Mia vs Ayame

Mia caminhava em direção à arena da Academia para se reunir com a turma. Ao ver os alunos reunidos a certa distância, observou-os por um instante e logo percebeu: Arthur não estava lá.

— {Onde será que aquele garoto foi parar?} — pensou, desconfiada.

Inquieta, ela passou a procurá-lo pela escola, temendo que Kidero tivesse feito algo. Verificou a sala de aula, a cabana dele — nenhum sinal. Nervosa, considerou a possibilidade de ele estar treinando e foi até a câmara gravitacional, onde se deparou com uma cena preocupante:

— ARTHUR! ARTHUR! — gritou, ao vê-lo deitado no chão.

— {O que aconteceu? Por que ele está desse jeito?} — pensou, quase entrando em pânico.

— Humm? O que foi? — Arthur disse, erguendo-se enquanto bocejava.

— O que você está fazendo aí deitado? As primeiras batalhas já começaram! Estamos um pouco atrasados. Duas lutas ocorrem ao mesmo tempo, e pelas explosões, as duas primeiras já acabaram. Vamos antes que chegue a nossa vez! — disse Mia, um tanto irritada.

— {Se eu perder minha luta por causa dele, vou ficar furiosa… Mas por que ele estava dormindo ali?} — pensou, desconfiada.

— Tá bom, tô indo. Desculpa... acabei treinando demais e dormi ali mesmo. — explicou Arthur.

— Hum... tanto faz, vamos logo.

Os dois saíram correndo em direção à arena. Quando chegaram, ouviram a segunda explosão mágica — o sinal de que as duas primeiras lutas haviam terminado.

Na Academia, os combates eram em formato individual (1x1). A arena era dividida em duas metades, permitindo que duas batalhas ocorressem simultaneamente. Com 12 alunos por turma, três duelos bastavam para que os 6 vencedores avançassem. Porém, a turma de Arthur tinha 13 estudantes. Por isso, a diretora ordenou que Moriyama deixasse a luta de Arthur para o fim da primeira fase, enfrentando um dos 6 classificados.

— Onde vocês estavam? Mia, é a sua vez! Se tivesse chegado 10 segundos depois, estaria desclassificada. — disse Moriyama, severa.

— Fui buscar o Arthur... não o vi por aqui e— — tentou explicar Mia, sendo imediatamente interrompida.

— Vá logo lutar. Depois conversamos. — disse Moriyama, com firmeza.

— Tá bom. — respondeu Mia, correndo para seu lado da arena.

Moriyama observou Arthur de longe, ainda preocupada. Temia que ele não estivesse pronto para lutar, acreditando que não treinara o suficiente.

— QUE A TERCEIRA E QUARTA BATALHAS COMECEM! — anunciou ela, usando um artefato mágico para amplificar a voz.

As lutas se iniciaram. De um lado da arena, Mia utilizava magia de vento, enquanto enfrentava Ayame, que usava magia de eletricidade combinada com luvas e botas levemente metalizadas, projetadas para combates corpo a corpo. No outro canto da arena, Kazuko, com sua magia de terra, duelava contra Kidero, que empunhava uma espada envolta em chamas.

Arthur hesitou por um instante, dividido entre qual confronto assistir. Mas seguiu para a luta de Mia — ela tinha estado ao seu lado desde o começo, e ele sentia que devia isso a ela.

Mia iniciou a batalha com um ataque direto:

— Ventos cortantes!

Uma rajada avançou em direção à adversária, mas Ayame, coberta por eletricidade, desviou com facilidade e partiu com tudo para cima.

— Vórtice de Vento! — conjurou Mia, tentando sugar a oponente e drenar sua mana, imobilizando-a.

Mas Ayame reagiu rápido:

— Soco Carregado!

Apesar de ser uma técnica de curta distância, Ayame concentrou mais mana e ampliou o alcance do impacto, disparando uma carga elétrica que atingiu Mia em cheio, cancelando o vórtice e derrubando-a no chão.

— Você foi bem, Mia. Mas precisa se esforçar mais. — disse Ayame, caminhando em sua direção para tocar a barriga e selar a vitória.

— Parede de Vento! — bradou Mia, contra-atacando de surpresa.

Ela havia fingido estar inconsciente e, aproveitando a distração, lançou Ayame com força, fazendo-a cair de cara no chão. Faíscas saltavam das luvas e botas de Ayame, chiando no ar.

— S-sua IDIOTAAAA! — gritou Ayame, com um olhar que faiscava de raiva.

— Agora você vai aprender a nunca me enganar.

Ayame intensificou a carga mágica em suas luvas e botas, as faíscas se tornaram mais violentas, e ela disparou em alta velocidade em direção a Mia.

— Guarda de Vento! — tentou Mia, criando um guardião.

Mas Ayame despedaçou o escudo com um único golpe, continuando seu avanço implacável.

A mana de ambas estava prestes a se esgotar. Sabendo disso, Mia resolveu arriscar tudo:

— Vórtice de Vento!

A técnica entrou em ação. Assim que Ayame se aproximou, sua própria mana começou a ser sugada, fazendo com que o vórtice continuasse em funcionamento mesmo com Mia esgotada.

Ayame, sendo puxada e drenada, continuava avançando com esforço. Sabia que Mia não podia conjurar outra magia ou se mover enquanto sustentava o vórtice — uma fraqueza clara.

— {Se continuar assim, eu vou perder… Mas talvez... sim! Se eu tirar uma das luvas, enchê-la com toda minha eletricidade e lançá-la, posso vencê-la. Ela não vai conseguir desviar.} — pensou Ayame.

Ela desativou a magia das botas, canalizou toda a mana restante para a luva esquerda, retirou-a e, com o braço direito, executou sua última ação:

— Soco Carregado!

O impacto ativou a luva eletrificada, lançando-a com força e fazendo-a atingir o abdômen de Mia em cheio. A jovem caiu no mesmo instante, desmaiada. O vórtice desapareceu.

Antes de perder a consciência, Mia ainda pensou:

— {O que essa garota coloca nessas luvas...?}

Arthur ouviu a explosão mágica que marcava o fim dos combates.

— {A explosão... A luta do Kidero já acabou e eu nem consegui assistir.} — lamentou.

— FIM DA QUARTA LUTA! VENCEDORA: AYAME! — anunciou Moriyama.

— Levem Mia para a enfermaria.

— {Queria ver as lutas restantes… mas acho melhor ir ver como Mia está.} — pensou Arthur, saindo da arquibancada.

Moriyama o observava de longe:

— {Ainda bem que ele vai com Mia… se ela demorar a acordar, ele perde por ausência. Assim não se machuca e os outros alunos não vão caçoar dele.}

— QUE COMECEM A QUINTA E SEXTA BATALHAS! — declarou Moriyama com firmeza.

Arthur perderá sua primeira luta… sem nem sequer lutar?