Parte 6 – Sob a Pele

Anna

O sol ainda não tinha nascido quando Anna se despiu lentamente no quarto abafado. O coração dela ainda batia acelerado, um ritmo que não conseguia controlar desde o encontro com Rafael. As palavras dele, o jeito intenso de olhar, tudo parecia gravado na pele, como um toque invisível que ela sentia mesmo quando estava sozinha.

Ela passou as mãos pelo corpo, tentando se acalmar, mas era impossível. O desejo não era só físico — era uma tempestade de emoções que a deixava vulnerável e ao mesmo tempo ansiosa.

Naquele momento, Anna sabia que algo dentro dela estava mudando. Algo que ela não sabia nomear, mas que queimava como fogo sob a superfície.

No espelho, os olhos castanhos a encaravam, curiosos e assustados.

— O que está acontecendo comigo? — murmurou para si mesma.

Ela se deitou, os pensamentos rodopiando em sua cabeça, misturando lembranças da noite anterior, do toque firme de Rafael segurando sua mão, do jeito como ele sussurrou promessas que soavam como correntes.

Sentiu o corpo estremecer quando a lembrança do sorriso dele veio à tona — um sorriso que escondia possessividade, desejo e algo sombrio.

Era como se ele tivesse acendido uma chama que não podia apagar.

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Rafael

Acordou com a imagem dela — Anna — nítida na mente, como se estivesse tatuada em seus pensamentos. O cheiro dela, o calor da mão dela na sua, a voz suave, tudo pulsava dentro dele.

Naquele quarto escuro, sozinho, Rafael sentiu uma necessidade que não conseguia controlar. Pensou na mulher com quem estivera na festa, no toque breve, no corpo quente, mas nada se comparava a Anna.

Ele recordava o beijo dela, tímido e firme ao mesmo tempo, e como o mundo parecia silenciar ao redor deles.

Os dedos passaram pelos lençóis, buscando uma conexão que não existia, enquanto a mente se perdia em fantasias de estar com ela novamente, perto, tocando cada parte daquele corpo que só ele deveria possuir.

O desejo crescia como uma fera presa, e ele sabia que precisava tê-la, protegê-la, controlar cada instante que ela respirasse.

Rafael se levantou, caminhou até a janela e olhou para a cidade dormindo. Uma parte dele sabia que estava se tornando obcecado — mas não se importava. Anna era dele antes mesmo de conhecê-la.

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Anna

Dias depois, eles finalmente se encontraram novamente — desta vez em um lugar mais reservado, longe dos olhares curiosos. Rafael a levou para um apartamento elegante, cheio de janelas que deixavam a luz da cidade entrar como testemunha silenciosa.

Ela sentiu o perfume dele no ar, um cheiro amadeirado e forte que invadia seus sentidos.

Rafael abriu a porta com um gesto firme e a conduziu para dentro, sem dizer uma palavra.

Ela sentiu as mãos dele segurando sua cintura, os dedos firmes e quentes, enquanto ele a puxava para perto.

— Você sabe que eu não gosto de esperar — murmurou ele perto do ouvido dela.

Anna estremeceu, sentindo o calor da respiração dele.

— Eu... eu também não — respondeu, tentando controlar o nervosismo.

Rafael acariciou o rosto dela, os olhos mergulhando nos seus como se quisesse ler cada pensamento, cada medo.

— Você é linda demais para fugir — disse ele, a voz baixa, carregada de desejo.

Ela não conseguiu evitar um sorriso tímido.

— E você é perigoso demais para eu ignorar.

Rafael riu, um som grave e sedutor.

— Perigo é o que eu faço melhor — confessou —, mas com você, quero ser só proteção.

Eles ficaram ali por um instante, olhando um para o outro, o silêncio cheio de promessa.

Então, Rafael tomou a iniciativa, segurando o rosto dela com as duas mãos e puxando para um beijo profundo, intenso, que roubou o fôlego de Anna.

Ela sentiu as mãos dele explorando as curvas do seu corpo, cada toque aumentando o fogo dentro dela.

O tempo pareceu desacelerar, cada gesto era um segredo sussurrado, cada suspiro uma confissão.

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Rafael

Ao beijá-la, sentiu uma possessividade tão forte que quase o assustou. Queria marcar aquele momento, aquela mulher, como seu território.

Cada centímetro de pele que tocava era um território conquistado, cada gemido era uma promessa de domínio.

Mas, mesmo com o desejo feroz, havia uma ternura incomum. Ele queria que Anna sentisse que estava segura, que ele seria seu escudo contra tudo.

Em seus braços, ela era frágil e poderosa ao mesmo tempo — uma combinação que o deixava ainda mais louco por ela.

Quando a puxou para mais perto, sentiu o corpo dela responder, uma entrega que o fez esquecer por um momento o mundo cruel em que viviam.

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Anna

Sentiu a camisa de Rafael deslizar pelos ombros, as mãos dele explorando o contorno do seu pescoço, descendo pela clavícula.

Cada toque era uma mistura de fogo e conforto, uma dança delicada entre desejo e medo.

Ela se deixou levar, esquecendo por um momento as preocupações, as sombras do passado, as incertezas do futuro.

Aquela era a primeira vez em muito tempo que alguém a fazia se sentir desejada sem medo, sem pressa.

Rafael a deitou no sofá, o olhar fixo nela, como se a estudasse.

— Eu não vou machucar você — prometeu.

Ela acreditou.

Enquanto as mãos dele deslizavam pelo corpo, ela fechou os olhos e se entregou ao momento, sentindo uma corrente elétrica que pulsava entre eles.

O beijo se tornou mais urgente, mais intenso, e os corpos se encaixaram como se tivessem sido feitos para aquilo.

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**Rafael**

Sentiu o coração disparar quando Anna finalmente cedeu, quando seu corpo se moldou ao dele.

Cada suspiro dela era como música, cada toque como uma adição a uma sinfonia íntima.

Mas, no fundo, uma sombra pairava em seus pensamentos — o medo de perder o controle, de não conseguir protegê-la do mundo.

Ele era um homem acostumado a mandar, a ter tudo sob seu comando, mas ali, com Anna, descobria uma vulnerabilidade nova.

Queria ser o dono dela, mas ao mesmo tempo, queria ser o guardião.

Os olhos dele se fecharam por um instante, absorvendo o momento.

— Você é minha — sussurrou, com possessividade.

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Anna

Sentiu o peso daquelas palavras, um misto de medo e desejo.

Ser “dela” era um território desconhecido, um passo que a assustava e fascinava ao mesmo tempo.

Ela não sabia o que o futuro guardava, mas naquele instante, queria acreditar que Rafael seria seu porto seguro, mesmo que ele fosse tão intenso e perigoso quanto o mundo que ela tentava deixar para trás.

Enquanto seus corpos se moviam em harmonia, ela percebeu que estava entregando mais do que a pele — estava entregando seu coração, mesmo sem saber.

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No silêncio da madrugada, enquanto o mundo lá fora dormia, duas almas se entrelaçavam — uma marcada pela dor, outra pela obsessão.

E no quarto escuro, algo invisível, uma presença silenciosa, os observava.

Porque nem tudo estava sob controle.

A história deles estava só começando.