A revelação da traição abalou os pilares da Raiz Carmesim. Pela primeira vez desde sua criação, os membros se reuniram não para celebrar ou lutar, mas para decidir o futuro da própria guilda.
Kei havia fugido, mas deixara para trás uma cicatriz profunda.
No salão principal, uma longa mesa de madeira concentrava a atenção dos doze membros ativos. Renji estava à cabeceira, mas seus olhos não pareciam confortáveis com o papel de líder.
— A questão é simples — disse Masaki, com sua habitual tranquilidade. — Mantemos nossa estrutura atual e arriscamos mais infiltrações... ou reformamos tudo, mesmo que isso signifique cortar parte da raiz.
Yura cruzou os braços.
— Proponho uma votação. Mas que não seja apenas sobre segurança. Vamos decidir se seguimos como uma guilda de amigos... ou se nos tornamos uma organização de elite.
Dalki olhava para o chão. Ele sempre foi o mais próximo de Kei.
— Se vamos nos tornar frios... então o que nos diferencia das outras guildas?
Renji levantou-se.
— Estamos diante de uma bifurcação. Um caminho leva à sobrevivência. O outro, à essência do que construímos. Só que... não podemos ter os dois ao mesmo tempo. Não mais.
As discussões seguiram por horas. Argumentos, lágrimas, memórias antigas e promessas recentes.
No fim, todos votaram.
Resultado:
5 votos para reformulação completa.
4 votos para manter o formato atual com melhorias.
3 votos em branco, incluindo o de Renji.
— Isso não é vitória. Isso é divisão — disse ele, levantando-se.
E como se o universo tivesse ouvido, naquele mesmo instante, o alarme de emergência da guilda soou. Um portal instável havia se aberto na periferia da cidade. E pior: assinado com magia residual idêntica à de Kei.
— Ele quer que a gente vá rachado — murmurou Yura.
— Então vamos como um só — respondeu Renji.
Eles partiram. Não como uma guilda dividida.
Mas como uma raiz em guerra.