As manhãs em que Renji acordava em paz estavam se tornando raras. Ultimamente, abrir os olhos era quase como retornar de um campo de batalha. Seu corpo latejava, e a marca… expandia.
Desta vez, porém, havia algo diferente. Ao se olhar no espelho, notou que a pele ao redor da marca parecia… viva. Como se respirasse. Ondas de calor subiam do ombro até o pescoço.
— Tá parecendo que tua marca tá começando a pensar sozinha — disse Dalki, de longe, mastigando cereais.
— E se estiver? — Renji respondeu, sério.
Naquela noite, um sonho estranho o tomou. Ou talvez não fosse um sonho. Ele estava em um corredor de carne viva. As paredes pulsavam, como se o mundo fosse feito de seu próprio corpo.
Ao fundo, uma figura familiar o observava: o molde de ossos dourados.
— Você está chegando perto, Renji. Mas não é o primeiro.
— Que...?
— A carne viva é memória. E ela se lembra de todos os que vieram antes. Você carrega mais do que pensa.
Quando acordou, percebeu que estava no chão. A cama tinha sido arremessada para o lado. A energia em seu corpo havia transbordado. Uma nova notificação o aguardava:
Arquétipo Interno – Segunda Forma desbloqueada: Sangue Condutor
Habilidade ativa: Magnetismo Orgânico – atrai e repele matéria física com base no fluxo de sangue e magia corporal.
Yura quase caiu da cadeira quando leu a descrição.
— Isso... isso é manipulação de campo, Renji. Como se o seu sangue estivesse imantado!
— Meu corpo está se armando sozinho — ele murmurou.
Seika cruzou os braços.
— E o que você pretende fazer com isso?
— Usar. Antes que algo mais dentro de mim decida por mim.
Mais tarde, a guilda recebeu uma nova missão: uma dungeon de classificação B no Setor Rochoso do Norte. Algo havia surgido lá, uma criatura feita de matéria viva e mágica. Um sussurro entre os caçadores dizia: “aquilo é feito do mesmo material da Marca”.
Renji olhou para Dalki, Seika e Yura.
— Parece pessoal.
E eles partiram.
Na entrada da dungeon, um último aviso surgiu no sistema:
Esta missão poderá interferir diretamente na estabilidade de sua herança.
Deseja continuar?
Renji sorriu.
— Meu corpo já decidiu, não foi?
E deu o primeiro passo.