Cristais, Calos e Companheiros

Os dias na Caverna de Cristais Mágicos passavam em um ciclo sem fim. Trabalho, vigília, cansaço. As únicas coisas que mudavam eram as dores nos músculos e o brilho fraco dos cristais que os escravos arrancavam das paredes, sob a vigilância cruel dos homens do Rei dos Ratos.

Katiel trabalhava com afinco desde o primeiro dia. Suas mãos, antes finas e limpas, agora estavam cobertas de calos e pequenos cortes. Cada golpe da picareta arrancava um fragmento cintilante da parede, enquanto a poeira mágica fazia sua garganta arranhar.

“Falta pouco.” — pensava, consultando a janela do sistema com frequência. O contador da missão de tutorial avançava lentamente:

Cristais minerados: 488 / 500

À sua volta, os outros escravos davam sinais de exaustão. Krill, o jovem de cabelos curtos e olhos endurecidos, mal conseguia manter o ritmo. Thalia, sempre silenciosa, cavava com raiva contida, como se estivesse descontando ali tudo o que a vida lhe havia tirado.

Sofitia, porém, surpreendia Katiel. Apesar do corpo esguio, ela tinha força nos braços e determinação nos olhos. Sempre que notava que alguém estava prestes a cair de cansaço, ela oferecia água, ajudava com o turno de vigia ou apenas dava uma palavra de incentivo.

— Você trabalha como se tivesse um plano — disse ela uma noite, enquanto ambos descansavam encostados numa parede de rocha fria.

Katiel olhou para ela de soslaio. Um sorriso leve apareceu em seus lábios.

— Digamos que... tenho um motivo mais forte que essas correntes pra continuar.

— Não sei se admiro ou desconfio disso.

— Pode fazer os dois — ele respondeu, e por um instante, os dois sorriram, cúmplices em meio ao inferno.

Mais dois dias se passaram.

No final do sétimo dia desde que começaram a minerar, Katiel cravou a picareta uma última vez numa veia de cristal verde profundo. A rocha se partiu com um brilho suave. E então...

Missão de Tutorial #2 Concluída!

Você minerou 500 cristais mágicos de elementos variados.

Recompensa Obtida:

Habilidade: Alquimia (nível 1)

Uma onda de energia percorreu seu corpo. Era sutil, mas real. Como se uma nova compreensão sobre o mundo natural e seus componentes despertasse dentro de si. Katiel fechou os olhos por um segundo, sentindo essa mudança.

“Com alquimia, posso fazer muito mais do que só sobreviver.”

A partir daquele ponto, ele teria acesso à criação de extratos, poções simples, solventes, pequenos catalisadores... itens que poderiam ser úteis em combate, cura ou exploração.

Quando abriu os olhos, Sofitia estava olhando para ele.

— Você sorriu. Algo bom aconteceu?

Katiel hesitou por um instante, depois apenas balançou a cabeça.

— Só achei um bom cristal, só isso.

Ela arqueou uma sobrancelha, desconfiada, mas não insistiu.

Naquela noite, ao se deitar no canto escuro da mina, Katiel pensou na próxima etapa.

“Agora que tenho alquimia... só preciso de ingredientes certos. Plantas, líquidos, catalisadores. Se eu conseguir acesso a um pouco de liberdade de movimento, posso montar um mini laboratório improvisado...”

Ele olhou para o teto da caverna, onde os cristais pulsavam suavemente.

“Estou cada vez mais perto. Eu não vou deixar a Sofitia morrer. E se o Rei dos Ratos ou qualquer outro tentar atrapalhar... vai se arrepender.”