se tocaram, algo estranho aconteceu. Celeste pulou para trás com um grito, como se tivesse sido queimada. "O que foi isso?" ela ofegou, segurando sua mão. Elara olhou para seu próprio pulso em choque.
A marca estava brilhando mais forte agora, pulsando como um batimento cardíaco. "Interessante," sussurrou Ruth.
"O que acabou de acontecer?" perguntou o Alfa Marcus.
"A marca rejeitou o toque dela," explicou Ruth. "Está protegendo sua dona."
Os três trigêmeos se aproximaram de Elara, como se puxados por cordas invisíveis. Até mesmo Kael, apesar de seus protestos, parecia não conseguir evitar. Estando perto deles, Elara se sentia de alguma forma mais forte, mais completa.
"Isso é ridículo," cuspiu Celeste. "Ela os enfeitiçou!"
"Cuidado com a língua," rosnou Ronan. "É da NOSSA companheira que você está falando."
Nossa companheira. As palavras enviaram um arrepio pela espinha de Elara.
"Chega," ordenou o Alfa Marcus. "Beta Rivers, controle sua filha. Este assunto será tratado de acordo com a lei da alcateia e a vontade da Deusa." Beta Rivers assentiu rigidamente, embora seus olhos ardessem de raiva.
Ele puxou Celeste para longe, dizendo algo em seu ouvido que a fez sorrir friamente para Elara antes de saírem.
"Eles estão planejando algo," observou Darian baixinho.
"Deixe-os planejar," disse o Alfa Marcus com desdém. "Agora, precisamos determinar o que fazer com nossa... situação incomum."
"Há mais uma coisa," disse Ruth. "Se me permitir, Alfa, eu gostaria de fazer alguns testes. Se minhas suspeitas sobre a verdadeira natureza da Senhorita Lua estiverem corretas, isso poderia explicar muita coisa."
"Que suspeitas?" perguntou Luna Evelyn bruscamente. Antes que Ruth pudesse responder, um servo irrompeu na sala.
"Alfa! Há um invasor nos terrenos! Os guardas o pegaram escondido perto do muro leste."
"Tragam-no aqui," exigiu o Alfa Marcus. Um minuto depois, dois guardas arrastaram um homem com cabelos escuros e olhos afiados.
Elara o reconheceu imediatamente—o homem que ela havia visto observando-a através da janela.
"Tobias Grey," rosnou o Alfa Marcus. "O renegado retorna."
"Olá, Marcus," disse o homem calmamente, apesar de estar contido por dois guardas. "Faz tempo." Seus olhos encontraram Elara, e um pequeno sorriso brincou em seus lábios.
"Então eles finalmente a encontraram, pequena Luna. Eu estava pensando quando sua verdadeira natureza se revelaria."
Todos olharam para Elara. "Você a conhece?" perguntou Luna Evelyn.
"Oh, sim," respondeu Tobias. "Tenho vigiado ela por anos. Garantindo que permanecesse escondida. Pelo menos até que estivesse pronta."
"Pronta para quê?" perguntou Kael. O sorriso de Tobias se alargou.
"Pronta para cumprir a profecia, é claro. Aquela que diz que três irmãos compartilharão uma companheira que irá salvar sua alcateia—" seus olhos brilharam perigosamente, "—ou destruí-la completamente."