Capítulo 12 – A Carta dos Três Sábios

Três dias depois da missão no distrito 3, voltei à Associação apenas para entregar o relatório da segunda missão da Raiz Carmesim — um extermínio de bestas subterrâneas numa caverna de Rank C. Nada glamoroso, mas essencial para o reconhecimento.

Dalki ficou para resolver alguns papéis enquanto eu caminhava pelos corredores ainda sujo de poeira e sangue seco. Foi então que a recepcionista — a mesma de olhos de sereia — me chamou.

— Arata. Uma entrega para você.

Ela deslizou um envelope preto sobre o balcão. O selo? Três espadas cruzadas com runas douradas.

— Isso foi deixado por um mensageiro esta manhã. Ele não disse nada além de “Eles observaram o garoto que sangra com propósito.”

— Isso... é poético ou assustador? — perguntei, mais pra mim mesmo.

Abri o envelope ali mesmo. A carta estava escrita à mão, com caligrafia antiga:

> “Renji Arata,

>

> A Transcendência Corpórea não é um mito.

> Aqueles que carregam o fardo da evolução pelo sangue são raros.

> Queremos vê-lo em ação.

>

> No 5º Dia do Sol Vazio, uma Dungeon de Rank B será aberta sob autorização dos Três Sábios.

> Somente você e um companheiro poderão entrar.

>

> Se sair vivo, terá acesso ao Salão da Verdade.

>

> Assinado: Razael, Mirthan e Yuma.

> Os Três Sábios.”

Minhas mãos tremiam. Nunca tinha ouvido falar do Salão da Verdade — mas os nomes? Os Três Sábios eram lendas vivas.

Razael, o mago que selou a Besta de Chamas Eternas.

Mirthan, o estrategista que previu o ataque ao Portal de Escamas.

Yuma, a única conjuradora de gravidade da história.

Todos Caçadores Rank S. Todos... me observando?

Levei a carta até Dalki e mostrei em silêncio. Ele ficou boquiaberto por alguns segundos.

— Renji... isso é grande. Muito grande.

— Eu sei. Mas por quê eu? Por que agora?

— Porque você é o único que sangra e sorri ao mesmo tempo.

Decidimos aceitar. No dia marcado, viajamos para o local indicado — uma antiga fortaleza em ruínas nas Montanhas Glaciais. Havia apenas um portal ativado, pulsando lentamente como um coração adormecido.

Antes de entrar, olhei para Dalki.

— Não sei o que vamos encontrar lá dentro.

— Não precisamos saber. Só precisamos sobreviver.

Entramos.

A Dungeon era... estranha. As paredes eram feitas de espelhos negros, e cada sala parecia mostrar reflexos de batalhas passadas. Em uma delas, vi minha própria figura lutando contra mim mesmo.

— Essa Dungeon testa mais do que força — sussurrei. — Testa convicção.

Avançamos. Criaturas criadas de fumaça e memória surgiram — sombras de caçadores caídos. Cada uma trazia armas e habilidades diferentes. Lutávamos com tudo. Socos explosivos, lançamentos táticos, eco de sangue ativado a cada golpe sofrido. Dalki girava sua lança como um tornado vivo.

No final, estávamos diante de um espelho maior que todos os outros. E nele... os rostos dos Três Sábios.

— Você passou. — A voz veio de todos os lados. — Agora pode entrar no Salão da Verdade.

O espelho se abriu, revelando uma sala branca infinita. E ali, flutuando no ar, estava uma esfera pulsante de energia.

> Deseja ver a origem da sua habilidade?

Minha garganta secou. Mas eu toquei.

E o mundo ao meu redor... desapareceu.