Capítulo 9 – O Plano
Narrado por Alice Ventura
Lucas estava jogando com a gente.
Mas o que ele não sabia… é que agora a gente tinha deixado de ser peão.
Eu, Davi, Noah e Juliana passamos o recreio inteiro sentados no fundo da biblioteca, cochichando entre livros empoeirados e planos quase malucos.
— Se ele é tão bom em manipular, então a gente precisa ser melhor. — disse Noah, comendo um pacote de cookies como se fosse combustível de guerra.
— Eu ainda não acredito que foi o Lucas. — Juliana murmurou, cabisbaixa.
— Acredite. Ele nos olhou nos olhos pela câmera. Sabia que estávamos vendo. — Davi respondeu.
— Então vamos revidar. — falei, firme. — Ele quer usar segredos? Nós vamos expor o dele.
— Você tem algum? — Noah arqueou a sobrancelha.
— Não ainda. Mas vou ter.
Todos me olharam.
— Você vai confrontar ele? — Davi perguntou.
— Ainda não. Primeiro, vou me aproximar. Me fazer de aliada. Se ele quer brincar de máscara, vou usar uma também.
Juliana respirou fundo.
— Só… toma cuidado, Alice. Lucas é esperto.
— E eu sou mais. — sorri.
No dia seguinte
Planejei tudo. Roubei o caderno de literatura de Lucas durante a aula e coloquei um bilhete dentro:
“Se quiser continuar vencendo, talvez devesse confiar em mim. Nos vemos hoje, atrás do ginásio.”
Durante o recreio, ele leu. Me olhou do outro lado da sala. Sorriu, curioso.
Funcionou.
Às 17h em ponto, lá estava ele, encostado na parede do ginásio, braços cruzados e expressão desconfiada.
— Sabe que isso parece coisa de filme ruim, né? — ele disse quando me viu.
— E você é o vilão clichê? — perguntei, aproximando devagar.
Ele riu. Aquele riso falso que agora eu reconhecia.
— Por que me chamou aqui?
— Porque estou cansada de ser manipulada. — respondi. — E quero estar do lado vencedor.
Ele me olhou por longos segundos.
— Você sabe?
— Sei mais do que você imagina.
Ele se aproximou um pouco.
— E por que eu deveria confiar em você?
— Porque eu sou boa em manter segredos. — falei, encarando-o de volta.
Ele sorriu de lado. Como se estivesse testando meu limite.
— Então seja bem-vinda ao jogo, Alice.
Mais tarde naquela noite
— Você ficou a sós com ele?! — Davi perguntou, parecendo que ia ter um ataque.
— Relaxa, tava tudo sob controle.
— Ele acreditou em você? — Juliana perguntou, nervosa.
— Sim. E mais: ele quer me passar uma das “verdades” antes de divulgar. Pra ver como eu reajo. — falei, mordendo o lábio.
— Isso pode ser perigoso. — Noah comentou, franzindo a testa.
— Eu sei. Mas é nossa chance de descobrir o próximo alvo... e talvez o motivo real por trás de tudo.
— Tem certeza de que aguenta isso? — Davi segurou minha mão por um segundo.
— Eu aguento. Ele não vai vencer. Não enquanto eu estiver aqui.
E naquele instante, ali entre meus amigos, percebi uma coisa:
Lucas podia ter começado o jogo.
Mas eu ia terminar.