Capítulo 5 – Jantar, Tropeço e Revelações Explosivas
Quando Miguel me convidou para um jantar “fora das câmeras”, eu achei que seria algo simples — um restaurante bonitinho, umas velas, música suave e talvez aquele papo de “vamos salvar sua casa e seu coração”. Afinal, eu precisava disso como precisava de mais dívidas.
Mas não. Miguel tinha outros planos.
Cheguei na tal “Casa Varela”, uma mansão moderníssima, com luz baixa, móveis que brilhavam mais do que meu futuro e uma mesa posta como se fosse jantar de reis.
— Uau, você não brinca em serviço — murmurei, olhando cada detalhe.
— Nada de meio termo — Miguel sorriu. — Se vamos restaurar sua casa, vamos mostrar que o passado pode ser chique.
Enquanto eu tentava não pisar no tapete persa que custaria mais do que meu salário dos próximos dez anos, a porta se abriu de repente.
— Miguel, você prometeu que não traria ninguém — uma voz grave e conhecida cortou o ar.
Era Eduardo.
— Ué, achei que era um jantar a três — respondi, com aquele sorriso meio “peguei vocês”.
Eduardo cruzou os braços, olhos faiscando.
— Eu não vou deixar você ser conquistada por outro enquanto ainda estou na sua vida.
— Eduardo, eu só estou tentando salvar a casa... e talvez, só talvez, descobrir se ainda consigo gostar de você.
Miguel riu.
— Que drama digno de novela, hein?
A tensão aumentava, o clima parecia de guerra, até que eu, tentando manter a compostura, tropecei no tapete e quase fui direto para o chão.
— Clarisse! — Eduardo se jogou para me segurar, quase me esmagando de tanto desespero.
E nesse abraço desajeitado, por um segundo, o mundo parou.
— Vocês dois são um desastre — disse Miguel, rindo e pegando um guardanapo para mim.
— Um desastre que ainda rende audiência — retruquei, recuperando o equilíbrio.
**
O jantar seguiu com conversas e provocações. Eduardo não desgrudava os olhos de mim. Miguel fazia questão de elogiar meu sorriso, meu jeito — e, claro, de lembrar que podia ser a solução para tudo.
— Então, Clarisse, conte pra gente: qual o maior desafio de ser herdeira do nada? — Miguel perguntou, curioso.
— Sobreviver às minhas próprias trapalhadas — respondi, sem pensar. — E lidar com um ex que insiste em ser protagonista da minha novela.
Eduardo fez uma careta.
— Ei, eu sou co-protagonista — retrucou.
— Por enquanto — falei, sorrindo maliciosa.
No meio da conversa, um som alto e estridente fez todos pularem.
— Meu Deus! — exclamou Sueli, que entrou na sala com um envelope nas mãos, tremendo. — Chegou a carta do banco!
Eu já sentia o coração acelerar. Aquele envelope podia ser a sentença final da minha família... ou um milagre.
Com mãos trêmulas, abri.
Era um aviso: o banco aceita renegociar a dívida, mas só com garantia extra.
O jantar que era para ser o ápice da esperança, virou um balde de água fria.
— Então... — disse Miguel, sério —, vamos ter que ser mais criativos. Eu conheço gente que pode ajudar.
Eduardo me olhou com algo que eu ainda não tinha decifrado.
— Não vai ser fácil — ele falou, aproximando-se —, mas com você... vale a pena tentar.
Naquele momento, entre a luz das velas, os olhares intensos, as dúvidas e promessas, eu soube: minha vida não seria mais a mesma. E que, no meio desse caos, eu encontraria a força — e talvez o amor — para reconstruir tudo.
Fim do episódio 5