Segredos na Palma da Mão

O som das picaretas era como uma trilha constante nos túneis da caverna. Estavam no oitavo dia desde a chegada. Os corpos estavam exaustos, mas Katiel se mantinha firme. Ele não tinha o luxo de descansar completamente. Não quando havia tanto em jogo.

Agora com a habilidade de Alquimia (nível 1), ele podia criar substâncias e itens simples... desde que tivesse os ingredientes certos. E foi ali, nas minas, que ele começou a colocar o plano em prática.

Durante os turnos de coleta, Katiel selecionava com cuidado algumas pedras e restos de cristais partidos — aqueles que não brilhavam o suficiente para serem considerados úteis pelos guardas, mas que ainda possuíam traços mágicos. Também prestava atenção nas pequenas raízes e fungos que cresciam em cantos úmidos da caverna, escondidos das luzes principais.

“Essas espécies são quase inúteis sozinhas... Mas se combinadas com catalisadores certos, posso criar elixires menores, anti-inflamatórios ou mesmo solventes corrosivos simples.”

Nos momentos de descanso, coberto por mantas ásperas junto aos outros escravos, Katiel abria discretamente o Inventário pelo sistema, usando a interface invisível visível apenas a ele.

Inventário Aberto.Itens coletados:

Cristal quebrado de Terra (x2)

Musgo de raiz profunda (x3)

Fungo cinzento úmido (x1)

Fragmento de cristal de Fogo (x1)

Ele acessou a opção de Combinar Itens (Alquimia – Nv.1). A tela indicava combinações possíveis, sempre com porcentagens de sucesso.

[Combinar Cristal de Terra + Musgo de raiz profunda] → Tintura Revigorante (chance de sucesso: 68%)

[Combinar Cristal de Fogo + Fungo cinzento] → Extrato explosivo fraco (chance de sucesso: 42%)

Katiel franziu o cenho. “Essa última seria arriscada... e chamaria atenção se desse errado. Melhor manter simples por enquanto.”

Ele escolheu a primeira combinação. A interface brilhou suavemente em sua mente. Alguns segundos depois, uma pequena frasca translúcida apareceu no inventário.

Item criado: Tintura Revigorante (rara)Efeito: Restaura parte da fadiga muscular. Pode aliviar dores e tensões.

Katiel sorriu internamente. Era um começo. Pequeno, mas crucial.

“Se eu fizer várias dessas... posso manter meu grupo em pé, mesmo nos piores dias. Além disso, posso testar a tolerância dos guardas. Se eu parecer um pouco mais resistente que os outros, mas nada sobrenatural, ninguém vai desconfiar.”

Mais tarde, durante um breve descanso ao lado de Sofitia, Krill e Thalia, ele fingiu tirar um pano sujo da bolsa e, por debaixo dele, retirou uma das tinturas revigorantes. Colocou algumas gotas em sua água.

Bebeu.

O alívio foi imediato. As dores nos braços diminuíram, os ombros relaxaram. A mente clareou um pouco mais.

— Você está bem? — perguntou Sofitia, encarando-o.

— Só... tentando não morrer de exaustão. — respondeu com um sorriso pálido.

Ela o observou com olhos estreitos, mas acabou concordando.

Thalia, que estava mais distante, murmurou com a voz rouca:

— Está de pé há mais tempo do que todos nós... como?

Katiel apenas respondeu com um olhar enigmático e uma frase vaga.

— Sorte. Ou teimosia.

Naquela noite, enquanto todos dormiam, Katiel criou mais duas tinturas e armazenou cuidadosamente. Sabia que logo viriam momentos piores — e teria que estar pronto.

“Cada poção, cada ingrediente, cada passo... tudo vai me ajudar a mudar o destino da Sofitia. E se for esperto o suficiente, talvez eu consiga ainda mais.”