TORONTO, 2025.
No telefone.
Descobri o porquê!
O que está falando?
A não contratação do menino, do como é mesmo o nome... espera, só um minuto.
No pensamento.
Lá vem mais uma.
Do Felipe!
Que bobagem, Catarina. Ele não tinha experiência alguma, não serviria para a empresa.
É mas tem algo a mais.
Se tem algo a mais deve ser invenção do seu namoradinho.
Não fale assim dele. Ele é muito melhor do que todos esses anos sendo casada contigo.
Esqueceu que é apenas de fachada?
Toda vez que estou com ele, lembro dessa imbecilidade.
Pois bem, o que quer agora?
Você já o conhecia.
Faz muito tempo isso.
Você foi professor dele na faculdade.
Eu era muito jovem, foi antes de começar a trabalhar pra ti.
Sim, mas por qual razão escondeu os arquivos dele no nosso sistema?
Porque...
TORONTO, 1998.
No elevador.
Ficará tudo bem, não se preocupe com isso.
Nos olhos.
Mãe, eu te amo.
Na sala.
Até que enfim, meu filhote e sua mãe cabeça de ovo.
Olá, Aristóteles. Sei porque nos chamou de volta, mas não precisava ser desse jeito tão horrível. Nosso filho tinha começado a ter amigos.
Como se ele precisasse de amigos! Eu que decido! Enfim, vocês vão voltar para casa e o Ângelo passará a estudar aqui mesmo.
Eu quero voltar pra Berna!
Não vai voltar, eu que decido, criança mal comportada! Aquela escola é apenas para a elite do mundo, e você me envergonha na frente dos pais de todos os meus amigos. O que eles vão pensar de mim! Já basta sua mãe com essa túnica na cabeça.
Não fale de minha mãe!
Falo o quanto eu quiser.
Por favor, Ângelo.
É escute sua mãe, ela sabe o lugar dela.
No pensamento.
Velho maldito.
BERNA, 1993.
Na escola.
Mãe, não tenho amigos nessa escola, por favor, eu peço: me tirem daqui.
Nos braços do pai.
Eu não quero ficar longe de vocês, nunca, nunca.
O diretor e a professora, nos contaram. Você não agiu bem meu amor, e aquele seu colega o Ângelo colocou essa ideia em sua cabeça...
Não! Mãe, Pai, Ângelo pode ter tido a ideia, mas foi por essa ideia que eu e ele viramos melhores amigos. Ele não possui ninguém aqui, como eu.
Mas, Catarina, de todo modo, isso é errado.
Por favor, me tirem daqui. Pai, por favor, você me entende?
Entendo minha principiesa. Papai dará seu jeito.
Victor, não seja irresponsável.
A apresentação foi o fim do ano letivo, ela está de férias querida.
Esta bem quando chegarmos em casa decidimos.
TORONTO, 2025.
No telefone.
Catarina, acabei de sair do spah, depois em casa, te ligo.
Ok! Mas eu sei muito bem que isso é mais uma desculpa sua... Como sempre foi quando você "começa a se afeiçoar por alguém", eu quero dizer sua obs.
Está bem Catarina! Já entendi! BIP. BIP. BIP...
No carro.
Porquê disso agora.
NOVA YORK, 1987.
Na sala de parto.
Leandra, minha querida.
Por favor, não se vá. Não se vá...
Aristóteles, meu amor, cuide de nosso bebê. Te amo para sempre... Querid...
Não, Não!
Ade... us.
Na mesma sala.
Receio informar, mas seu filho nasceu sem vida.
Nos olhos arregalados, secos, decepcionado...
*
No escritório.
Senhor, aqui está sua água.
Na mesa de costas para ele.
Plaft!
Bem bonitinha esse rabinho empinado.
Por favor, Senhor, não faça isso.
Estou exausto, quer que eu te leve pra casa?
Senhor, nossa relação é estritamente profissional.
Se quer que seja assim tudo bem, de todo modo estou aqui... Qual é mesmo o seu nome, já tive tantas secretárias.
Me chamo Catarina, Senhor.
Muito bem Catarina, sirva-me mais água.
*