Capítulo 14 – As Marcas que Crescem

O retorno das Ruínas de Arkarion foi silencioso. Nenhum deles falava — talvez por não saberem o que dizer. As imagens, os espectros, o Primeiro Molde, a energia que agora queimava em Renji... tudo ainda estava fresco demais.

E Renji, apesar do corpo intacto, sentia como se estivesse rachado por dentro.

A marca viva não parava de crescer. Novos traços surgiam toda vez que ele dormia. Começava no ombro, mas agora serpenteava até o cotovelo, formando padrões que pulsavam de acordo com seu humor. Cada vez que ele sentia raiva, a marca parecia respirar. Cada vez que sorria... ela também.

Dalki, o primeiro a quebrar o silêncio, tentou fazer piada:

— Isso aí tá mais animado que você.

— Talvez seja eu — Renji respondeu, sério.

Yura passava mais tempo estudando a marca do que dormindo. Ela descobriu que os traços formavam uma linguagem perdida — algo entre runas pré-mágicas e registros arcanos das primeiras linhagens humanas.

— Isso é perigoso demais, Renji. Seu corpo está se tornando um artefato vivo.

Seika, sempre observadora, percebeu algo mais:

— Não é só você. Nós mudamos também.

Renji olhou para ela.

— Você sente isso, não sente? A pressão ao nosso redor aumentou. É como se estivéssemos sendo medidos o tempo todo.

Naquela noite, Renji sonhou com os Tronos de Arkarion.

Mas agora, estavam ocupados. Três figuras sem rosto o observavam. Ao seu redor, o mundo estava desfeito, como se ele fosse o único real em um mundo falso.

— A Segunda Estrutura não aceita hesitação — disse um dos tronos.

— Caminhe ou seja esquecido — disse o segundo.

— Queime para ser lembrado — finalizou o terceiro.

Ao acordar, Renji descobriu algo novo: seu braço direito agora exibia uma camada fina de energia sólida, como se sua carne tivesse sido temperada por dentro com luz.

Arquétipo Interno Ativado

Primeira Forma: Escudo Vascular – resistência física aumentada em 60%

— Isso é... impossível — disse Yura ao analisar.

— É como se seu corpo criasse estruturas de defesa como um organismo superior. Isso não é reforço físico. Isso é... engenharia mágica viva.

Renji olhou para o braço, então para os outros.

— Talvez meu corpo esteja ensinando como lutar. Antes mesmo de eu entender como lutar.

Dalki sorriu.

— Então é melhor a gente correr pra acompanhar esse seu corpo maluco.

E todos riram.

Pela primeira vez desde as Ruínas.