O silêncio pairava pesado na arena após a luta final.
Zarthus, o enigmático e imperturbável combatente do Bloco A, permanecia de pé, inabalável. O corpo do oponente derrotado jazia a metros de distância, enquanto a poeira mágica ainda se assentava ao redor dele. Nenhuma palavra, nenhum gesto de arrogância. Apenas um olhar distante... como se nada daquilo importasse.
No alto, a voz amplificada de Melyra Voice voltou a ecoar:
— E COM ISSO ENCERRAMOS O DIA COM UMA ÚLTIMA LUTA INCRÍVEL! Todos vocês, espectadores e combatentes, foram maravilhosos!
Ela girou no ar com um brilho dourado envolto em magia.
— Agora, para que todos estejam em plena forma... as próximas lutas acontecerão daqui a dois dias! Descansem, recuperem suas forças e estejam prontos! Porque o verdadeiro torneio ainda está só começando!
A multidão irrompeu em aplausos enquanto o símbolo sagrado da Deusa Marrei surgia sobre o céu da cidade de Levia, brilhando como uma bênção divina.
Amanhecer em Levia
O novo dia nasceu com calma.
As ruas da cidade de Levia, tão cheias de energia nos dias de torneio, agora estavam mais relaxadas. O cheiro de pão assado, frutas doces e ervas perfumadas se espalhava pelas praças e vielas.
Katiel Byron acordou com tranquilidade na pousada onde estava hospedado. Depois de se arrumar e tomar um café da manhã reforçado — frutas de mana, pão quente com mel de urvol e uma infusão energizante —, ele decidiu sair para respirar o ar puro da cidade.
Não demorou para encontrar alguém familiar.
Perto da grande fonte central, ele viu Eli, encostada contra uma árvore, braços cruzados como sempre, o olhar atento observando a movimentação ao redor.
— Acordou tarde — comentou ela ao vê-lo se aproximar.
— Estou aproveitando enquanto ainda dá — respondeu Katiel com um leve sorriso.
Antes que qualquer dos dois dissesse algo mais, um jato d’água espiralou no ar, brincando perto dos dois. Era uma saudação inconfundível.
— Bom dia! — disse Kaia, aproximando-se com um sorriso aberto. Ela usava um vestido leve de tons azul-claros e um pequeno broche em forma de concha. Sua expressão era serena, mas havia algo em seus olhos — talvez uma pressa oculta.
— Ia procurar vocês — comentou ela. — Mas vocês vieram até mim.
— Você está saindo? — perguntou Katiel.
Kaia assentiu e respondeu com leveza, mas de forma evasiva:
— Sim, tenho um... assunto particular para resolver.
Eli estreitou os olhos, mas não disse nada. Kaia, como sempre, escondia as intenções por trás de sorrisos e palavras neutras.
— Vão aproveitar o dia, sim? — continuou Kaia, com a habitual energia. — Passeiem, treinem, comam algo bom... sei lá. Divirtam-se!
Ela então se despediu com um gesto gentil e seguiu pela rua adjacente, desaparecendo entre os pedestres e mascotes mágicos que preenchiam o cenário urbano.
Katiel a acompanhou com o olhar por alguns segundos.
— Você também achou estranho? — murmurou ele.
— Ela não teria vindo até nós se não quisesse que soubéssemos que está ocupada. Seja lá o que for, vai cuidar sozinha — disse Eli. — Como sempre.
— Hm.
Katiel olhou para o céu claro. A cidade parecia pacífica... mas ele sabia que aquilo era apenas uma pausa. A calmaria antes do próximo embate.
— Quer treinar? — perguntou ele.
Eli deu um leve sorriso.
— Sempre.