Capítulo 22 – Uma Semente no Escuro

A fama tem um preço.

Com a ascensão meteórica da Raiz Carmesim, vieram os olhares, os elogios... e os olhos invejosos. Nem todos dentro da guilda estavam preparados para a atenção repentina. Nem todos queriam dividir o mérito.

E é sempre no silêncio que as sementes da traição germinam.

O capítulo começou com uma notícia discreta: uma missão classe B na Floresta de Mil Ecos havia sido sabotada. Três grupos da associação foram emboscados por monstros fora do padrão. Um relatório apontava que o mapa havia sido alterado por alguém da própria Raiz Carmesim, que teve acesso ao sistema da guilda na noite anterior.

— Isso não pode ser coincidência — disse Yura, furiosa. — Alguém de dentro passou as informações.

— E alguém com conhecimento técnico — completou Masaki. — Um dos nossos?

Renji não disse nada, mas seus olhos passearam por todos os presentes. Os rostos familiares que lutaram ao lado dele, agora também podiam esconder intenções.

Para resolver isso, ele sugeriu algo arriscado:

— Vamos dividir a guilda em três grupos por uma semana. Cada grupo ficará em uma região diferente, com missões distintas. Se houver sabotagem, saberemos de onde partiu.

A proposta foi aceita, com desconforto visível. Ninguém queria admitir que um traidor poderia estar entre eles.

Durante essa semana, a tensão foi como uma corda esticada. Pequenas falhas em comunicação. Equipamentos sumindo. E, no quinto dia, uma explosão mágica atingiu o grupo liderado por Elian.

Não houve mortes. Mas o estrago foi o suficiente para confirmar as suspeitas: alguém estava alimentando inimigos com rotas e horários exatos.

Renji se viu em uma encruzilhada. Confiar? Interrogar? Ou agir como o instinto dizia?

No fim do dia, em sua sala, ele olhou para os relatórios de missão e notou algo estranho. Um padrão. Sempre que um dos membros, um rapaz de fala mansa chamado Kei, era designado para missões simples... algo dava errado em outro grupo.

Mas Kei nunca estava no local do ataque.

Renji chamou-o para conversar. Calmamente. Mas enquanto falavam, o olhar de Kei mudou.

— Você é bom, Renji. Melhor do que eles pensavam. Mas ainda não é bom o bastante.

Antes que pudesse reagir, Kei ativou uma runa de teleporte no chão e desapareceu. No lugar, deixou um pequeno cristal vermelho.

Quando Renji tocou nele, a mensagem ecoou em sua mente:

"A Raiz cresce. Mas toda árvore tem um parasita. Eu fui só o primeiro."

Renji cerrava os punhos.

— Isso não vai parar agora. Vai escalar.

Yura entrou na sala.

— Descobrimos?

— Sim. Mas ele não é o único.