Três dias depois da missão no distrito 3, voltei à Associação apenas para entregar o relatório da segunda missão da Raiz Carmesim — um extermínio de bestas subterrâneas numa caverna de Rank C. Nada glamoroso, mas essencial para o reconhecimento.
Dalki ficou para resolver alguns papéis enquanto eu caminhava pelos corredores ainda sujo de poeira e sangue seco. Foi então que a recepcionista — a mesma de olhos de sereia — me chamou.
— Arata. Uma entrega para você.
Ela deslizou um envelope preto sobre o balcão. O selo? Três espadas cruzadas com runas douradas.
— Isso foi deixado por um mensageiro esta manhã. Ele não disse nada além de “Eles observaram o garoto que sangra com propósito.”
— Isso... é poético ou assustador? — perguntei, mais pra mim mesmo.
Abri o envelope ali mesmo. A carta estava escrita à mão, com caligrafia antiga:
> “Renji Arata,
>
> A Transcendência Corpórea não é um mito.
> Aqueles que carregam o fardo da evolução pelo sangue são raros.
> Queremos vê-lo em ação.
>
> No 5º Dia do Sol Vazio, uma Dungeon de Rank B será aberta sob autorização dos Três Sábios.
> Somente você e um companheiro poderão entrar.
>
> Se sair vivo, terá acesso ao Salão da Verdade.
>
> Assinado: Razael, Mirthan e Yuma.
> Os Três Sábios.”
Minhas mãos tremiam. Nunca tinha ouvido falar do Salão da Verdade — mas os nomes? Os Três Sábios eram lendas vivas.
Razael, o mago que selou a Besta de Chamas Eternas.
Mirthan, o estrategista que previu o ataque ao Portal de Escamas.
Yuma, a única conjuradora de gravidade da história.
Todos Caçadores Rank S. Todos... me observando?
Levei a carta até Dalki e mostrei em silêncio. Ele ficou boquiaberto por alguns segundos.
— Renji... isso é grande. Muito grande.
— Eu sei. Mas por quê eu? Por que agora?
— Porque você é o único que sangra e sorri ao mesmo tempo.
Decidimos aceitar. No dia marcado, viajamos para o local indicado — uma antiga fortaleza em ruínas nas Montanhas Glaciais. Havia apenas um portal ativado, pulsando lentamente como um coração adormecido.
Antes de entrar, olhei para Dalki.
— Não sei o que vamos encontrar lá dentro.
— Não precisamos saber. Só precisamos sobreviver.
Entramos.
A Dungeon era... estranha. As paredes eram feitas de espelhos negros, e cada sala parecia mostrar reflexos de batalhas passadas. Em uma delas, vi minha própria figura lutando contra mim mesmo.
— Essa Dungeon testa mais do que força — sussurrei. — Testa convicção.
Avançamos. Criaturas criadas de fumaça e memória surgiram — sombras de caçadores caídos. Cada uma trazia armas e habilidades diferentes. Lutávamos com tudo. Socos explosivos, lançamentos táticos, eco de sangue ativado a cada golpe sofrido. Dalki girava sua lança como um tornado vivo.
No final, estávamos diante de um espelho maior que todos os outros. E nele... os rostos dos Três Sábios.
— Você passou. — A voz veio de todos os lados. — Agora pode entrar no Salão da Verdade.
O espelho se abriu, revelando uma sala branca infinita. E ali, flutuando no ar, estava uma esfera pulsante de energia.
> Deseja ver a origem da sua habilidade?
Minha garganta secou. Mas eu toquei.
E o mundo ao meu redor... desapareceu.