Capítulo 2: Filha do Ladrão

Meu coração disparou enquanto eu estava parada do lado de fora da porta de Kaelen. Corbin bateu com força antes de me empurrar para dentro.

"Ela está aqui, Alfa," ele anunciou, fechando a porta atrás de mim.

Entrei no caos. O quarto geralmente impecável de Kaelen parecia ter sido devastado por um furacão. Roupas estavam espalhadas pelo chão, gavetas puxadas para fora, e até mesmo o colchão estava parcialmente fora da cama. No meio da destruição estava Kaelen, seus olhos verdes ardendo de fúria quando pousaram em mim.

"Você!" ele rosnou, avançando. "Onde está?"

Dei instintivamente um passo para trás, minhas costas batendo na porta fechada. "Onde está o quê?"

"Não se faça de idiota!" Seu punho bateu na parede ao lado da minha cabeça, me fazendo estremecer. "O colar de diamantes que comprei para Lilith. Estava na gaveta de cima da minha cômoda ontem."

Minha mente corria. Eu tinha limpado o quarto dele ontem, mas não tinha visto nenhum colar. "E-eu não sei do que você está falando. Não peguei nada."

"Mentirosa!" Seu rosto estava a centímetros do meu, sua respiração quente contra minha pele. Seu cheiro—pinho e ar de inverno—inundou meus sentidos, desencadeando memórias indesejadas de quando esse cheiro significava segurança em vez de perigo. "Só você e Lilith estiveram no meu quarto ontem."

"Eu apenas limpei, Alfa. Juro que não toquei em nada valioso." Minha voz tremeu apesar dos meus esforços para manter a calma. "Eu não roubaria de você."

Kaelen agarrou meu braço, seus dedos cravando dolorosamente na minha carne enquanto me arrastava para dentro do quarto. "Então me ajude a encontrá-lo."

Olhei para a bagunça ao nosso redor. "Talvez tenha caído em algum lugar durante a limpeza?"

"Já procurei em todos os lugares!" Ele me soltou com um empurrão que me fez cambalear. "Aquele colar custou mais do que sua vida sem valor. Eu ia dá-lo para Lilith hoje à noite."

Claro. Outro presente luxuoso para Lilith enquanto minha mãe e eu mal tínhamos o suficiente para comer. A injustiça disso queimava em meu peito, mas afastei esse sentimento. Não era hora para amargura.

"Deixe-me ajudar a procurar," ofereci, já me ajoelhando para verificar debaixo da cama.

"Nem se incomode." Sua voz pingava desdém. "Se você o roubou, já o escondeu em algum lugar."

Levantei-me lentamente, a raiva finalmente rompendo meu medo. "Eu não roubei seu colar. Nunca roubei nada na minha vida."

"Tal pai, tal filha." As palavras de Kaelen cortaram mais fundo do que qualquer golpe físico. "Seu pai roubou desta matilha, traiu nossa confiança, e você está seguindo exatamente os passos dele."

"Meu pai é inocente!" As palavras explodiram antes que eu pudesse contê-las. Luna uivou sua aprovação em minha mente.

Por um momento, surpresa cintilou no rosto de Kaelen, rapidamente substituída por diversão zombeteira. "Ainda se apegando a essa ilusão? As evidências contra Silas Moon eram irrefutáveis."

"Evidências podem ser fabricadas," sussurrei, imediatamente me arrependendo da minha ousadia quando sua expressão escureceu.

Kaelen se moveu tão rápido que não consegui reagir. Sua mão fechou-se em volta da minha garganta, não apertando, mas enviando uma mensagem clara. "Cuide da sua língua, Ômega. Seu pai confessou seus crimes."

Depois de ser espancado por dias, eu queria dizer. Depois de ameaças contra sua família. Mas permaneci em silêncio, sabendo que a verdade só o enfureceria ainda mais.

Ele me soltou e virou-se, passando os dedos pelo cabelo escuro. "Você esteve aqui ontem à tarde. O colar estava na minha gaveta quando saí. Esta manhã, desapareceu."

"Lilith também esteve aqui," disse baixinho. "Você mesmo disse."

Kaelen girou, os olhos brilhando perigosamente. "O que você está insinuando?"

Engoli em seco. "Nada. Eu só... talvez ela o tenha movido? Ou talvez tenha caído e rolado para algum lugar?"

"Lilith não tocaria nas minhas coisas sem permissão." Seu tom não deixava espaço para argumentação. "Ao contrário de você, ela respeita limites."

A ironia era quase risível. Lilith vinha invadindo minha privacidade e roubando minhas coisas desde que tínhamos catorze anos. A pulseira de prata que meu pai me deu no meu aniversário, meus livros favoritos, até pequenas lembranças—tudo havia misteriosamente desaparecido depois que Lilith os admirou.

"Vou ajudá-lo a procurar novamente," ofereci, desesperada para dissipar sua raiva.

"Não quero sua ajuda. Quero minha propriedade de volta." Ele foi até o armário e puxou uma camisa limpa. "Você tem até o final do dia de hoje para me trazer esse colar."

"Mas eu não estou com ele!" O pânico agarrou minha garganta. "Como posso devolver algo que nunca peguei?"

"Dê um jeito." Ele puxou a camisa sobre a cabeça, músculos flexionando. "Ou sua mãe será quem pagará o preço."

Gelo inundou minhas veias. "Deixe minha mãe fora disso."

"Então encontre meu colar." Sua voz suavizou perigosamente. "É simples, Seraphina. Devolva o que roubou, e sua mãe mantém sua posição na cozinha."

Minhas mãos se fecharam em punhos. Nós dois sabíamos o que aconteceria se mamãe perdesse seu trabalho na cozinha. A equipe de limpeza do porão trabalhava em condições horríveis—os vapores deixaram vários Ômegas doentes no mês passado. Dois não se recuperaram.

"Isso não é justo," sussurrei.

"A vida não é justa." Kaelen pairou sobre mim novamente, e por uma fração de segundo, captei algo além da raiva em seus olhos—algo que parecia quase como dor. "Você já deveria ter aprendido isso a essa altura."

A lembrança de nós como crianças, prometendo sempre proteger um ao outro, passou pela minha mente. Quão longe havíamos caído daqueles dias inocentes.

"Você se lembra de quando éramos amigos?" A pergunta escapou antes que eu pudesse contê-la.

Ele enrijeceu, sua expressão se fechando. "Isso foi antes de eu saber que tipo de pessoa você realmente é."

"Você não me conhece mais."

"Conheço o suficiente." Ele recuou, criando distância entre nós. "Fim do dia, Seraphina. Ou o colar aparece, ou sua mãe sofre. Sua escolha."

Reconheci a dispensa e me movi em direção à porta, minha mente correndo. Eu tinha que encontrar aquele colar, mas como? Se Lilith o tinha pegado—e eu estava quase certa de que sim—ela nunca admitiria. Era a palavra dela contra a minha, e nesta matilha, não havia disputa sobre quem seria acreditado.

Quando minha mão tocou a maçaneta, a voz de Kaelen me deteve. "Por que você fez isso, Seraphina? Por que roubar de mim quando sabe as consequências?"

A genuína confusão em sua voz me fez virar. "Eu não roubei de você, Kaelen. Nem agora, nem nunca. E meu pai também não."

Algo cintilou em seus olhos—dúvida, talvez—antes de endurecer novamente. "Fim do dia," ele repetiu friamente.

Saí, fechando a porta atrás de mim, apenas para encontrar Jaxon, um dos guardas mais jovens, esperando no corredor. Sua expressão continha algo próximo à simpatia.

"Tudo bem?" ele perguntou, caindo no passo ao meu lado.

"Simplesmente perfeito," murmurei. "O Alfa Kaelen acha que roubei dele."

Jaxon fez uma careta. "Momento ruim."

"Por quê?"

"Porque Ronan Nightwing está procurando por você, e ele não parece feliz," disse ele, olhando nervosamente pelo corredor. "Ele está realmente furioso e exigindo por você."

Meu coração afundou. Dois Alfas irritados em uma manhã? O que eu tinha feito para merecer isso?

Mas eu já sabia a resposta: nasci uma Moon, filha de Silas, o bode expiatório da matilha. E na Matilha Lua Crescente Prateada, isso já era crime suficiente.