Capítulo 31 — Apenas Nós Dois
O silêncio do quarto era tão íntimo quanto o calor que nos envolvia. As luzes estavam baixas, suaves, como se o mundo lá fora tivesse esquecido da nossa existência por uma noite. Eu podia ouvir o coração dele, acelerado, batendo junto ao meu.
Leonardo me olhava de um jeito que me desmontava inteira. Não era o olhar frio do homem que comprou uma noiva por contrato. Era o olhar de alguém que, contra todas as probabilidades, havia se apaixonado.
— Tem certeza...? — ele perguntou com a voz rouca, os olhos presos nos meus.
— Não me pergunta isso agora... — sussurrei, puxando-o pela nuca.
E ele entendeu. Com um beijo. Um daqueles que viram a alma do avesso. Seus lábios exploravam os meus com desejo, mas também com respeito, com sentimento. Era diferente. Não havia pressa. Só havia o agora.
Ele me segurou pela cintura, me guiando com cuidado. Suas mãos quentes deslizaram pelas minhas costas, e cada toque parecia acender uma parte do meu corpo que eu nem sabia que existia. Meu vestido escorregou pelo ombro com a leveza de uma promessa. Ele me despiu como quem desembrulha um presente raro.
— Você é linda — ele sussurrou, como se descobrisse isso pela primeira vez.
Corei, mas não desviei o olhar. Eu também queria ver tudo nele. Sentir tudo nele. E quando foi a vez de suas roupas caírem, eu finalmente conheci o homem por trás do terno impecável.
Deitamos sobre os lençóis brancos, e ele me envolveu com o corpo e com o olhar. Cada beijo era uma confissão muda. Cada toque, uma lembrança do quanto nos negamos até aqui. Nossos corpos se reconheceram num ritmo próprio, como se tivessem esperado por aquele momento a vida inteira.
— Eu não quero que isso acabe nunca — sussurrei em seu ouvido, sentindo a pele dele arrepiar sob meus dedos.
— Então não acaba. Fica comigo — respondeu, com a voz rouca e sincera.
Fizemos amor. Não como nos filmes ou nas histórias que eu ouvia nas madrugadas frias. Foi real. Intenso. Cheio de carinho e desejo. Transamos como dois sobreviventes que finalmente encontraram abrigo um no outro.
E entre beijos molhados, mãos entrelaçadas e suspiros sussurrados, eu descobri que amar podia ser leve, mesmo quando o caminho até ali foi feito de espinhos.
Quando nossos corpos se acalmaram e o mundo pareceu desacelerar, ficamos em silêncio. Ele beijou minha testa e me puxou para seu peito.
— Você é diferente de tudo que já conheci.
— E você é mais humano do que finge ser — respondi, sorrindo contra sua pele.
A madrugada passou devagar, com nossos dedos desenhando mapas um no corpo do outro. Não queríamos dormir. Queríamos apenas permanecer ali, como se o tempo tivesse dado uma pausa só para nós.
Eu o observei em silêncio enquanto ele fechava os olhos, com um sorriso sereno no rosto. Toquei o rosto dele, suave, com medo de que fosse tudo um sonho. Mas não era.
Eu, a mulher errada.
Ele, o homem que nunca acreditou no amor.
Agora, éramos dois corpos entrelaçados pela primeira vez… e duas almas se reconhecendo.
Se aquilo era o fim do contrato ou o começo de algo maior, eu não sabia.
Mas naquela noite… ele foi meu. E eu fui completamente dele.
Fim do episódio 31