O eco do rugido ainda vibrava nos meus ouvidos. Mesmo com o corpo latejando, cada fibra dolorida, algo dentro de mim pulsava diferente: uma mistura de medo, adrenalina e... excitação. A dor não me enfraquecia. Pelo contrário, era como se fosse parte do processo. Eu sentia. Eu aprendia.
A cada soco, meu corpo compreendia mais. Era como se cada impacto reescrevesse os limites do que eu pensava ser capaz. O corpo aprendia. Absorvia. Crescia. Essa era a natureza da minha habilidade — não apenas me tornar mais forte, mas evoluir como um ser vivo moldado pela luta.
A clareira onde enfrentei o ogro começava a se desfazer lentamente, como se fosse feita de poeira estelar. A luz branca se intensificou, engolindo tudo, e num piscar de olhos, estava de volta à sala 3.
Mas algo ainda não fazia sentido. Eu estava diferente. Como se o mundo ao meu redor tivesse desacelerado e minha percepção estivesse um passo à frente.
O instrutor se aproximou devagar, como se estivesse prestes a confirmar um milagre ou um erro.
— Me acompanhe, Renji Arata. Precisamos registrar oficialmente seus resultados.
Segui o homem pelos corredores da Associação, com o som das minhas botas molhadas ecoando nas paredes frias. Era como se a adrenalina da dungeon ainda estivesse comigo. Meu corpo estava desperto. Cada passo parecia mais firme, mais preciso.
Entramos em uma sala pequena com um terminal. Ele conectou um cristal ao sistema, e minha ficha apareceu.
> RENJI ARATA
> Nível: 1
> Força: 16 | Agilidade: 14 | Resistência: 17 | Magia: 30
> Habilidade Única: Transcendência Corpórea (Despertada)
O homem leu os dados em silêncio.
— Sua magia de reforço... é como a de um mago de suporte classe A. Mas você está no nível 1.
— Isso é bom, certo?
Ele hesitou.
— Bom... e ao mesmo tempo perigoso. Você é uma anomalia. É raro, mas não inédito. Vamos registrar você como classe D. Você é forte, mas ainda inexperiente.
Assenti. Aquilo era justo. Ainda havia muito que eu não entendia sobre mim mesmo. Mas cada passo me aproximava da verdade.
Ele imprimiu um crachá e me entregou. O brilho prata da plaqueta refletia o nome: RENJI ARATA – CLASSE D.
— A partir de agora, você pode se candidatar às missões oficiais. Recomendamos começar pelas Dungeons locais de classe F ou E. Mas com seus atributos... talvez possa tentar algo mais alto. Com cuidado.
Saí da sala com o crachá no bolso e um sorriso discreto. Não era muito, mas era meu primeiro passo como Desperto oficial.
Na rua, o vento frio bateu no meu rosto. Caminhei como se pisasse em um mundo novo. Tudo parecia mais nítido. Mais real.
No fundo da mochila, uma notificação acendeu no sistema:
> Novas Dungeons Disponíveis para Classe D
> Refúgio das Mandíbulas (Rank D+)
> Caminho das Raízes Mortas (Rank D)
Sorri. Estava na hora de ver até onde esse corpo podia me levar.