Os pés de Elara avançaram como se puxados por cordas invisíveis. A floresta se erguia à frente, escura e estranha sob a lua prateada.
Seu coração martelava contra o peito enquanto ela se aproximava do local onde havia visto Kael Blackwood.
Mas quando chegou à linha das árvores, ele havia desaparecido.
"Olá?" ela chamou suavemente, sua voz tremendo.
"Tem alguém aí?"
Apenas o som dos grilos respondeu. Será que ela o tinha imaginado? Estaria perdendo a cabeça? A estranha sensação de puxão em seu peito não havia parado, porém. Se é que algo mudou, ficou mais forte, puxando-a para mais fundo na floresta.
Elara hesitou. Nenhum lobo em sã consciência vagaria pela floresta sozinho à noite, especialmente não uma ômega sem meios de se proteger. Ainda assim, algo lhe dizia que precisava seguir essa sensação.
Respirando fundo, ela passou entre as árvores. Imediatamente, as árvores se fecharam ao seu redor como algo vivo. A luz da lua filtrava através dos galhos, formando manchas prateadas no chão da floresta.
Elara continuou andando, guiada pelo estranho puxão em seu peito.
"Isso é loucura," ela sussurrou para si mesma. "Eu deveria voltar." Mas não conseguia.
Não quando cada passo adiante fazia a sensação ficar mais quente, mais forte—quase certa.
Enquanto caminhava, Elara notou algo estranho. A floresta parecia estar abrindo caminho para ela. Galhos se afastavam, raízes se achatavam sob seus pés.
Até mesmo os sons normais da floresta—corujas piando, folhas farfalhando—haviam silenciado, como se toda a floresta estivesse prendendo a respiração.
Depois de dez minutos caminhando, Elara ouviu vozes à frente. Sons masculinos. Ela diminuiu o passo, subitamente com medo. E se fosse uma armadilha? E se Celeste de alguma forma a tivesse enganado para vir até aqui?
Mas o puxão era forte demais para recusar. Ela avançou silenciosamente até alcançar a borda de uma clareira banhada pela luz da lua. O que viu ali a fez congelar.
Três homens sem camisa estavam em formação triangular, seus corpos fortes brilhando de suor apesar do ar fresco da noite.
Mesmo à distância, Elara os reconheceu instantaneamente—os trigêmeos Blackwood, os filhos do Alfa Marcus. Kael, o mais velho, estava alto e imponente, seu cabelo escuro cortado curto, seu rosto uma máscara de concentração enquanto circulava seus irmãos. Ronan, o trigêmeo do meio e mais selvagem, movia-se como um animal enjaulado, seu cabelo mais comprido preso para trás, um sorriso perigoso em seu rosto. E Darian, o mais novo por minutos, observava os outros com olhos calculistas, seus movimentos suaves e controlados.
Eles estavam treinando—ou lutando—Elara não conseguia distinguir. Seus movimentos eram rápidos demais para seus olhos humanos acompanharem, misturando-se em uma dança de poder e graça que a deixou sem fôlego.
Então, como se sentissem sua presença, os três irmãos pararam exatamente no mesmo momento. Suas cabeças se viraram para o esconderijo dela em perfeita sincronia.
"Quem está aí?" Kael ordenou, sua voz profunda e autoritária.
Elara tentou recuar, mas seu pé ficou preso em uma raiz. Ela caiu para frente com um grito, caindo pesadamente sobre as mãos e joelhos na borda da clareira.
"D-desculpe," ela gaguejou, levantando-se rapidamente. "Eu não pretendia espiar. Eu só estava—" As palavras morreram em sua garganta enquanto os três irmãos a encaravam.
Seus olhos, que deveriam brilhar dourados como lobos normais, brilhavam com a mesma estranha luz prateada que ela havia visto nos olhos de Kael mais cedo.
E algo dentro dela respondeu. Calor percorreu o corpo de Elara, fazendo-a ofegar. A sensação de puxão em seu peito explodiu para fora e, por um momento, ela poderia jurar que fios prateados de luz se estendiam entre ela e cada um dos trigêmeos.
Os irmãos pareciam sentir também. Kael recuou como se tivesse sido atingido. Ronan soltou um som que era metade rosnado, metade gemido. Os olhos de Darian se arregalaram em choque.
"O que é isso?" Kael ordenou, pressionando uma mão contra o peito.
"O que você está fazendo, ômega?"
"Eu não estou fazendo nada," Elara disse, recuando.
"Eu não sei o que está acontecendo." Ronan avançou de repente, suas narinas dilatando enquanto cheirava o ar.
"É ela," ele disse, sua voz áspera. "Ela é a escolhida."
"Impossível," Kael retrucou.
"Ela é uma ômega."
"Olhe para os olhos dela," Darian disse calmamente.
"Estão prateados." A mão de Elara voou para seu rosto, como se pudesse de alguma forma sentir a cor de seus próprios olhos.
"Meus olhos são cor de avelã," ela insistiu.
"Não mais," Ronan disse, aproximando-se. Seus movimentos lembravam Elara de um predador perseguindo uma presa, mas seu rosto mostrava mais fascínio do que fome.
"Fique para trás," Kael disse ao irmão. Então para Elara:
"Quem é você?"
"Elara Lua. Eu trabalho na lanchonete do bando." Ela engoliu em seco. "Eu moro nas cabanas na borda do território do bando."
Um lampejo de reconhecimento passou pelos olhos de Darian. "Ela é a órfã. Aquela sem família."
"Eu tenho família," Elara disse imediatamente, mesmo não sendo verdade. Seus pais haviam morrido quando ela era bebê.
Ninguém no bando quis adotar uma filhote ômega, então ela foi criada por vários guardiões relutantes até ter idade suficiente para viver sozinha.
"O que você está fazendo na floresta à meia-noite?" Kael exigiu.
Elara hesitou. Como poderia explicar a estranha atração que a havia trazido até aqui? Eles pensariam que ela era louca—ou pior, que estava mentindo.
"Eu... senti algo me chamando," ela finalmente disse. "Eu não consegui resistir."
Os trigêmeos trocaram olhares. Algo não dito passou entre eles.
"É o aniversário dela," Darian disse de repente. "Não é?"
Elara piscou surpresa. "Como você sabia disso?"
Em vez de responder, Darian se virou para Kael. "Décimo oitavo aniversário. Olhos prateados. A atração. Está acontecendo."
"Não," Kael disse firmemente.
"Não com ela. Não com uma ômega."
"Todos nós sentimos, irmão," Ronan disse, seus olhos nunca deixando Elara.
"Você pode negar o quanto quiser, mas—"
"Chega!" A voz de Kael estourou com poder de Alfa, fazendo os joelhos de Elara fraquejarem. Até seus irmãos pareciam afetados, embora escondessem melhor.
Um silêncio estranho caiu sobre a clareira. Os fios prateados que Elara havia imaginado tinham desaparecido, mas a tensão no ar permaneceu, densa e pesada.
"Eu deveria ir," ela sussurrou, virando-se para sair.
"Espere." Foi Darian quem falou, sua voz mais suave que a dos irmãos.
Ele se aproximou lentamente, como se ela fosse um animal assustado que poderia fugir.
"Seu pulso. Posso ver?" Confusa, Elara estendeu seu braço direito.
Darian o pegou gentilmente, virando-o para mostrar o interior do pulso. Seu toque enviou formigamentos pelo braço dela.
"Não há nada ali," Kael disse, aproximando-se para olhar.
"Ainda não," Darian sussurrou. Ronan juntou-se a eles, aglomerando-se ao redor de Elara até que ela estava cercada pelos três lobos fortes. Seus cheiros se misturavam—pinho, fumaça, chuva e algo selvagem que a deixou tonta.
"O que vocês estão procurando?" ela perguntou, sua voz mal passando de um sussurro. Antes que alguém pudesse responder, um uivo cortou o ar noturno—profundo e autoritário. Os três irmãos ficaram tensos.
"Pai," Kael disse. "Ele está nos chamando."
"Não podemos simplesmente deixá-la aqui," Ronan protestou, apontando para Elara.
"Podemos e vamos," Kael disse firmemente.
"Isso não muda nada."
"Você sabe que muda tudo," Darian respondeu calmamente. O maxilar de Kael se contraiu.
"Vá para casa, ômega," ele disse a Elara.
"Esqueça o que aconteceu aqui esta noite."
"Mas—"
"Vá!" O comando em sua voz era difícil de resistir.
Elara se viu recuando, mesmo quando tudo dentro dela gritava para ficar.
"Isso não acabou," Ronan gritou para ela enquanto fugia.
"Vamos encontrá-la amanhã."
"Não, não vamos," Kael rosnou.
A última coisa que Elara ouviu enquanto fugia pelo mato foi os irmãos discutindo, suas vozes desaparecendo atrás dela.
Ela correu todo o caminho de volta para casa, não parando até estar segura dentro de sua cabana com a porta trancada. Seus pulmões ardiam e suas pernas doíam, mas o estranho puxão em seu peito finalmente havia diminuído.
Elara caiu em sua cama, sua mente correndo com perguntas. O que acabara de acontecer? Por que os filhos do Alfa haviam reagido a ela daquela maneira? E por que seus olhos haviam ficado prateados?
Nada disso fazia sentido. Ômegas não eram especiais. Eles não tinham olhos prateados ou laços mágicos com filhos de Alfa. Certamente não tinham três dos lobos mais poderosos do bando olhando para eles como se fossem a solução para alguma questão importante.
Depois de se revirar por horas, Elara finalmente caiu em um sono inquieto pouco antes do amanhecer. Ela sonhou com fios prateados ligando-a a três figuras sombrias, e uma voz sussurrando: "A lua escolheu."
Quando acordou, a luz do sol entrava pela janela. Elara gemeu e virou-se, seu corpo dolorido pela jornada da meia-noite.
Teria sido tudo um sonho? Ela se arrastou até o banheiro e jogou água no rosto. Quando olhou para o espelho, gritou. Em seu pulso direito, exatamente onde Darian havia tocado, uma estranha marca havia aparecido durante a noite—uma lua crescente circundada por três estrelas, brilhando prateada contra sua pele. E no espelho, seus olhos não eram mais castanhos. Estavam de um brilhante e impossível prateado.