Durante dias, a linha negra no céu permaneceu imóvel. Nenhuma explicação científica. Nenhum feitiço a afetava. Era como se ela estivesse... observando.
Renji reunia os membros da Raiz Carmesim na sala principal, agora protegida por runas de contenção reforçadas por Sari e Masaki.
— Aquilo é Filaria — disse Masaki. — Não como presença física, mas como manifestação. A linha é uma rachadura no tecido da realidade.
Yura analisava um cristal de memória, onde registros da linha negra revelavam padrões. Oscilações. Sinais quase... pulsantes.
— É como se ela estivesse costurando algo — sussurrou. — Mas não sabemos o quê.
Foi então que chegaram os primeiros relatos.
Guildas ao redor do mundo relatavam desaparecimentos. Caçadores em plena missão sendo tragados por fendas escuras. Ao voltarem... não eram mais os mesmos.
— Eles falam com vozes sobrepostas — contou um líder da Guilda Aço Sombrio, em transmissão. — Dizem que carregam as memórias que nós esquecemos.
Renji apertou os punhos. Elian entrou na sala, pálido.
— Um deles apareceu aqui. Na nossa base.
Era um garoto. Não mais de 13 anos. Pele cinzenta, olhos negros costurados por fios prateados.
— Eu sou... a dor do seu pai, Renji — disse ele, antes de desmaiar.
O silêncio tomou conta do recinto.
Renji sentou-se. Respirava fundo. Mas não tremia.
— Eles estão nos testando. Nos confrontando com nossos pedaços não resolvidos.
— Então vamos resolver — disse Sari. — Não como heróis. Mas como costureiros do novo mundo.
Masaki olhou para o horizonte.
— A linha negra não é ameaça. É o preço por termos puxado o fio errado.
E Renji, se levantando, declarou:
— Então vamos costurar até o fim.