O Rei dos Ratos

A Caverna de Cristais Mágicos se abria em corredores longos e úmidos. Um grupo de homens encapuzados aguardava mais adiante, iluminados pela luz azulada dos cristais que brotavam pelas paredes.

No centro deles, um homem encurvado estava sentado em um trono improvisado feito de pedras polidas, coberto com peles velhas. Ele era franzino, de aparência suja e com olhos esbugalhados que brilhavam como moedas de ouro sob a luz mágica. Seu cabelo era ralo, caindo em tufos desgrenhados sobre os ombros ossudos. Vestia roupas puídas, mas com adereços de prata e pedras preciosas cravadas de forma espalhafatosa, quase cômica. Um manto roxo manchado cobria seu corpo magro como um lençol sobre um esqueleto.

Mas seu olhar... era frio. Cortante. Malicioso.

— Rei dos Ratos... — murmurou alguém entre os guardas, quase como se fosse um título amaldiçoado.

Devi se aproximou e fez uma breve reverência, mais por costume do que respeito.

— Trouxe o que pediu. E com bônus — disse, jogando as presas e a pedra de mana do Lobo do Trovão aos pés do trono. — Alguns morreram no caminho, como esperado. Mas os que sobraram são fortes. Especialmente esse grupo aqui.

O Rei dos Ratos sorriu. Era um sorriso que não tocava os olhos, como o de um predador entediado.

— Você nunca falha, Devi. Sempre se arrastando pelos esgotos certos. Não é à toa que te deixo entrar nos meus domínios.

— Precisei tomar um atalho. O povo anda mais arisco com nossos negócios... você sabe como é.

— Eu sei muito bem. — O homem estalou os dedos. Um dos magos ao seu lado se aproximou e realizou um selo mágico no ar. Correntes etéreas saíram das marcas nos pescoços dos escravos, flutuaram até o mago e depois foram redirecionadas ao anel do Rei dos Ratos.

— Agora são meus — disse ele, satisfeito. — E tenho pressa. Os compradores estão exigentes. Quero o dobro da quantidade de cristais esse mês. Levem todos para as minas. Agora.

Guardas avançaram e começaram a empurrar os escravos. Devi se afastou, sorrindo satisfeito com o pagamento que recebera em ouro puro.

Katiel caminhava junto com os demais por túneis estreitos até uma grande câmara subterrânea onde as paredes brilhavam com cristais multicoloridos. O som de picaretas já ecoava por toda parte, vindos de outros grupos de escravos mais antigos que cavavam sem parar.

Então, mais uma janela apareceu diante dos olhos de Katiel:

Missão de Tutorial #2 – Trabalho Forçado

Objetivo:Minere 500 cristais mágicos de elementos diferentes

Recompensa:

Habilidade: Alquimia (nível 1)

Penalidade por Falha:

Nenhuma

“Alquimia...?!”

Katiel arregalou os olhos.

“Essa habilidade só podia ser aprendida muito mais tarde, no Reino dos Anões, depois de conseguir permissão oficial da Guilda dos Criadores... Era uma parte avançada da rota de criação!”

Ele sorriu para si mesmo, apesar da situação.

“Se eu conseguir isso agora... vai me dar uma vantagem enorme. Especialmente para o plano de salvar a Sofitia. Com alquimia, posso preparar elixires, purificadores, bombas... até encantamentos simples. É o início de tudo.”

Ele pegou uma picareta velha que os guardas jogaram aos seus pés, e com um brilho determinado nos olhos, se virou para os cristais.