O retorno das Ruínas de Arkarion foi silencioso. Nenhum deles falava — talvez por não saberem o que dizer. As imagens, os espectros, o Primeiro Molde, a energia que agora queimava em Renji... tudo ainda estava fresco demais.
E Renji, apesar do corpo intacto, sentia como se estivesse rachado por dentro.
A marca viva não parava de crescer. Novos traços surgiam toda vez que ele dormia. Começava no ombro, mas agora serpenteava até o cotovelo, formando padrões que pulsavam de acordo com seu humor. Cada vez que ele sentia raiva, a marca parecia respirar. Cada vez que sorria... ela também.
Dalki, o primeiro a quebrar o silêncio, tentou fazer piada:
— Isso aí tá mais animado que você.
— Talvez seja eu — Renji respondeu, sério.
Yura passava mais tempo estudando a marca do que dormindo. Ela descobriu que os traços formavam uma linguagem perdida — algo entre runas pré-mágicas e registros arcanos das primeiras linhagens humanas.
— Isso é perigoso demais, Renji. Seu corpo está se tornando um artefato vivo.
Seika, sempre observadora, percebeu algo mais:
— Não é só você. Nós mudamos também.
Renji olhou para ela.
— Você sente isso, não sente? A pressão ao nosso redor aumentou. É como se estivéssemos sendo medidos o tempo todo.
Naquela noite, Renji sonhou com os Tronos de Arkarion.
Mas agora, estavam ocupados. Três figuras sem rosto o observavam. Ao seu redor, o mundo estava desfeito, como se ele fosse o único real em um mundo falso.
— A Segunda Estrutura não aceita hesitação — disse um dos tronos.
— Caminhe ou seja esquecido — disse o segundo.
— Queime para ser lembrado — finalizou o terceiro.
Ao acordar, Renji descobriu algo novo: seu braço direito agora exibia uma camada fina de energia sólida, como se sua carne tivesse sido temperada por dentro com luz.
Arquétipo Interno Ativado
Primeira Forma: Escudo Vascular – resistência física aumentada em 60%
— Isso é... impossível — disse Yura ao analisar.
— É como se seu corpo criasse estruturas de defesa como um organismo superior. Isso não é reforço físico. Isso é... engenharia mágica viva.
Renji olhou para o braço, então para os outros.
— Talvez meu corpo esteja ensinando como lutar. Antes mesmo de eu entender como lutar.
Dalki sorriu.
— Então é melhor a gente correr pra acompanhar esse seu corpo maluco.
E todos riram.
Pela primeira vez desde as Ruínas.