Episódio 17 – Entre Segredos e Suspeitas
Naquela noite, depois do beijo... eu não consegui dormir.
A mensagem anônima não saía da minha cabeça.
“Você acha que ganhou, garota do nada.
Mas a festa só começou.
Espero que saiba dançar... no inferno.”
Guardei o celular na gaveta, tentando me convencer de que era apenas Victoria blefando. Mas algo me dizia que não era só ela por trás disso.
Na manhã seguinte, Leonardo já estava fora. Apenas um bilhete sobre a cama:
“Precisei sair cedo. Reunião de emergência. Volto para o almoço. Confie em mim.”
Mas como confiar quando o chão parece se mover a cada passo?
Desci para o café, e encontrei Alice, a governanta, me esperando com um sorriso forçado. Ela era uma senhora simpática, mas aquele dia, parecia desconfiada. Curiosa demais.
— Dormiu bem, senhora Isabela?
— Dormi, sim. Quer dizer… mais ou menos.
Ela colocou o café na minha frente com gentileza. E então, sutilmente, deixou escapar:
— A senhora sabia que outra mulher já morou aqui antes? Com o senhor Leonardo?
— Está falando da Victoria?
— Não, não… antes dela. Uma moça chamada Diana. Morou aqui por quase um ano. E depois... sumiu.
Engoli seco.
— Sumiu?
Alice assentiu.
— Nunca mais foi vista. Dizem que ela também tinha um contrato… como o seu.
Fiquei paralisada.
Decidi investigar. Enquanto a mansão estava vazia, fui até o quarto de Leonardo. Mexi na gaveta do escritório... até encontrar uma caixa trancada. Dentro, pastas e fotos antigas.
Uma foto me chamou atenção.
Diana. Jovem. Morena. Elegante. Com os olhos tristes.
Atrás da foto, uma frase escrita à mão: “Se você estiver lendo isso, significa que ele nunca contou a verdade.”
Um calafrio percorreu minha espinha.
Fechei a caixa rapidamente quando ouvi o som da porta se abrindo.
Leonardo entrou.
— Procurando alguma coisa?
Virei para ele, nervosa.
— Quem era Diana?
Ele respirou fundo. A expressão dele ficou pesada.
— Eu ia te contar. Só estava esperando o momento certo.
— Então fala agora. Porque alguém está me ameaçando, e eu começo a achar que tem muito mais coisa por trás dessa história.
Ele se aproximou, sério.
— Diana era uma funcionária da empresa. Inteligente, discreta. Eu a contratei como noiva de contrato também, há dois anos. Mas ela se apaixonou de verdade... e eu... fui covarde.
— O que aconteceu com ela?
— Ela me deixou. Disse que ia embora e que eu não merecia o amor dela. Nunca mais tive notícias. Mas juro por tudo, Isabela, eu nunca a machuquei. Eu só… fui um idiota.
Olhei bem nos olhos dele. E, pela primeira vez, vi sinceridade. Dor também. E culpa.
— Você jura que não tem nada a ver com esse sumiço?
— Juro.
Então entreguei o celular.
— Leia isso. E me diga se ainda acha que tudo está sob controle.
Leonardo leu. O rosto dele ficou pálido.
— Isso… isso não é da Victoria.
— Então quem é?
— Eu tenho um palpite. Mas não vai gostar.
— Diz logo, Leonardo.
— Henrique. Meu sócio. E... meio-irmão. Ele sempre achou que a herança da família devia ser dele. Sempre me odiou por ser o filho legítimo.
— E por que ele me ameaçaria?
— Porque agora você é minha fraqueza. E ele sabe.
Ficamos em silêncio por longos segundos. O tipo de silêncio que grita.
Então Leonardo se levantou.
— Se ele quer guerra... vai ter. Mas você vai estar segura. Juro.
— Eu não quero estar segura. Quero estar ao seu lado. Lado a lado. Não atrás.
Ele sorriu. Orgulhoso.
— Você é mesmo a mulher errada que eu precisava.
E eu sorri de volta, mesmo com o medo latejando.
Porque se o passado dele escondia segredos...
... o nosso futuro já era uma tempestade prestes a explodir.
Fim do Episódio 17.