POV DE ARIA
A dor atravessou minha cabeça como um raio, me derrubando de joelhos. As visões vinham o dia todo—flashes de lobos correndo, montanhas que eu nunca tinha visto antes e sangue na neve. Cada uma causava uma dor cegante, me fazendo querer gritar.
Coloquei as palmas das mãos nas têmporas e balancei para frente e para trás no chão. O que aconteceu comigo? Desde a chegada do Ancião Malin na noite passada—desde saber que eu era filha de um Alfa assassinado—minha mente parecia estar sendo despedaçada.
Uma batida forte na porta me fez estremecer. Eu não conseguia lidar com mais guardas, interrogatórios ou ameaças.
"Vá embora," eu disse suavemente.
A porta se abriu mesmo assim. Olhei para cima, pronta para atacar quem quer que tivesse me negligenciado, mas as palavras morreram na minha garganta.
Lucien estava na porta, seus braços cheios de plantas e pequenas bolsas de tecido. O mais quieto dos trigêmeos. Ele afirmava ter me protegido o tempo todo.
"Você está com dor," ele sussurrou baixinho. Não era uma pergunta.
Eu simplesmente assenti, cansada demais para mentir. A atração no meu peito que me conectava a ele parecia uma batida cardíaca calma, diferente do puxão forte que eu sentia com Kael ou do puxão frenético com Jaxon.
Lucien fechou a porta atrás dele e se agachou ao meu lado. "Eu trouxe algo que pode ajudar."
"Seu pai te mandou me interrogar sobre o Ancião Malin?" perguntei, minha voz firme apesar da agonia.
Lucien balançou a cabeça. "Ninguém sabe que estou aqui." Ele começou a descarregar seus suprimentos. "Eu sou o curandeiro da alcateia, lembra? Antes de me tornar filho de um Alfa, fui ensinado a ajudar os outros."
"Por que me ajudar?" Observei enquanto ele meticulosamente combinava folhas secas em uma pequena bacia de madeira.
"Porque você está sofrendo." Sua voz era tão direta e honesta que senti minha guarda baixar. "E porque ninguém mais vai."
Diferente dos seus irmãos, Lucien se movia silenciosamente. Suas mãos eram delicadas enquanto esmagava as ervas e derramava água de um pequeno frasco.
"As visões começaram depois que o Ancião Malin te contou a verdade?" ele perguntou.
Eu o encarei. "Como você sabe sobre isso?"
Um pequeno sorriso apareceu em seus lábios. "Eu sei muitas coisas, Aria. "Incluindo quem você realmente é."
Meu coração disparou. "E quem eu sou?"
"A filha do Alfa Thorne da Alcateia Vale da Sombra," Lucien explicou, preparando sua poção. "Acreditava-se que estava morta junto com seu pai há doze anos."
O nome me atingiu como um golpe físico. "Alfa Thorne," repeti. "O nome do meu pai era Thorne?"
Lucien assentiu. "Ele era um excelente líder. "Até ser traído."
Outra visão me atingiu: um lobo negro lutando contra muitos, uivando de dor enquanto dentes rasgavam sua garganta. Eu ofeguei e me dobrei.
A mão de Lucien acariciou meu ombro. "Respire. "As memórias estão tentando vir à tona."
"Memórias?" engasguei. "Eu era apenas uma criança. "Não me lembro dele."
"Sua mente pode não lembrar," Lucien explicou, "mas seu sangue lembra." Ele estendeu o prato. "Beba. Vai diminuir a dor."
Hesitei apenas brevemente antes de pegá-lo. O líquido tinha gosto forte, mas não desagradável.
"Por que você não me contou antes?" perguntei enquanto o calor se espalhava pelo meu corpo, aliviando o desconforto. "Se você soube disso o tempo todo?"
Lucien sentou-se sobre os calcanhares. "Era perigoso. "Você foi escondida aqui por um motivo."
"Pela minha mãe?"
"Sim. "Ela conhecia o Ancião Malin há muito tempo." Uma sombra cruzou seu rosto. "Eu estava lá quando ela chegou, ensanguentada e desesperada. Eu tinha apenas seis anos, mas ajudei meu pai no seu parto."
Minha respiração ficou presa. "Você estava lá quando eu nasci?"
"E quando ela morreu," ele acrescentou tristemente. "Ela me fez prometer que cuidaria de você."
"Um menino de seis anos?" Eu não conseguia imaginar.
"Eu mantive essa promessa," Lucien comentou. "Todos esses anos."
As ervas estavam agindo rápido. Minha mente se sentia mais clara do que em dias.
"Por que me contar agora?" perguntei.
"Porque o tempo está acabando." Lucien olhou pela janela. "O teste de ligação de companheiro é hoje à noite." "Quando seu verdadeiro companheiro for revelado, tudo muda."
Meu coração acelerou. "É você?" Você é meu verdadeiro companheiro?
Os olhos de Lucien, mais escuros e profundos que os de seus irmãos, encontraram os meus. "Você gostaria que fosse eu?"
A pergunta me pegou de surpresa. Gostaria? Kael era poderoso, mas frio. Jaxon era excitante, mas perigoso. Lucien era... estável. Atencioso. Gentil.
"Eu não sei," admiti. "Me sinto atraída pelos três."
"É a magia que está confundindo sua ligação," ele explicou. Ele alcançou meu pulso para verificá-lo, seus dedos sentindo-se quentes contra minha pele.
No momento em que ele me tocou, o mundo desapareceu.
Não estávamos mais dentro da cabana. Em vez disso, estávamos em uma floresta iluminada pela lua, observando lobos correndo por um campo nevado. Um grande lobo negro os liderava, rosnando uma ordem que ecoava pelas árvores. Uma loba branco-prateada corria ao lado dele, bela e terrível.
"Pai," murmurei, sentindo que o lobo negro era o Alfa Thorne. "Mãe."
Os lobos pararam e se viraram para nos encarar de uma só vez. Os olhos dourados do lobo negro, como os meus agora, olharam diretamente para nós. Ele sibilou, mostrando os dentes.
"Você também os vê," Lucien exclamou ao meu lado, sua palma ainda segurando meu pulso.
Antes que eu pudesse responder, a visão se despedaçou. Estávamos de volta na cabana, ambos respirando pesadamente.
Lucien retirou seus dedos, como se minha carne o tivesse queimado.
"O que foi isso?" exigi, minha voz tremendo.
"Uma memória," ele respondeu, rapidamente guardando seus medicamentos. "Ou um aviso."
"Aqueles lobos—eram meus pais?"
"Sim." Lucien levantou-se abruptamente. "E eles estavam fugindo de algo."
"De quê?"
Seus olhos encontraram os meus, cheios de uma emoção que eu não conseguia identificar. "Da mesma coisa que está caçando você agora."
O medo subiu pela minha espinha. "O que está me caçando?"
"Já falei demais." Lucien caminhou em direção à porta. "Eu não deveria ter vindo."
Eu pulei e agarrei seu braço. "Não! Você não pode simplesmente ir embora depois disso. Me diga o que está acontecendo.
A tensão entre nós apertou cruelmente. Lucien estremeceu, definitivamente sentindo a dor.
"Hoje à noite na cerimônia," foram suas últimas palavras, "não importa o que aconteça, o que você veja ou sinta—não confie nisso."
"Por quê não?"
"Porque alguém vai tentar forçar uma falsa ligação de companheiro," ele nos disse. "E se conseguirem, tanto você quanto seu verdadeiro companheiro morrerão."
Meu sangue ficou frio. "Como você sabe tudo isso?"
A expressão de Lucien suavizou. Ele cuidadosamente se inclinou e acariciou minha bochecha. Diferente da sensação elétrica que eu tinha experimentado com seus irmãos, seu toque me fez sentir serena.
"Porque," ele disse suavemente, "eu já vi isso acontecer antes."
Então ele desapareceu, me deixando sozinha com seu aviso enigmático e a imagem desbotada dos meus pais correndo pela neve. Quando a porta se fechou atrás dele, não pude deixar de me perguntar como Lucien, que tinha apenas seis anos quando nasci, poderia se lembrar de uma cerimônia de ligação de companheiro fracassada.
A menos que ele fosse significativamente mais velho do que parecia ser.