Capítulo 6: POV DA ARIA
As janelas quebraram. Eu me abaixei enquanto o vidro se estilhaçava por toda parte. Uma pedra com uma carta anexada caiu no chão da minha nova cabana.
Minhas mãos tremiam enquanto eu a pegava e desdobrava a página. Alguém havia escrito: "MORTE À ÔMEGA QUE QUER SER LUNA."
Amassei o bilhete e o joguei no fogo. Esta era a terceira ameaça desde a manhã. Eu havia sido transportada para esta pequena cabana perto da casa do Alfa "para minha própria proteção", mas não me sentia segura. Os guardas lá fora não estavam ali para manter os outros longe, mas para me manter dentro.
O aviso do Ancião Malin ecoava em minha mente: "Um de nós está tentando te matar."
Uma leve batida na porta me fez pular. Recuei, procurando algo para me defender.
"Aria? Sou eu," Mira disse suavemente através da abertura.
O alívio me invadiu. Corri para deixar minha amiga entrar, agarrando-a em um forte abraço.
"Como você passou pelos guardas?" perguntei.
Mira sorriu. "Eu trouxe comida para eles. Nenhum lobo consegue resistir às minhas tortas de frutas vermelhas, mesmo que estejam vigiando uma ômega mortal."
Eu ri apesar de tudo. "Estou tão feliz que você está aqui."
O sorriso de Mira desapareceu enquanto ela olhava ao redor da cabana. "Aria, isso é horrível. Muito ruim."
"Me diga algo que eu não saiba."
"A alcateia está dividida," ela explicou, baixando a voz. "Alguns acreditam que você é a verdadeira parceira e deve ser honrada. Outros acreditam que você utilizou magia negra e deve ser punida."
Meu estômago revirou. "E o que você acha?"
"Eu acho que minha melhor amiga está presa em algo maior que todos nós." Mira apertou minha mão. "Os ômegas estão falando. Eles nunca viram a Família Alfa tão perturbada. E Elira — ela está furiosa. Está dizendo a todos que você roubou o destino dela."
"Eu não roubei nada!" protestei. "Esta ligação de companheiro — não é algo que eu quis ou pedi."
"Eu sei," Mira respondeu. "No entanto, muitas pessoas não se importam com a verdade. Elas estão apenas preocupadas que uma ômega possa se tornar Luna."
Afundei na cama. Os três puxões no meu peito não haviam parado. Cada um ligado a um trigêmeo diferente, mas eu não podia ver nenhum deles daqui. "O Ancião Malin diz que um dos trigêmeos é meu verdadeiro companheiro," contei a ela, sentindo como se tivesse três corações com vários desejos. "Mas alguém está impedindo o relacionamento completo. Amanhã à noite, eles vão nos testar para ver qual é."
Os olhos de Mira se arregalaram. "Tenha cuidado, Aria. Esses testes podem ser perigosos. E com tantas pessoas contra você—"
Uma batida forte a interrompeu. Nós duas congelamos.
"Abra," disse uma voz profunda.
Kael.
Mira apertou minha mão mais uma vez antes de escapar pela porta dos fundos. Respirei fundo antes de abrir a porta da frente.
Kael estava alto e poderoso. Seu olhar escuro me examinou, frio como o inverno. Meu coração disparou — em parte por terror, e em parte pelo puxão que me atraía para ele.
"Posso entrar?" Não era realmente uma pergunta.
Eu me afastei. Kael entrou e preencheu o pequeno espaço com sua presença. O puxão no meu peito intensificou, tornando difícil respirar.
"Você teve uma visita," ele afirmou, sem perguntar.
"Apenas minha amiga Mira."
"A ômega que trabalha nas cozinhas." Ele assentiu. "Ela não deveria estar aqui. Ninguém deve falar com você antes do teste."
"Então sou uma prisioneira?" perguntei, tentando parecer destemida.
Os olhos de Kael se estreitaram. "Você é um mistério. Um que pretendo resolver."
Ele gentilmente circulou ao meu redor, me examinando como se eu fosse um problema. Diferente de seu irmão Jaxon, que flertava, e Lucien, que observava à distância, Kael enfrentava a situação diretamente.
"O que você está escondendo, Aria?" ele disse abruptamente.
Dei um passo para trás. "Nada."
"Todos escondem algo." Ele se aproximou. "Especialmente aqueles que afirmam que não escondem."
A tensão entre nós apertou como uma corda. Parte de mim queria se afastar de seu olhar frio. Outra parte queria se aproximar.
"Não estou escondendo nada," insisti. "Sou apenas uma ômega que se viu envolvida em algo que não entendo."
"É mesmo?" Sua voz baixou. "Apenas uma ômega?"
Meu coração pulou. O que exatamente ele queria dizer?
"Passei o dia todo pesquisando sobre ligações de companheiros," Kael acrescentou. "Na história da nossa alcateia, nunca houve um caso como o seu. Nunca um lobo foi atraído por três outros."
"Eu não pedi por isso," murmurei.
"Talvez não." Seus olhos suavizaram ligeiramente. "Mas você está no centro disso, de qualquer forma."
Para minha surpresa, ele estendeu a mão para tocar minha bochecha. Uma onda de poder passou por mim, fazendo o puxão no meu peito cantar. Sua máscara fria escorregou, revelando choque.
"Você também sentiu," acrescentei suavemente.
Kael retirou sua mão, como se tivesse sido queimada. "Isso não prova nada."
"Prova que há algo real entre nós," eu disse. "Quer você queira admitir ou não."
Seu maxilar enrijeceu. "Uma relação de companheiros, talvez. Mas três? Isso é impossível. Isso sugere que alguém está mentindo. Ou alguém está sendo enganado."
"Você acha que estou enganando você?" Senti minha raiva aumentando. "Eu sou a que pode morrer por causa dessa ligação quebrada!"
"Talvez." Kael caminhou em direção à porta. "Ou talvez você seja mais poderosa do que aparenta."
Antes que eu pudesse reagir, a porta se abriu. Um guerreiro da alcateia entrou apressadamente.
"Alfa Kael," ele exclamou com urgência. "Seu pai precisa de você. Houve um ataque."
Kael virou-se para sair e parou. "Fique aqui. Tranque a porta. Não confie em ninguém."
O aviso em seus olhos gelou meu sangue.
"Que ataque?" perguntei. "Quem se machucou?"
"Sua amiga," disse o guerreiro. "A ômega da cozinha." Mira foi encontrada sangrando na borda da floresta. Meu coração parou. "Ela está—"
"Viva, por pouco," Kael afirmou friamente. "E ela tinha isso na mão."
Ele mostrou uma pequena bolsa de lona, que reconheci imediatamente. Era a joia de pedra lunar que o Ancião Malin havia me dado de aniversário. Aquela que estava queimando quando conheci os trigêmeos.
"Isso é meu," murmurei. "Eu o perdi durante a cerimônia."
Os olhos de Kael endureceram novamente. "Ela usou seu último suspiro para dizer uma palavra antes de cair inconsciente."
"Que palavra?" perguntei, mas algo me dizia que eu já sabia.
Sua resposta me gelou até os ossos.
"Aria."
Ele me deixou ali sozinha, meu nome pairando no ar como uma acusação. Mira havia tentado devolver meu pingente? Ou estava me nomeando como sua agressora?
E se alguém tivesse machucado minha única amiga para me atingir, quem seria o próximo?