POV DE ARIA
Eu gritei quando a janela explodiu para dentro. Cacos de vidro se espalharam enquanto um lobo negro saltava para dentro da minha cabana, com as mandíbulas à mostra. Meu coração quase parou quando o lobo se transformou, seu pelo desaparecendo para revelar o Ancião Malin.
"Não temos muito tempo," ele exclamou, seu rosto envelhecido cheio de preocupação. "Eles estão vigiando a porta."
Minhas mãos tremiam enquanto eu me afastava. Depois do que aconteceu com Mira na noite passada—seu corpo sendo tomado por algo horrível antes que os guardas da alcateia a levassem embora—eu não podia confiar em ninguém.
"Como sei que é realmente você?" exigi.
O Ancião Malin sorriu tristemente. "Ela é uma garota esperta. "Pergunte-me algo que só eu saiba."
"O que você me deu no meu aniversário?"
"Um pingente de pedra da lua que pertenceu à sua mãe," ele respondeu sem hesitar. "O mesmo que foi encontrado na mão da sua amiga Mira."
Relaxei um pouco. "O que aconteceu com Mira? Ela está bem?"
"Ela vive, mas dorme profundamente. O que quer que tenha falado através dela era magia poderosa." O Ancião Malin caminhou até a lareira e aqueceu suas mãos. "Você ouviu o que disse?"
"Me chamou de 'filha do Alfa esquecido'," murmurei. "O que isso significa?"
Os olhos do Ancião Malin ficaram mais afiados. "Significa que eu estava certo sobre você o tempo todo." Ele enfiou a mão no bolso e tirou uma pedra preta lisa com marcas incomuns. "Segure isto." Eu hesitei. "O que é isso?"
"Uma pedra da caverna sagrada onde nossa alcateia se originou. Ela só responde a pessoas que têm sangue de Alfa.
Minha garganta ficou seca. "Mas eu sou uma ômega." "É mesmo?" O Ancião Malin estendeu a pedra. "Este pacote contém segredos tão antigos quanto as próprias árvores. Pegue, Aria. "Vamos ver a verdade."
Com dedos trêmulos, tateei pela pedra. Quando ela tocou minha palma, calor subiu pelo meu braço. A pedra começou a brilhar com uma fraca luz azul que pulsava como um batimento cardíaco.
A respiração do Ancião Malin parou. "Deusa da Lua, proteja-nos. É verdade.
"O que é verdade?" perguntei, olhando para a pedra cintilante. "O que está acontecendo?"
"A linhagem Alfa carrega uma maldição por gerações," observou o Ancião Malin, sua voz caindo para um sussurro. "Quando trigêmeos nascem de um Alfa, um deve morrer para que o próximo Alfa se erga."
Um medo frio me invadiu. "E quanto aos trigêmeos?" "Alguém tem que morrer?"
"Essa é a maldição," ele respondeu amargamente. "O Alfa Darius manteve seus filhos vivos por não nomear um herdeiro. Mas ele terá que tomar uma decisão em breve ou a maldição entrará em vigor."
"Mas o que isso tem a ver comigo?" Levantei a pedra brilhante.
"A profecia fala de alguém que pode quebrar a maldição," explicou o Ancião Malin. "Alguém com sangue Alfa esquecido que forma uma ligação de companheiro com o verdadeiro herdeiro."
Minha cabeça girou. "Você acha que sou eu?" Mas estou ligada aos três irmãos."
"O que é impossível," reconheceu o Ancião Malin. "A menos que haja magia em ação. Alguém não quer que você encontre seu verdadeiro amor entre eles."
"Por quê não?"
"Porque uma vez que você o faça, a maldição pode ser quebrada." O Ancião Malin agarrou minha mão livre, seu aperto surpreendentemente firme. "Sua mãe chegou a esta alcateia grávida e sozinha. Ela me fez prometer esconder sua identidade."
"De quem?"
"Daqueles que assassinaram seu pai—o Alfa esquecido das Alcateias do Leste."
A pedra caiu dos meus dedos, seu brilho diminuindo ao cair no chão. Eu não conseguia respirar. "O que você está dizendo?"
"Seu pai era o Alfa da Alcateia Vale da Sombra," explicou o Ancião Malin. "Ele foi morto no que todos presumiram ser um ataque de renegados. Sua mãe partiu daqui, acreditando que eu protegeria você.
"Por que você não me contou?" Lágrimas queimavam meus olhos.
"Para mantê-la segura," ele respondeu simplesmente. "Enquanto você fosse apenas mais uma ômega, ninguém olharia duas vezes para você."
"Mas agora todos estão olhando para mim," eu disse.
O Ancião Malin assentiu com pesar. "Porque a Deusa da Lua revelou você." A ligação de companheiro com os trigêmeos não deveria acontecer dessa maneira. "Você deveria se ligar apenas a um."
"Qual deles?" perguntei.
Um estrondo alto do lado de fora assustou a nós dois. Vozes gritavam ordens, e guardas mudavam de posição.
"Eles sabem que estou aqui," afirmou o Ancião Malin freneticamente. "Preciso ir."
"Mas você não me disse qual dos trigêmeos é meu verdadeiro companheiro!"
O Ancião Malin se aproximou da janela. "Eu não sei, criança. Sua ligação está sendo bloqueada por uma magia tremenda. Antiga. Mas sei disso: quando você encontrar seu companheiro certo, a maldição será quebrada para sempre ou intensificada além da medida."
"Como saberei qual é?"
"Seu coração saberá," ele explicou. "Mas tenha cuidado. Corações podem ser enganados.
Outro estrondo lá fora, mais perto desta vez. O Ancião Malin agarrou meus ombros.
"Não confie em ninguém," ele advertiu. "Nem no Alfa Darius. Nem no Beta Marcus. "Nem mesmo nos trigêmeos."
"Mas a ligação de companheiro pode ser manipulada," ele concluiu. "Um deles pode ser seu verdadeiro companheiro, mas isso não significa que ele deseje seu bem."
Meu sangue esfriou. "Você acha que meu companheiro quer me machucar?"
"Acredito que alguém teme o que você representa," afirmou o Ancião Malin. "O fim da maldição mudaria tudo nesta alcateia."
Ele enfiou a mão no bolso e colocou algo na minha mão: um pequeno frasco de líquido prateado.
"Lágrimas da Lua," ele esclareceu. "Se você estiver em perigo, quebre isto. Isso convocará seu verdadeiro parceiro, mesmo que a ligação esteja bloqueada."
Antes que eu pudesse agradecê-lo, houve um tumulto lá fora. O Ancião Malin ficou tenso.
"Preciso partir. Lembre-se do que eu disse. Não confie em ninguém." Ele apertou minhas mãos mais uma vez. "Nem mesmo em seu próprio coração."
Com essas palavras terríveis, ele voltou à sua forma de lobo e saltou pela janela. Segundos depois, ouvi rosnados e grunhidos—uma luta eclodiu na escuridão.
Eu segurava o frasco de lágrimas da Lua, minha mente acelerada. Eu não era uma ômega, mas sim a filha de um Alfa. Minha mãe tinha me escondido aqui para me manter segura de quem quer que tenha matado meu pai. E agora estou envolvida em um feitiço que ameaça arruinar os trigêmeos.
A porta se abriu de repente. Lucien estava lá, seu rosto silencioso cheio de pavor.
"Você está ferida?" ele perguntou, examinando o quarto.
"Não," respondi. "O que está acontecendo?"
"O Ancião Malin atacou os guardas," explicou Lucien. "Meu pai ordenou sua prisão."
"O quê? Não! "Ele estava apenas conversando comigo."
Lucien pegou meu braço gentilmente. "Preciso que você venha comigo. "Não é mais seguro aqui."
Hesitei, lembrando do aviso do Ancião Malin: não confie em ninguém. Nem mesmo nos trigêmeos.
Mas a atração no meu peito que me conectava a Lucien era forte, quase urgente. Sua ligação sempre pareceu a mais profunda, apesar de ele ser o mais quieto dos três.
O olhar de Lucien suavizou, como se tivesse lido meus pensamentos. "Eu não vou machucá-la, Aria. "Eu prometo."
"Como sei que posso confiar em você?" sussurrei.
Sua resposta fez meu coração parar.
"Porque eu sei quem você realmente é," ele respondeu suavemente. "E tenho protegido você desde o dia em que sua mãe morreu em meus braços."