Karma
PARIS, 2018.
No finzinho da tarde.
Onde ela está?
Senhor, está no quarto. Ela está com o médico agora.
O que houve?
Ela pulou no Rio Sena.
O quê?
Dois turistas a tiraram da água.
No pensamento.
Tadinha de Catarina, eu sabia que ela ficaria muito muito mal ao saber de tal noticia...
Na porta do quarto.
Médico, o que ela têm?
Ela está gripada, felizmente é apenas isto, mas... ela sofreu um abalo muito forte. É bom que ela consulte um psicólogo e um psiquiatra, é bem possível que ela entre numa depressão profunda, se não tratada.
Vou entrar.
*
No quarto.
Ângelo é você?
Sim, minha querida, sou eu.
Como pode, uma coisa dessas ter acontecido, eles estavam tão felizes quando viemos pra Paris juntos. Quando foram para os Alpes, eu não desconfiei de nada.
Não se sinta culpada por isso, Catarina. Como poderíamos prever tal desgraça.
Eu estou com tanto medo. O médico me deu alguns comprimidos, acho que vou dormir, por favor, fique aqui comigo...
TORONTO, 1999.
Na sala de estar.
Caroline, Catarina não quer se separar de Ângelo. Conversei com o pai do garoto. Ele ficou muito contente pela minha ligação. Me pareceu um bom homem. Ele disse que ficou muitíssimo feliz de saber a noticia de que Catarina quer manter relações com Ângelo.
Victor, ouvi histórias de que esse homem não é muito confiável.
Todos esses homens de Wall Street não são muito confiáveis, mas pelo nossos filhos; tanto ele quanto eu pensamos nos nossos filhos. O que acha dessa ideia, Caroline.
Olhe, Catarina ficaria muito feliz. E isso me agrada muito, meu único problema é que Ângelo, foi sim uma má influência: Isso eu garanto.
Mas é preciso pensar no futuro de Catarina, se o internato de Berna não funcionou, é preferível que ela venha estudar mais próxima de nós, com todos os caprichos que isso a traria.
De todo modo eu tinha escolhido Berna, para que ela colocasse os pezinhos no chão. Sinto culpa por ela ter ficado tão mal.
Então, Caroline façamos isso por ela, pela nossa princesa.
NEW JERSEY, 2003.
Na Casa.
Adão, estou me separando de você.
Ótimo!
No pensamento.
Como ele ficou tão insensível, mesmo não sendo seu Filho de verdade, ele continua sendo um bebê lindo, que só quer amor.
Pare de chorar Virginia.
Nosso casamento acabou quando me traiu com o vizinho.
Você sabe que isso é mentira! Pois, foi o vizinho que me contou. É outro bêbado que nem você!
Humpf. É assim que me vê... E pensar que um dia eu daria fundos e mundos por você... Se sou bêbado, é por culpa sua.
No pensamento.
Tudo sempre foi culpa minha, pra esse maldito.
Só te digo uma coisa não venha nos procurar.
E como fará com esse seu filhote?
Eu darei meu jeito.
Pois eu espero sentado o dia que voltará sem nada pedindo pela minha ajuda.
Pois, espere até o fim da vida.
NOVA YORK, 2003.
No quarto do motel.
Que delicia. Estava de saco cheio de comer minhas secretárias.
E o combinado?
Ah., sim o combinado.
O teste de DNA deu positivo.
Me afeiçoei por ti, você merece o dinheiro, uma pena que não a verei por um bom tempo.
Uma noite de sexo por ano. E um pagamento de dois mil dólares por mês.
Eu consigo mexer meus pauzinhos e acabar com tudo... Sabe é bem pouca coisa que ganho em retorno com esse tal de contrato.
Por favor, não faça isso! Eu lhe peço, não faça isso.
Mudei tanto... Talvez esteja recordando o passado, pode ser que esteja diminuindo meu karma, sabe, quando ainda era um bom homem. Até ano que vêm, Senhora Dias.
No pensamento.
Está é aumentando.
*