Capítulo 40 – A Linha Negra

Durante dias, a linha negra no céu permaneceu imóvel. Nenhuma explicação científica. Nenhum feitiço a afetava. Era como se ela estivesse... observando.

Renji reunia os membros da Raiz Carmesim na sala principal, agora protegida por runas de contenção reforçadas por Sari e Masaki.

— Aquilo é Filaria — disse Masaki. — Não como presença física, mas como manifestação. A linha é uma rachadura no tecido da realidade.

Yura analisava um cristal de memória, onde registros da linha negra revelavam padrões. Oscilações. Sinais quase... pulsantes.

— É como se ela estivesse costurando algo — sussurrou. — Mas não sabemos o quê.

Foi então que chegaram os primeiros relatos.

Guildas ao redor do mundo relatavam desaparecimentos. Caçadores em plena missão sendo tragados por fendas escuras. Ao voltarem... não eram mais os mesmos.

— Eles falam com vozes sobrepostas — contou um líder da Guilda Aço Sombrio, em transmissão. — Dizem que carregam as memórias que nós esquecemos.

Renji apertou os punhos. Elian entrou na sala, pálido.

— Um deles apareceu aqui. Na nossa base.

Era um garoto. Não mais de 13 anos. Pele cinzenta, olhos negros costurados por fios prateados.

— Eu sou... a dor do seu pai, Renji — disse ele, antes de desmaiar.

O silêncio tomou conta do recinto.

Renji sentou-se. Respirava fundo. Mas não tremia.

— Eles estão nos testando. Nos confrontando com nossos pedaços não resolvidos.

— Então vamos resolver — disse Sari. — Não como heróis. Mas como costureiros do novo mundo.

Masaki olhou para o horizonte.

— A linha negra não é ameaça. É o preço por termos puxado o fio errado.

E Renji, se levantando, declarou:

— Então vamos costurar até o fim.