fim das gravações

O último "corta" ecoou alto no estúdio.

Yuna ficou parada, como se o som precisasse de tempo para ser absorvido. Então, quando o diretor sorriu e deu os parabéns, ela soltou uma risada alta e espontânea, sendo imediatamente envolvida por abraços e cumprimentos.

— Finalizamos! — ela gritou, levantando os braços.

Entre bolos comemorativos, câmeras registrando o momento e mensagens de gratidão trocadas entre os colegas de elenco, Yuna sentiu uma onda de felicidade genuína. Depois de meses de dedicação e cansaço, ela tinha conseguido.

Seu primeiro thriller psicológico como protagonista principal estava gravado e finalizado com sucesso. Um papel desafiador em muitos aspectos, que exigiu uma camada de atuação tão intensa que a fez se sentir realizada por conseguir entregar exatamente o que o diretor queria.

Agora, ela teria semanas livres até o lançamento, que ainda seria definido.

Sem correria, sem esconderijos.

Finalmente poderia viver de verdade. (...)

Horas depois, Yuna estacionou na garagem do prédio de Zaria. Subiu direto, sem precisar ser anunciada. Já tinha passe livre no condomínio.

Quando bateu à porta, não esperava encontrar aquela bagunça.

Jiwon foi quem abriu, sorrindo de orelha a orelha.

— Bem-vinda ao manicômio particular — brincou.

A música já ecoava da sala, e logo que ela entrou, foi recebida por um coro de vozes animadas:

— Yuna-yaaah! — Mina praticamente voou até ela, pulando com Cloud em seus braços.

Yuna quase perdeu o equilíbrio, gargalhando enquanto Mina a abraçava forte, como se não a visse há anos.

— Eu sabia que você ia arrasar! — Mina exclamou, ainda grudada nela.

— Ai, me deixa respirar, Mina! — Yuna riu, tentando se soltar.

Syx e Jiwon assistiam à cena de camarote, os dois trocando olhares divertidos. Minji estava quieta no canto, respondendo mensagens.

Luna apareceu logo atrás, com uma taça de vinho na mão.

— Parabéns, estrela! — ela disse, entregando-lhe uma taça.

— Luna, toda vez que eu te vejo, você está com uma taça de vinho na mão — disse Yuna, rindo ao pegar a bebida.

— O que eu posso fazer? Vinho é meu elixir da felicidade.

— Você estava linda no set! — Syx completou.

Yuna piscou, surpresa.

— Vocês foram ao set escondidas?

— É claro! — Syx respondeu, rindo. — Como perderíamos o grande final? O namorado fake da Zaria levou a gente. Mas saímos antes de fazer tumulto. Você nem percebeu nossa presença.

Zaria apareceu em seguida, visivelmente feliz, mas com uma expressão falsa de impaciência.

— Mina, você pode largar a MINHA namorada agora? — ela disse empurrando ela e provocando risadas gerais.

Mina se fez de desentendida, acariciando os pêlos de Cloud, que estava adorando o carinho. Ela estava tão apegada ao bichano que quase não o devolveu.

— Só estou parabenizando! — respondeu, abraçando Yuna ainda mais forte de propósito. — Diz pra sua mãe parar de ciúmes, diz, pequeno Cloud. Ela é muito ciumenta — fez uma voz infantil, como se estivesse conversando com o gato.

Zaria avançou, puxando Mina pela blusa, enquanto Yuna tentava escapar das duas, gargalhando tanto que quase derramou o vinho.

Luna e Syx se dobravam de rir no sofá.

— Essa casa vai desabar hoje! — Luna comentou entre risadas.

— Devolve o meu gato, Mina! — Zaria pediu, rindo.

Jiwon e Syx se acomodaram no canto, apenas observando a cena: Zaria tentando separar Mina, o gato e Yuna como se fosse uma guarda territorial; Mina resistindo como uma criança teimosa; e as outras duas integrantes do VENUS incentivando o caos como boas espectadoras. O coitado do gato assustado, se encolhendo nos braços de Mina.

— Deixa elas se matarem — Jiwon murmurou para Minji. — Quanto mais barulho, mais divertido.

Minji deu uma risadinha.

— Eu achava que já tinha visto tudo no mundo do entretenimento... mas isso aqui é nível especial. (...)

Mais tarde, quando todos finalmente se acalmaram (ou pelo menos fingiram que sim), sentaram juntos na sala, espalhados entre sofás e almofadas no chão.

Jiwon trouxe bandejas de comida que ele mesmo tinha preparado — surpreendentemente, estavam deliciosas — e as taças de vinho se multiplicaram.

As conversas fluíam de forma natural: sobre os planos de Zaria para seu próximo álbum, com composições originais que ela vinha escrevendo em segredo; sobre o drama de Yuna; sobre viagens que queriam fazer.

Em meio àquele turbilhão de vozes, Yuna sentia uma paz nova.

Zaria sentou ao seu lado, discretamente entrelaçando os dedos aos dela debaixo de uma manta que cobria as pernas.

— Estou tão orgulhosa de você — sussurrou.

Yuna virou o rosto, tocando suavemente a ponta do nariz dela.

— Eu também estou de você.

Minji observava tudo, satisfeita.

Agora, oficialmente como nova responsável pela carreira de Zaria, ela sabia que o futuro seria melhor.

Zaria estava segura.

E livre.

E a felicidade visível no rosto das duas era a maior confirmação de que estavam no caminho certo.

Quando a madrugada chegou, Mina já estava quase dormindo encostada em Syx, Jiwon discutia sobre possíveis roteiros com Luna, e Minji trabalhava discretamente no celular — provavelmente enviando e-mails para ajustar a nova gestão da carreira de Zaria.

Zaria e Yuna, juntas no canto do sofá, dividiam um único cobertor.

— Eu me sinto tão realizada... — Zaria disse, com a voz baixa — O nosso pequeno grupo cresceu.

Yuna sorriu.

— Eu também. É bom ter pessoas que nos apoiam por perto.

Elas não precisavam de declarações grandiosas.

A simplicidade daquele momento era a resposta.

No meio da bagunça, das gargalhadas e do cheiro de comida espalhado pela casa, elas celebraram muito mais do que o fim de uma gravação.

Celebraram o início de uma vida mais alegre.

Mais livre.

Mais verdadeira.

Mais delas.