Capítulo 3: Tortura no Telhado

Jaxon me escoltou até os aposentos de Ronan, sua mão apertando meu braço como uma morsa. Cada passo parecia mais pesado que o anterior. Primeiro o colar de diamantes de Kaelen, e agora o quê? Do que mais eles poderiam me acusar?

A resposta veio na forma da expressão trovejante de Ronan Nightwing quando sua porta se abriu.

"Entre aqui. Agora." Sua voz cortou como gelo.

Entrei em seu quarto impecável—um contraste gritante com o caos de Kaelen. Tudo tinha seu lugar ali, exceto por uma gaveta aberta que estava torta.

Ronan bateu a porta atrás de mim. Seus olhos azul-mar—tão parecidos com os meus—ardiam de raiva.

"Onde está meu dinheiro?" Ele não perdeu tempo com gentilezas.

Meu estômago afundou. "Que dinheiro?"

"Não se faça de idiota!" Ele avançou em minha direção, me encurralando contra a parede. "Os cinco mil dólares que eu guardava na minha gaveta. Sumiram, e você foi a única que limpou aqui ontem."

"Eu não peguei nada!" Minha voz falhou. "Eu juro."

Ronan me prendeu entre seus braços, tão perto que eu podia sentir seu cheiro de pinheiro de inverno. "Você espera que eu acredite nisso? Depois do que seu pai fez?"

Aquela dor familiar me atravessou. "Meu pai era inocente."

"Poupe-me." Seu rosto pairava a centímetros do meu. "Devolva meu dinheiro até hoje à noite ou enfrente as consequências."

Antes que eu pudesse responder, a porta se abriu violentamente. Orion, o mais novo dos trigêmeos, entrou furioso, seus olhos castanhos selvagens de fúria.

"Onde está a pequena ladra?" Ele exigiu, me vendo contra a parede. "Você tem muita coragem!"

Ronan recuou, franzindo a testa para o irmão. "Do que você está falando?"

"Ela roubou de mim também!" Orion apontou um dedo na minha direção. "Três mil dólares, direto da gaveta da minha escrivaninha."

Minha cabeça girou. Isso não podia estar acontecendo. Três acusações separadas em um único dia?

"Eu não peguei nada de nenhum de vocês," insisti, minha voz tremendo. "Eu só tirei o pó e passei o aspirador. Nunca abri nenhuma gaveta!"

"Mentirosa!" Orion rosnou, Luna se encolhendo com sua dominância. "Igualzinha ao seu pai!"

A porta se abriu novamente. Kaelen entrou, sua expressão ainda mais sombria que antes.

"Então ela roubou de todos nós," ele rosnou, observando a cena. "Primeiro meu colar para Lilith, e agora o dinheiro de vocês."

Ronan me prensou contra a parede novamente, seu rosto a centímetros do meu. "Chega de jogos, Seraphina. Onde estão nossas coisas?"

"Eu não peguei nada!" Lágrimas brotaram nos meus olhos. "Por favor, vocês têm que acreditar em mim!"

"Pare de chorar," Orion zombou. "Guarde suas lágrimas para alguém que se importe."

Tentei controlar minha respiração. "Pensem bem. Por que eu roubaria sabendo que seria a primeira suspeita? Não faz sentido."

"Porque você está desesperada," Kaelen disse friamente. "E pessoas desesperadas fazem escolhas estúpidas."

"Ou talvez ela pensou que não suspeitaríamos dela porque é óbvio demais," Ronan acrescentou, apertando mais seus dedos em meus ombros.

As paredes pareciam se fechar enquanto eles me cercavam, três rostos idênticos contorcidos com o mesmo nojo. Uma vez, eles tinham sido meus protetores, meus amigos. Agora olhavam para mim como se eu não fosse nada.

"Reviste o quarto dela," Orion sugeriu. "Ela provavelmente escondeu tudo lá."

"Já fiz isso," Kaelen respondeu. "Não encontrei nada, o que significa que ela provavelmente já vendeu tudo."

"Eu não peguei nada!" Gritei, o desespero tomando conta. "Lilith também esteve nos quartos de vocês! Por que não a questionam?"

O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Então Ronan bateu com o punho na parede ao lado da minha cabeça, me fazendo recuar.

"Como ousa acusar Lilith!" ele rugiu. "Ela nunca roubaria de nós!"

"Ao contrário das filhas de certas pessoas," Orion acrescentou com um sorriso cruel.

Vi minha mãe através da porta, seu rosto pálido de medo enquanto espiava para dentro. Nossos olhos se encontraram brevemente antes que ela fosse empurrada para o lado por outra pessoa.

Lilith.

Ela entrou rebolando, suas curvas perfeitas envolvidas em um vestido vermelho justo, lábios curvados em um sorriso satisfeito.

"A pequena ladra já confessou?" ela perguntou docemente, passando uma mão bem-cuidada pelo braço de Orion.

"Ainda não," Kaelen respondeu, seus olhos nunca deixando os meus. "Mas ela vai."

Os olhos de Lilith brilharam em triunfo. "Talvez ela precise de algum... incentivo."

Os dedos de Ronan afundaram dolorosamente em meus ombros. "Última chance, Seraphina. Onde estão nossas coisas?"

"Eu não peguei nada," repeti, lágrimas escorrendo livremente agora. "Eu juro pelo nome do meu pai."

"O nome do seu pai não significa nada," Orion cuspiu. "Assim como você."

Lilith se aproximou, seu perfume me sufocando. "Sabe, existe uma antiga punição para ladrões nas leis da nossa matilha. Algo sobre o telhado, exposição ao sol e... o que era mesmo? Ah sim, pimenta."

Meu sangue gelou. Essa punição não era usada há décadas—era considerada cruel demais até para os infratores mais baixos.

A expressão de Kaelen endureceu enquanto ele trocava olhares com seus irmãos. "Tragam Lyra e Elina aqui."

"Não, por favor," implorei, lutando contra o aperto de Ronan. "Estou dizendo a verdade!"

Duas empregadas apareceram, parecendo desconfortáveis e assustadas.

"Levem-na para o telhado," Orion ordenou. "Despam-na e apliquem a mistura de pimenta. Deixem-na ajoelhada até o pôr do sol."

Os olhos de Lyra se arregalaram de horror. "Mas Alfa, a temperatura hoje—"

"Eu pedi sua opinião?" Orion disparou.

"Não, Alfa," Lyra murmurou, baixando o olhar.

Enquanto as empregadas me pegavam pelos braços, avistei minha mãe no corredor, cobrindo a boca para abafar seus soluços. A Lei da Alcateia a impedia de intervir contra o julgamento de um Alfa. Tudo o que ela podia fazer era assistir enquanto sua filha era levada embora.

"Mãe!" Chamei, lutando contra o aperto das empregadas.

Ela estendeu a mão impotente em minha direção, lágrimas escorrendo pelo rosto. "Seraphina, seja forte," ela sussurrou.

A jornada até o telhado parecia uma marcha para a morte. O sol de verão brilhava acima, já aquecendo a superfície de concreto a temperaturas dolorosas. As mãos de Lyra e Elina tremiam enquanto seguiam suas ordens.

"Estamos tão arrependidas," Elina sussurrou enquanto me ajudava a tirar a camisa. "Temos que fazer isso."

Assenti entorpecida, entendendo a posição delas. Desobedecer a um Alfa significava morte.

A humilhação de ser despida queimava mais do que o sol na minha pele nua. Então veio a mistura de pimenta—flocos de pimenta vermelha moída misturados com vinagre—aplicada no meu corpo exposto. A dor foi imediata e excruciante, como fogo líquido penetrando em cada poro.

"Ajoelhe-se," Lyra instruiu chorosa, gentilmente me guiando para baixo sobre o concreto escaldante.

No momento em que meus joelhos tocaram o telhado, ofeguei com a sensação de queimadura. Combinada com a mistura de pimenta, era quase insuportável. O sol do meio-dia batia impiedosamente enquanto eu me ajoelhava ali, exposta tanto aos elementos quanto a qualquer um que pudesse olhar para cima.

"Tentaremos vir verificar como você está," Elina prometeu baixinho antes de saírem.

Sozinha no telhado, lutei para respirar através da dor. Minha pele parecia estar sendo devorada viva por formigas de fogo, enquanto o sol me assava de cima e o concreto me queimava por baixo.

À medida que os minutos se transformavam em horas, minha mente começou a vagar, buscando escapar da tortura do meu corpo. Memórias surgiram—tempos mais felizes quando os trigêmeos eram meus amigos, meus protetores.

Kaelen me ensinando a nadar no lago da matilha.

Ronan me passando biscoitos escondidos durante reuniões formais da matilha.

Orion me defendendo contra valentões mais velhos.

O contraste entre aqueles meninos e os homens que haviam ordenado essa punição quebrou algo dentro de mim. Como chegamos a esse ponto? O que os havia mudado tão fundamentalmente?

Enquanto a escuridão se infiltrava nas bordas da minha visão, eu os vi novamente como crianças, seus rostos idênticos sorrindo para mim enquanto prometiam sempre me manter segura.

"Vamos proteger você para sempre, Seraphina," eles haviam dito em uníssono, entrelaçando seus dedos mindinhos com o meu.

A lembrança era demais para suportar junto com a agonia física. Meu corpo cedeu, meus joelhos dobrando enquanto eu desabava sobre o concreto ardente.

A última coisa que senti antes da inconsciência me reivindicar foi a mistura de pimenta queimando mais profundamente em minha pele enquanto a escuridão misericordiosamente me engolia por completo.