a senha do meu coração

O sol de outono desenhava feixes dourados na sala ampla, refletindo nas paredes claras da casa de Yuna. A tarde tinha um cheiro gostoso de chá de jasmim e biscoitos recém-assados. Zaria, sentada no sofá, rodava distraidamente a caneca nas mãos enquanto esperava Yuna voltar da cozinha.

Depois de tudo — da tempestade, dos vazamentos para a mídia, dos mal-entendidos e dos jogos sujos —, finalmente a paz parecia ter encontrado o caminho delas. O rumor do namoro de Zaria com Kang Jiwon ainda ecoava na internet, mas agora de forma amena e bem-humorada. O público parecia ter aceitado que Zaria estava seguindo em frente — e, sem suspeitar da verdade, abriu espaço para que sua vida real florescesse, escondida sob camadas de boatos cuidadosamente plantados.

Yuna voltou para a sala com um sorriso nervoso e uma pequena caixinha preta nas mãos.

— Tenho uma coisa pra você — disse ela, sentando-se ao lado de Zaria, tão próxima que o calor da sua pele parecia incendiar o espaço entre elas.

Zaria piscou, curiosa.

— Outra surpresa? — perguntou, divertida, lembrando das vezes em que Yuna aparecia com flores, livros, ou bilhetes doces.

Yuna riu baixinho, mas seus olhos brilharam de um jeito intenso. Um pouco de nervosismo, um pouco de esperança.

— Não é bem uma surpresa. É um convite.

Ela abriu a caixinha, revelando dentro um pequeno chaveiro prateado em forma de estrela — e pendurada nele, uma chave. Ao lado, um cartãozinho escrito à mão:

"Casa é onde você se sente segura e amada. Gostaria que minha casa se tornasse nossa."

"Senha da porta: 1103."

Zaria levou a mão à boca, o coração disparando no peito.

— Yuna... — sua voz saiu trêmula, e ela piscou várias vezes para conter a emoção. — Você está me convidando pra morar com você?

Yuna assentiu, seus olhos negros cheios de ternura.

— Eu sei que ainda estamos construindo nosso caminho. E não quero que sinta que estou apressando nada. Mas... já passamos por tanta coisa. E agora que o mundo resolveu nos deixar em paz, quero começar uma vida de verdade com você. Sem medo. Sem esconderijos. — Ela sorriu, tímida, um gesto raro para alguém como Yuna. — E quero te dar um lar. Quero acordar e ver você fazendo café de madrugada porque teve uma ideia de música. Quero assistir doramas idiotas com você rindo ao meu colo. Quero tudo. Quero acordar agarradinha com você todas as manhãs. Essa é uma chave simbólica, a senha é a mesma que você já conhece, só que agora - você também tem propriedade sobre ela.

Zaria segurou a chave, como se ela fosse feita de vidro precioso. Os olhos marejaram sem que ela pudesse evitar.

— Eu também quero tudo isso — sussurrou, emocionada. — Você não faz ideia do quanto.

Yuna se aproximou e beijou suavemente a testa de Zaria, suas mãos segurando as dela com delicadeza.

Sem dizer mais nada, Zaria pulou no colo de Yuna, abraçando-a forte, derrubando a caixa no chão no processo. Ambas riram no meio do abraço apertado, seus risos preenchendo o ambiente com uma felicidade palpável.

— Então é um sim? — Yuna murmurou contra o cabelo de Zaria.

— É um sim. Mil vezes sim.

A tarde deslizou em um ritmo doce depois disso. Zaria deixou seus sapatos na porta como se já fosse hábito. Tirou a jaqueta jeans e a pendurou ao lado da de Yuna. E quando se viu sentada no sofá outra vez, com um cobertor jogado sobre elas e a televisão ligada em um filme aleatório, sentiu que seu coração realmente estava em casa.

Yuna puxou Zaria para perto, ajeitando seu corpo para que a cabeça da cantora repousasse sobre seu peito. O filme era uma comédia romântica despretensiosa, cheia de clichês e piadas bobas, mas as duas riam de tudo, aproveitando o clima gostoso.

De vez em quando, Yuna passava os dedos nos cabelos dourados de Zaria, desenhando pequenos círculos no couro cabeludo dela. Zaria fechava os olhos, saboreando cada segundo daquela simplicidade preciosa. Outras vezes, ela roubava beijos simples. Fazendo o coração de Zaria derreter.

— Você já pensou em como seria se tivéssemos nos encontrado antes? — Zaria perguntou baixinho, sentindo o ronronar do coração de Yuna sob sua bochecha.

— Já — respondeu Yuna, com um sorriso que Zaria não viu, mas sentiu na vibração da sua voz. — Mas talvez não fosse o momento certo. Talvez precisássemos passar por tudo... para saber dar valor.

Zaria sorriu também.

— Então obrigada — disse ela, apertando a mão de Yuna. — Por ter esperado o momento certo.

Yuna a beijou no topo da cabeça.

— Sempre esperaria por você.

O filme seguiu, mas as duas já não prestavam tanta atenção. A tarde escorregou para o começo da noite, e quando as primeiras estrelas começaram a surgir do lado de fora, Zaria olhou para a chave em cima da mesinha de centro e sentiu um calor se espalhar dentro do peito.

Não era só uma casa.

Era o início de tudo o que elas haviam sonhado em silêncio — e que agora podiam viver em voz alta.

Juntas.

E com o amor mais bonito que já haviam conhecido.

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Sábado — Julho, 2024

Yuna estava jogada no sofá, relaxada, conferindo as estatísticas dos vídeos em seu canal. A noite estava tranquila, e ela aproveitava aquele tempo livre para atualizar-se. Mas, em meio às recomendações do YouTube, um vídeo chamou sua atenção: a apresentação da VENUS no Coachella.

Curiosa, clicou no vídeo. A música era uma faixa eletrizante e autoral de Zaria, com batidas intensas e uma letra afiada sobre liberdade e identidade. Em poucos segundos, seu olhar encontrou Zaria no palco.

O efeito foi instantâneo.

Zaria dançando era hipnotizante. Yuna já a tinha visto performar antes, mas ali, sob as luzes vibrantes do festival, com aquela atitude feroz e olhar penetrante, ela parecia outra pessoa. Completamente diferente da garota tímida que corava ao receber elogios. Seu corpo se movia com tanta confiança e sensualidade que Yuna sentiu a boca secar.

Ela inclinou-se para frente, os olhos fixos na tela. Os movimentos ágeis, os cabelos esvoaçando, o sorriso provocante. Deus, como Zaria conseguia ser tão... gostosa? Yuna passou a língua pelos lábios, sem perceber o quão absorta estava naquela cena. Nem mesmo notou os passos leves descendo as escadas.

— Está gostando do show? — A voz de Zaria soou divertida.

Yuna sequer piscou. Continuava vidrada na tela, completamente alheia ao mundo ao seu redor.

— Yuna. — Zaria chamou novamente, cruzando os braços. Ainda assim, nenhuma resposta.

Impaciente, ela caminhou até o sofá e tocou o ombro da atriz. Yuna levou um leve susto, piscando rapidamente ao sair do transe. Ela virou-se e encontrou Zaria, em pé, com um sorriso curioso.

A mente de Yuna ainda estava meio lenta da hipnose em que estivera. E então, sem pensar muito, deixou um sorriso malicioso surgir em seus lábios enquanto olhava para Zaria dos pés à cabeça.

— Você dançando fica ainda mais gostosa... — murmurou, a voz carregada de desejo.

Zaria arregalou os olhos, sentindo o rosto esquentar na mesma hora.

— Yah! — exclamou, levando as mãos às bochechas quentes. — Você não tem vergonha de falar essas coisas na minha cara?!

Yuna riu, levantando-se do sofá com um brilho travesso nos olhos.

— Nenhuma. Principalmente quando é a verdade. Você tem ideia do que faz comigo dançando assim? — Ela deu um passo para frente, encurtando a distância entre elas.

Zaria engoliu em seco, sentindo o coração acelerar. Yuna sempre fora brincalhona, mas agora... havia desejo em seu olhar, um tipo de desejo que fazia arrepios subirem por sua espinha.

— Yuna... — tentou argumentar, desviando o olhar, mas Yuna segurou seu queixo delicadamente, fazendo-a encará-la. Enquanto apertava sua cintura, prendendo-a contra seu corpo.

— Ah, amor... você não faz ideia do que provoca. — A voz de Yuna saiu mais rouca, e Zaria prendeu a respiração ao sentir o hálito quente contra sua pele.

Yuna aproximou-se um pouco mais, seus lábios quase roçando os de Zaria, que sentiu as pernas fraquejarem. Mas antes que Yuna pudesse aprofundar a provocação, Zaria empurrou levemente seu ombro, rindo nervosa.

— Yah! Eu sei o que você tá querendo — exclamou, tentando disfarçar o rubor intenso em seu rosto.

Yuna apenas sorriu, satisfeita com o efeito que causava.

— Sabe, é? E o que é? — pergunta ela, mordendo o lóbulo da orelha dela.

Zaria soltou um suspiro profundo, tentando se recompor. Mas, no fundo, não conseguia resistir àquela expressão faminta nos olhos de Yuna.

— Amor... Nós fizemos a manhã inteira..

— Eu adoro fazer amor com você... minha Rockstar gostosa...

Yuna deu impulso para que Zaria entrelaçasse as pernas ao redor da sua cintura. Atacando seus lábios num beijo intenso logo em seguida.

Yuna levou Zaria até a mesa de jantar, e a sentou sobre ela, Zaria usava um vestido azul de seda, que foi fácil para Yuna manusear. A sessão de beijos intensos começou, a atriz explorava o corpo da cantora com as mãos ágeis, ela levantou o vestido dela até sua cintura, e puxou a calcinha de renda para baixo, estimulando o ponto sensível de Zaria, que gemia baixinho entre o beijo.

Yuna começou a estocar devagar, enquanto beijava Zaria com vontade, para abafar os gemidos.

— Está tudo bem? — Pergunta Yuna, mantendo o ritmo.

— Humrrum... Você... é boa nisso, amor.

— Eu tenho sorte por ter uma namorada tão gostosa... — Yuna volta a beijá-la com mais intensidade.

Aquela noite prometia ser longa — e inesquecível.