O dia seguinte amanheceu silencioso, mas não em paz. Renji sentia algo novo. Como se seu corpo tivesse uma segunda pele, um segundo ritmo de respiração, escondido por baixo do habitual. A simbiose havia começado.
Ele treinava no quintal da sede da guilda. Cada golpe, cada chute, saía com um mínimo de esforço e máxima precisão. Mas, ao mesmo tempo, sentia uma pulsação extra dentro dos músculos. Como se mais alguém estivesse se movendo com ele — ou por ele.
Yura observava à distância, fazendo anotações mágicas. Ela ativava runas toda vez que ele usava a nova habilidade. Uma em especial piscava em vermelho toda vez que Renji entrava em estado simbiótico.
— A energia flui para áreas do cérebro que normalmente só são acessadas por pessoas em transe profundo — murmurou ela. — Isso não é só físico. É quase espiritual.
Na tarde daquele dia, a guilda recebeu uma missão urgente: uma horda de aracnídeos mágicos estava surgindo em uma vila agrícola. Rank B, mas com potencial de crescimento para A se não fossem contidos rapidamente.
— Essa é nossa — disse Renji. — Eu quero testar isso.
Na vila, o ar cheirava a seiva e carniça. As teias cobriam árvores, casas e até animais petrificados. Os monstros eram rápidos, numerosos e coordenados. Yura e Dalki recuaram para organizar a retaguarda.
Renji avançou sozinho. A simbiose ativou-se automaticamente.
Seus olhos se estreitaram. O tempo desacelerou. Cada movimento inimigo era antecipado antes mesmo de ser executado. Ele dançava entre as criaturas, golpeando com brutalidade e graciosidade simultâneas. Não era só força — era arte.
Uma aranha maior, uma matriarca venenosa, tentou envolvê-lo em teias mágicas. Renji sorriu. Saltou sobre ela, usando sua própria teia como trampolim, e ativou a habilidade Pulso Interno — liberando uma onda de choque de dentro do próprio peito.
A criatura se desfez.
Quando tudo terminou, a vila estava limpa. As pessoas saíram de esconderijos e aplaudiram. Mas Renji não estava presente.
Ele estava de joelhos no campo, ofegante.
— Você está bem?! — Dalki correu.
Renji olhou para as mãos.
— Foi... demais. Por um momento, eu senti que não estava mais controlando. Como se minha parte instintiva... estivesse feliz demais por estar no comando.
Yura se aproximou.
— Isso é o risco da simbiose. Se usar por tempo demais... você pode se tornar aquilo.
Renji assentiu.
— Mas agora eu sei. Sei o que sou capaz. E o que preciso evitar.
Instinto Simbiótico atualizado: Tempo de uso limitado a 180 segundos por ativação. Exceder o limite pode causar Fusão Parcial.
A jornada continua.