Elara não conseguia parar de encarar sua imagem.
Olhos prateados. Uma marca brilhante. Isso não podia estar acontecendo.
"Respire," ela sussurrou para si mesma, segurando a borda da pia.
"Apenas respire." Ela traçou a meia-lua e três estrelas em seu pulso.
A marca brilhava com uma suave luz prateada, quente ao toque. Não importava o quanto ela esfregasse, não desaparecia.
Uma batida forte em sua porta a fez pular. "Elara! Abra!" Era Mia, sua única amiga na alcateia.
Elara rapidamente puxou a manga para baixo e abriu a porta. Mia entrou de repente, olhos arregalados.
"É verdade?" ela perguntou. "Todo mundo está falando sobre isso. Dizem que os trigêmeos Blackwood encontraram sua companheira ontem à noite, e é—" Mia parou no meio da frase, olhando para o rosto de Elara.
"Seus olhos! Estão prateados!"
"Abaixe a voz!" Mia foi puxada para dentro por Elara, que sibilou e fechou a porta.
"Eu não sei o que está acontecendo comigo."
"Mostre-me seu pulso," Mia disse.
Hesitante, Elara levantou a manga. Mia ofegou. Ela disse em um sussurro, "É real."
"Você está ligada aos filhos do Alfa. Todos os três."
Elara disse, "Isso não é possível. Eu sou apenas uma ômega."
"Talvez você não seja," Mia disse, seus olhos brilhando de alegria. "Talvez nunca tenha sido."
Antes que Elara pudesse responder, houve uma batida mais alta e mais séria em sua porta.
"Elara Moon," uma voz profunda chamou. "Por ordem do Alfa Marcus Blackwood, você deve vir conosco imediatamente."
O coração de Elara caiu para o estômago. Dois guardas da alcateia estavam do lado de fora, com olhares severos.
"O que está acontecendo?" ela perguntou, o medo subindo por sua garganta.
"O Alfa quer vê-la," um guarda disse simplesmente.
"Agora." Com mãos trêmulas, Elara pegou sua jaqueta.
Mia apertou seu braço. "Tenha cuidado," ela sussurrou. "Não deixe que eles a intimidem."
Fácil para ela dizer. Mia não era uma ômega sendo convocada pelo lobo mais poderoso da área.
Os guardas a conduziram pelos terrenos da alcateia. Lobos paravam para olhar enquanto ela passava. Alguns falavam atrás de suas mãos. Outros abertamente apontavam para ela. Elara manteve a cabeça baixa, desejando poder desaparecer.
A casa do Alfa se erguia à frente, massiva e imponente. Elara só a tinha visto de longe antes. De perto, era ainda mais intimidadora—pedra escura e janelas altas que pareciam observar sua aproximação.
Os guardas a conduziram através de pesadas portas de madeira para um grande salão principal. Uma mulher estava esperando, sua postura perfeita, seu rosto indecifrável. Luna Evelyn Blackwood.
"Obrigada," ela disse aos guardas. "Eu a levarei daqui." O olhar da Luna percorreu Elara, parando em seu rosto.
"Então é verdade," ela sussurrou. "Seus olhos mudaram."
"Eu não entendo o que está acontecendo," Elara disse, sua voz pequena. Algo suavizou no rosto da Luna.
"Não, imagino que não entenda. Venha comigo." Ela conduziu Elara por um corredor e para uma sala menor onde uma senhora idosa esperava. Elara a reconheceu como Ruth, a médica da alcateia.
"Mostre a ela seu pulso," Luna Evelyn ordenou.
Elara relutantemente levantou a manga. Os olhos de Ruth se arregalaram enquanto ela pegava o braço de Elara, examinando a marca cuidadosamente.
"Três estrelas," Ruth sussurrou. "Nunca vi nada parecido."
"O que isso significa?" Elara perguntou. "É uma marca de ligação de companheiro," Ruth disse.
"Mas não uma comum. A lua com três estrelas... significa uma ligação com vários companheiros. Três, para ser exata."
"Os trigêmeos," Luna Evelyn disse baixinho. Ruth assentiu.
"Isso não é apenas qualquer ligação de companheiro. É uma ligação de companheiro verdadeiro—o tipo mais raro. A própria Deusa da Lua marcou você." Elara sentiu-se tonta.
"Mas por que eu? Eu não sou ninguém."
"Talvez você não seja quem pensa que é," a curandeira respondeu, estudando Elara com novo interesse.
"Olhos prateados são a marca de algo especial. Algo poderoso."
"Mas eu sou uma ômega," Elara argumentou. Ruth trocou um olhar com Luna Evelyn.
"Você tem certeza disso?"
Antes que Elara pudesse responder, a porta se abriu bruscamente. Kael Blackwood entrou com força, seguido de perto por seus irmãos. Os três congelaram quando a viram.
Por um momento, ninguém falou. Elara sentiu aquela estranha atração em seu peito novamente, mais forte que antes. Pela maneira como os trigêmeos se enrijeceram, eles também sentiram.
"Mãe," Kael disse rigidamente, sem tirar os olhos de Elara. "Fomos informados para vir aqui."
"Sim," Luna Evelyn respondeu.
"Ruth provou o que suspeitávamos. Esta garota carrega a marca de companheira para todos os três de vocês."
"Mostre-me," Kael ordenou. Relutantemente, Elara estendeu sua mão.
A marca parecia brilhar mais forte na presença dos trigêmeos. Ronan avançou primeiro, pegando sua mão suavemente. Seu toque enviou eletricidade subindo pelo braço dela.
"É lindo," ele sussurrou, traçando as estrelas com o polegar. Darian se aproximou em seguida, seu rosto pensativo.
"Três estrelas," ele disse suavemente. "Uma para cada um de nós."
Apenas Kael ficou para trás, seu rosto uma tempestade de sentimentos. "Isso não muda nada," ele disse friamente.
"Eu me recuso a aceitar uma ômega como minha companheira. Como a futura Luna." Suas palavras doeram mais do que deveriam.
Elara puxou sua mão do aperto de Ronan e deu um passo para trás. "Eu não pedi por isso," ela disse, encontrando sua voz.
"Eu não quero isso tanto quanto você."
"Kael," Luna Evelyn advertiu. "A Deusa da Lua escolheu."
"Então a Deusa cometeu um erro," ele disparou. A sala ficou em silêncio. Até mesmo Ronan e Darian pareciam chocados com a blasfêmia do irmão.
Ruth quebrou a tensão. "Há mais que vocês deveriam saber," ela disse. "Preciso testar algo."
Ela tirou uma pequena faca de prata do bolso. "Posso?" Elara hesitou, então assentiu. Ruth picou o dedo de Elara com a lâmina. Uma gota de sangue surgiu—mas em vez de vermelho, brilhava com fios prateados. Ruth ofegou.
"Sangue prateado," ela sussurrou. "Exatamente como eu suspeitava."
"O que isso significa?" Ronan perguntou, inclinando-se mais perto.
"Significa que ela não é uma ômega," Ruth respondeu. "Sua verdadeira natureza foi escondida. Suprimida de alguma forma."
O rosto de Luna Evelyn empalideceu. "Não pode ser," ela sussurrou.
Uma comoção lá fora os interrompeu. Sons irritados se aproximavam, ficando mais altos a cada segundo. A porta se abriu novamente, e desta vez Celeste entrou furiosa, seu rosto contorcido de raiva.
Atrás dela, Alfa Marcus entrou mais silenciosamente, sua presença poderosa preenchendo a sala.
"É verdade?" Celeste perguntou, apontando para Elara. "É esta... esta ninguém alegando ser a companheira deles?"
"Cuidado com seu tom," Ronan rosnou, colocando-se entre elas. Alfa Marcus levantou uma mão, parando todos. Seu olhar frio moveu-se de Elara para a marca em seu pulso, depois para seus filhos.
"Então," ele disse, sua voz falsamente suave. "Os relatos são verdadeiros. Meus filhos foram tomados por uma ômega."
"Ela não é uma ômega," Ruth disse definitivamente.
"Olhe para os olhos dela. Seu sangue. Ela é algo completamente diferente."
Celeste deu uma risada amarga. "O quê, você acha que ela é especial? Ela não é nada! Eu ia ser a Luna!"
"A Deusa decidiu de outra forma," Luna Evelyn disse.
Alfa Marcus circulou Elara lentamente, observando-a como um lobo poderia estudar sua presa.
"Especial ou não," ele disse, "ela pode ser útil."
Um arrepio desceu pela espinha de Elara com suas palavras. Havia algo calculista em seus olhos que a assustava mais do que o ódio aberto de Celeste.
"Pai," Kael começou, mas Marcus o interrompeu. "A garota fica aqui," ele declarou. "Sob nossos cuidados. Até descobrirmos exatamente o que ela é."
"Eu não posso ficar aqui," Elara argumentou. "Eu tenho trabalho, minha cabana—"
"Isso não foi um pedido," Alfa Marcus disse friamente.
Ronan se aproximou de Elara, seu braço roçando o dela no que parecia um apoio silencioso. Darian a observava com olhos curiosos, enquanto Kael olhava para longe, mandíbula cerrada.
O rosto de Celeste escureceu de raiva. "Isso não acabou," ela sibilou para Elara antes de sair pisando forte.
Enquanto todos discutiam ao seu redor, Elara sentiu uma sensação estranha—como se alguém a estivesse observando. Ela olhou em direção à janela e vislumbrou um homem que nunca tinha visto antes. Os olhos dele encontraram os dela brevemente antes que ele desaparecesse de vista.
Naquele momento, uma voz sussurrou em sua mente: Tenha cuidado, pequena loba. Nem todos nesta casa querem que você sobreviva à noite.