Capitulo 8

Capítulo 8 – O Rosto por Trás da Máscara

Narrado por Alice Ventura

A noite parecia nunca acabar. Revirei na cama, abracei o travesseiro, tentei pensar em outra coisa. Mas tudo que vinha à mente era o bilhete, a câmera, e o medo.

“E se ninguém aparecer?”

“E se tudo for só um jogo dentro de outro jogo?”

Meu celular vibrou.

Era uma mensagem do Noah:

“Alguém mexeu na câmera. Vem AGORA pra escola.”

Sentei na cama como se tivesse levado um choque.

— Agora!?

Saí correndo. Vesti o moletom mais largo que achei e mandei mensagem para Davi no caminho.

Em menos de quinze minutos, estávamos nós três escondidos na parte de trás da escola, entrando pela janela da sala de teatro.

— Cadê a Juliana? — perguntei, ofegante.

— Em casa. Ela fez a parte dela. Agora é com a gente. — respondeu Noah.

— E a câmera?

— Ainda tá gravando.

O silêncio da escola à noite era diferente. Assustador. Como se todos os segredos sussurrassem pelos corredores vazios.

Davi abriu o notebook e começou a puxar as imagens da câmera.

O vídeo começou a rodar. Mostrava a sala vazia, depois Juliana entrando, deixando o bilhete e saindo. Trinta minutos se passaram em silêncio.

— Nada. — murmurei.

Mas então...

A porta se abriu lentamente. Uma silhueta apareceu.

— Espera… dá zoom. — pedi, com o coração acelerado.

Davi aumentou o vídeo.

Era alguém usando capuz e luvas.

A pessoa olhou ao redor, pegou o bilhete, leu, e... sorriu.

Depois, virou para a câmera — e ficou parado, olhando fixamente.

— Eles sabiam da câmera. — sussurrou Noah.

— Mas… por que não desligaram?

Então a pessoa abaixou o capuz.

Meu coração quase parou.

— Não pode ser…

— É o... LUCAS?! — Davi disse alto demais.

Sim. Lucas. O cara mais gentil da escola. O que ajudava os professores, que carregava livros, que fazia piada de tiozão e todo mundo adorava.

Ele olhava direto pra câmera, depois disse com a voz fria:

— Vocês acham que sabem de tudo. Mas nem começaram.

Depois, apagou a luz e sumiu do quadro.

Eu fiquei paralisada. Por um momento, ninguém disse nada.

— Isso muda tudo. — Noah quebrou o silêncio.

— Ele enganou todo mundo. — falei, engolindo em seco. — Até a mim.

— Alice… — Davi se aproximou. — Você tá bem?

— Não sei. — suspirei. — Eu confiava nele. Ele era... meu amigo.

— Talvez por isso ele fez tudo isso. — Noah disse. — Quem melhor pra manipular do que quem mais confia?

A raiva começou a ferver no meu peito. Mas não era só raiva.

Era decepção.

E isso doía mais.

— E agora? — perguntei.

— Agora... — Davi disse, fechando o notebook. — Agora a gente expõe ele.

— Ou... — Noah completou. — A gente joga o jogo dele. Mas melhor.

Sorri de canto.

— Se ele quer guerra... vai ter guerra.

No dia seguinte, a escola estava mais silenciosa que o normal. Todos sentiam que alguma coisa ia acontecer. Mas ninguém sabia o quê.

Lucas passou por mim no corredor, com aquele sorriso tranquilo.

— Dormiu bem, Alice? — ele perguntou, como se nada tivesse acontecido.

Eu sorri de volta.

— Melhor impossível.

Mas por dentro, eu gritava.

E ele ia descobrir isso... muito em breve.